20 Dezembro 2013
Uma reconsideração por parte da Igreja Católica sobre a moral sexual e a família é o que pedem 17 professores de teologia alemães. "Propomos uma avaliação totalmente nova da temática do matrimônio e da família, que não derive de uma realidade idealizada", afirmam.
A reportagem é do sítio Domradio.de, 17-12-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em uma declaração publicada por teólogos morais e pastorais na última terça-feira em Fulda, afirma-se que a Igreja deve abandonar uma tradição da teologia moral fixada no ato sexual e superar o desejo de emitir normas sobre tudo o que é "sexual".
A posição da Igreja em relação à contracepção artificial, segundo os teólogos, não é mais praticamente aceita. Eles declaram que tanto a linguagem das comunicações da Igreja quanto justificação da moral sexual com base na lei natural são incompreensíveis para a maioria das pessoas.
A opinião dos teólogos é que os católicos na Alemanha têm uma atitude positiva com relação ao ensino da Igreja sobre a indissolubilidade e a sacramentalidade do matrimônio.
A atitude negativa da Igreja com relação à contracepção, às relações homossexuais e aos divorciados em segunda união, contudo, obscurece cada vez mais os conteúdos positivos da doutrina eclesial.
Múltiplas formas de sexualidade
O anúncio da moral cristã não deve tratar a sexualidade apenas em referência ao casamento, mas também deve acolher "as múltiplas formas pelas quais se manifesta a sexualidade fora do matrimônio", continua a declaração. Muitas pessoas não acham compreensível que a Igreja lhes proponha apenas o celibato e o casamento como formas de vida legítimas. A maioria dos fiéis também mora junto antes da celebração do casamento.
"À luz do evangelho, é preciso verificar se outras formas de vida também podem ser libertadas do veredito do pecado", dizem os professores. É a sua resposta ao questionário enviado pelo Vaticano no início de novembro, em preparação ao Sínodo dos Bispos sobre a família de outubro de 2014. As Conferências Episcopais foram convidadas a recolher as opiniões dos cristãos sobre essas questões e a apresentar um resumo dos resultados até o fim de janeiro.
Em referência aos divorciados em segunda união, os professores se expressar a favor de uma atitude que mostre misericórdia. Eles louvam o discutido documento da arquidiocese de Friburgo, que "quer fazer com que a atitude de Jesus, profundamente humana e respeitosa, se torne coerentemente uma norma da preocupação da Igreja com os divorciados em segunda união".
A Igreja, dizem, deve se perguntar o quão exigentes devem ser as condições postas aos fiéis para poder receber os sacramentos. "Trata-se de uma decisão da Igreja que poderia decair, também em favor dos divorciados em segunda união que querem receber os sacramentos e participar ativamente da vida da comunidade".
Com referência à avaliação da homossexualidade, os estudiosos se expressam a favor de um sinal claro às pessoas do mesmo sexo que moram juntas. A Igreja deve dizer claramente que a lealdade, a confiança e a solidariedade não têm menos valor só porque são expressadas por lésbicas e homossexuais.
Mas eles consideram que isso não implica em uma decisão preliminar a favor de uma equiparação da sua forma de vida com o matrimônio.
Pedido semelhante do Comitê dos Leigos Católicos Alemães (ZdK)
Antes, o Comitê dos Leigos Católicos Alemães (ZdK) e posicionamentos de diversas dioceses católicas também haviam solicitado mudanças na moral sexual da Igreja. Falava-se principalmente de um grande abismo entre a doutrina e a vida cotidiana dos católicos.
A declaração foi preparada por membros da comunidade de trabalho dos teólogos morais alemães e da Conferência dos Teólogos e Teólogas Pastorais. Seus promotores foram o teólogo moral Rupert Scheule e o teólogo pastoral Richard Hartmann, ambos de Fulda. Também participaram, dentre outros, os professores eméritos Antonio Autiero (Münster), Johannes Gründel (Mainz), Hans Kramer (Bochum), Norbert Mette (Dortmund) e os professores Eberhard Schockenhoff (Friburgo), Martina Blasberg-Kuhnke (Osnabrück), Klaus Kiessling (Sankt Georgen) e Judith Könemann (Münster).
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