23 Setembro 2025
Após seu assassinato, o ativista político americano Charlie Kirk continua a gerar discussões. Dom Stefan Oster vê em seu funeral um “show político pseudorreligioso”. O teólogo Christian Bauer fala de uma “blasfêmia herética”.
A informação é publicada por Katolisch.de, 23-09-2025.
Em um comunicado contundente, o bispo de Passau, d. Stefan Oster, criticou o funeral de Charlie Kirk. Em uma postagem de blog nesta terça-feira, Oster classificou o evento como um "show político pseudorreligioso", para o qual Donald Trump teria instrumentalizado a morte de Kirk. Trump “expressou de forma ostensiva seu ódio contra o adversário político – embora a viúva de Charlie Kirk tenha pedido perdão e perdoado o assassino de seu marido”. E acrescentou: “O poder político que enche o adversário de ódio é uma armadilha para nós, cristãos”.
Segundo o bispo de Passau, é "muito difícil de entender" como Kirk, sendo um "homem inteligente e de fé", pôde ter se alinhado a Trump e ao seu movimento MAGA. “O tratamento de Trump com a verdade, com pessoas em desvantagem, com mulheres e com adversários políticos é amplamente conhecido. Seus discursos são muitas vezes cheios de desprezo pelos outros”.
Oster alertou para o perigo "não insignificante" de que círculos cristãos conservadores na Alemanha se desviem politicamente para a direita. “Também existem forças políticas aqui que – às vezes em nome da fé – buscam a proximidade com Trump ou desejam imitar seu estilo político.” Os cristãos não devem dar espaço ao ódio e ao desprezo. “Se queremos fazer algo de bom por Donald Trump, então que seja por meio da oração por ele – por uma conversão de seu coração. E, definitivamente, não para que este estilo político tenha sucesso!”
O teólogo Christian Bauer declarou ter achado "muito estranho" a forma como "a inegável tragédia, o crime do assassinato de Charlie Kirk" foi instrumentalizada em seu funeral.
O bispo expressou a esperança de que "finalmente mais pessoas tenham entendido" que o presidente dos EUA "só se preocupa com a fé quando pode usá-la para si mesmo". Isso, no entanto, é "exatamente o oposto da vida cristã".
Oster adicionou um aviso aos católicos liberais. Eles correm o risco de deslizar para a esquerda "sem perceber os limites". Assim como a xenofobia e o pensamento nacionalista na direita representam esses limites, na esquerda, a minimização do aborto, a eutanásia como modelo de negócio "e algumas aberrações da política de gênero" também são.
O bispo de Mainz, d. Peter Kohlgraf, descreveu o funeral de Kirk como estranho. É impressionante quando a viúva de Kirk fala sobre perdoar, disse Kohlgraf nesta terça-feira em Fulda. "Mas quando o presidente americano diz que não concorda e odeia seus inimigos, essa é uma mensagem que não consigo imaginar que seja compartilhada pelos bispos na Alemanha".
"Blasfêmia herética, identificar um racista com Jesus"
O teólogo de Münster, Christian Bauer, também criticou a cerimônia em memória de Kirk como um "abuso político de uma tragédia". Ele disse ao portal online da igreja Kirche und Leben nesta terça-feira que achou "muito estranho" a forma como "a inegável tragédia, o crime do assassinato de Charlie Kirk, foi instrumentalizada".
Segundo ele, Charlie Kirk, racista, está sendo indevidamente exaltado de forma religiosa. Ele era convicto da superioridade branca e atuava como nacionalista cristão e ativista antitransgênero. "Existem declarações claras dele. Isso não tem nada a ver com o evangelho cristão", disse Bauer. As comparações de Kirk com o apóstolo Paulo ou com Moisés são "teologicamente muito problemáticas", explicou o teólogo.
"O auge para mim foi quando alguém disse que Charlie Kirk 'morreu por todos nós'". Isso se refere a Jesus na cruz: "É uma blasfêmia herética identificar um racista com Jesus. Não há nenhuma base teológica para tais comparações".
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