27 Novembro 2025
- O Papa visitará a Turquia e o Líbano naquela que será sua primeira viagem internacional.
- Embora essas visitas sejam herdadas dos desejos de Francisco, elas servirão para revelar detalhes de como será o pontificado de Robert Prevost e algumas facetas de sua personalidade.
- Esses são os pontos principais da primeira viagem internacional do primeiro papa peruano-americano.
A informação é publicada por Religión Digital, 27-11-2025.
O Papa Leão XIV visitará a Turquia e o Líbano entre 27 de novembro e 2 de dezembro, naquela que será sua primeira viagem internacional. Embora essas visitas sejam fruto de um desejo do Papa Francisco, que ele não pôde realizar antes de sua morte em 21 de abril, elas oferecerão informações sobre o próximo pontificado de Robert Prevost e alguns aspectos de sua personalidade.
Estes são os pontos principais da primeira viagem internacional do primeiro papa peruano-americano:
Uma mensagem de paz em tempos de guerra
O Papa Leão XIV se encontrará pela primeira vez com o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, figura que aspira a ser um interlocutor fundamental tanto em Gaza quanto na guerra na Ucrânia. Em seu discurso às autoridades turcas, o pontífice quase certamente fará referência às crises mundiais e à necessidade de diálogo para a paz.
Após sua eleição, Erdogan parabenizou o papa americano e declarou: "Estou sinceramente convencido de que o senhor dará uma contribuição significativa para o fim das tragédias humanas, especialmente em Gaza, e para o fortalecimento da tolerância internacional". Ele acrescentou: "Tenho plena confiança de que podemos continuar com o senhor o diálogo sincero e construtivo que estabelecemos com o Papa Francisco".
Além disso, Leão XIV chega ao Líbano enquanto Israel continua sua campanha de bombardeios contra o Hezbollah no sul do país, em ataques que afetaram inclusive as forças da missão de paz da ONU no sul do Líbano (Unifil), e embora seja improvável que ele se refira a essa crise, certamente aproveitará a oportunidade para apelar novamente pela paz e pelo desarmamento.
O 1.700º aniversário do Concílio de Niceia
Leão XIV viajará para Iznik, a antiga Niceia, onde em maio de 325, organizado pelo imperador romano Constantino, foi realizado o primeiro concílio da Igreja. Niceia marcou um ponto alto, pois cristãos do Oriente e do Ocidente se encontraram pela primeira vez e chegaram a um importante acordo teológico, do qual nasceu o atual "Credo" sobre a divindade de Deus e de seu filho, pondo fim aos arianos que não acreditavam na divindade de Jesus Cristo.
O Papa Silvestre I, que representava Roma, não pôde comparecer ao concílio devido à sua idade avançada e enviou dois emissários. Agora, 1.700 anos depois, o Bispo de Roma estará presente para se encontrar com os cristãos ortodoxos em uma nova reaproximação histórica. Eles discutirão a possibilidade, embora ainda distante, de uma data unificada para a celebração da Páscoa.
Leão XIV pela primeira vez em uma mesquita
Outro ponto alto desta viagem será o diálogo com o Islã e a sempre aguardada e amplamente divulgada visita papal a uma mesquita. Será a primeira vez que Leão XIV entrará em uma mesquita e a quarta vez que um papa o fará. A visita ocorrerá no sábado, 29 de novembro, na Mesquita Sultan Ahmed, também conhecida como Mesquita Azul, em Istambul, que já foi visitada por Francisco e Bento XVI.
Em 2006, Bento XVI entrou pela primeira vez na Mesquita Azul durante sua viagem à Turquia, um gesto que marcou um importante marco nas relações com o Islã e ajudou a amenizar as tensões após a crise desencadeada por seu discurso na Universidade de Regensburg. No entanto, essa visita também gerou controvérsia, pois o papa alemão, acompanhado do Grão-Mufti, "rezou" voltado para Meca, como fazem os muçulmanos. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, teve que esclarecer que Joseph Ratzinger havia se dedicado a "uma meditação interior dirigida a Deus". Em 2014, durante a quarta visita papal à Turquia, foi declarado que Francisco "teve um momento de reflexão" na mesquita.
A proteção das comunidades católicas no Oriente
Na Turquia, a população cristã é hoje mínima, pouco mais de algumas centenas de milhares em uma população total de 87 milhões. O Império Otomano massacrou centenas de milhares de cristãos, em sua maioria armênios, durante a Primeira Guerra Mundial. Leão XIV buscará um aliado no presidente turco Erdoğan para proteger as pequenas comunidades católicas e cristãs. O Papa visitará a igreja ortodoxa siríaca de Mor Efrem, a única igreja nova construída na Turquia nos últimos 100 anos.
O Líbano, no entanto, abriga uma população católica significativa, com seis comunidades distintas: além dos maronitas, que são maioria, há católicos latinos, católicos gregos, católicos siríacos, católicos caldeus e católicos armênios. Mas a diáspora e a crise econômica tornam impossível saber exatamente quantos católicos ainda permanecem no país, e é por isso que Leão XIV deseja trazer proximidade e esperança a um povo que sofreu muito nos últimos anos.
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