É hora de colocar os lobistas pra fora e os povos pra dentro

Ativistas fazem protesto, na Blue Zone da COP 30, exigindo a exclusão de grandes corporações e lobistas das negociações climáticas da COP 30. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mais Lidos

  • Legalidade, solidariedade: justiça. 'Uma cristologia que não é cruzada pelas cruzes da história torna-se retórica'. Discurso de Dom Domenico Battaglia

    LER MAIS
  • Estudo que atestava segurança de glifosato é despublicado após 25 anos

    LER MAIS
  • Momento gravíssimo: CNBB chama atenção para votação e julgamento sobre a tese do Marco Temporal

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

17 Novembro 2025

O contrassenso é brutal. Os lobistas fósseis superam a delegação das dez nações mais vulneráveis às mudanças climáticas somadas.

A opinião é de Patrícia Kalil, jornalista, em comentário publicado em sua página do Facebook, 14-11-2025.

Eis o artigo. 

A Blue Zone da COP30 é o centro do poder nas negociações climáticas, o espaço onde governos e observadores autorizados decidem o rumo do clima do planeta. É ali que se redigem acordos, metas e compromissos internacionais. É escandaloso saber que mais de 1.600 lobistas ligados ao petróleo, gás e carvão entram e saem pela porta giratória dessa área estratégica com total tranquilidade, circulando pelos corredores com crachás especiais, acesso livre e poder de influência.

Para verificar a quantidade de lobistas, a coalizão internacional Kick Big Polluters Out (acesse aqui) analisou linha por linha a lista oficial de participantes disponibilizada pela UNFCCC. O resultado é chocante: um em cada 25 participantes da COP30 é lobista de combustíveis fósseis. Eles são mais numerosos que as delegações de quase todos os países vulneráveis. Mais numerosos que as vozes jovens amazônidas que veem agora o avanço sobre seus territórios. Mais numerosos que as lideranças que defendem os rios, a floresta e o que ainda sustenta o equilíbrio neste planeta.

A pergunta é: por que esse espaço se abre para quem agrava a crise ambiental e não para quem realmente protege a floresta em pé e aos países mais afetados pelas mudanças do clima?

Foi notícia no mundo todo indígenas Tupinambá do Baixo Tapajós ocupando a entrada da Blue Zone para escancarar a falta de acesso, os Munduruku bloqueando a rua exigindo diálogo. Em suas faixas podemos ler “nosso território não está à venda”, denunciando a transformação do rio sagrado Tapajós em hidrovia e a nova frente de exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A mensagem é simples e clara: a Amazônia não é um lugar distante num mapa, é o centro do mundo, é território indígena, e a preservação das florestas tropicais no planeta precisa ser o coração das discussões.

O contrassenso é brutal. Os lobistas fósseis superam a delegação das dez nações mais vulneráveis às mudanças climáticas somadas. Centenas entraram não como setor privado, mas por meio de crachás cedidos por delegações oficiais, o que lhes garante acesso aos bastidores das decisões.

É hora de colocar os lobistas pra fora e os povos pra dentro.

Leia mais