31 Outubro 2025
A Igreja Católica precisa de coragem para experimentar: o teólogo Richard Hartmann defende um sacerdócio mais diverso. Em sua visão, também é necessário redefinir quem está autorizado a administrar os sacramentos.
A reportagem é publicada por Katholisch, 30-10-2025.
Segundo Richard Hartmann, teólogo pastoral de Fulda, a Igreja Católica precisa reaprender a estabelecer estruturas abertas "e não aplicar uma abordagem única para todos". O professor emérito explicou isso ao portal suíço "kath.ch" na quarta-feira. Seu conselho: experimente, reflita e estabeleça marcos legais.
Hartmann está convencido de que é necessária uma pluralização das formas de sacerdócio, "combinada com uma redução da carga de trabalho e integração social na comunidade de fiéis cristãos". A escassez de sacerdotes tem muito a ver com a crescente secularização da sociedade, mas também é agravada pelo "estreitamento espiritualista do ofício" e pelas exigências excessivas impostas aos sacerdotes como "gestores completos".
Com o objetivo de garantir o acesso mais amplo possível aos sacramentos, o teólogo defende uma mudança de mentalidade. A Eucaristia e a confissão tornaram-se cada vez mais ligadas ao clero ordenado no contexto da sacralização. Se os leigos assumirem papéis de liderança — o exemplo da Suíça demonstra que isso é possível —, torna-se necessário esclarecer como os sacramentos podem ser celebrados: "Na minha opinião, isso exige novas regras e formas, no que diz respeito à admissão de pessoas casadas, mulheres e também daqueles em posições de responsabilidade e ministros ordenados que exercem funções seculares. Os textos do Sínodo apontam na direção correta nesse sentido."
Novas formas de liderança
Segundo Hartmann, novas formas de liderança compartilhada e transparência comprometida são necessárias em relação a quem faz o quê, e com qual autoridade e competência. Não foi apenas o Papa Francisco que demonstrou que a liderança deve ser sinodal. Qualquer estrutura de liderança com apenas um líder corre o risco de abuso de poder e fica sobrecarregada pela diversidade de tarefas.
Em sua visão, o sacerdote do futuro poderia ser uma fonte espiritual de inspiração e motivação, e um construtor de pontes para a Igreja universal: "Ele pode ser um mediador competente e eloquente da tradição teológica, pode contribuir com seus carismas individuais e refletir o 'exterior' da graça de Deus no ministério sacramental."
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