16 Setembro 2025
- Após o discurso enviado pelo Vaticano que o Papa leu ontem de manhã aos bispos recém-ordenados, a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou a troca informal de impressões e as perguntas que Leão XIV teve com os 192 pastores que o acompanharam.
- Leão XIV afirmou que “respostas prontas, aprendidas há 25 anos no seminário, não são suficientes”. Ele convocou os novos bispos a serem "discípulos perseverantes, sem medo diante da primeira dificuldade, pastores próximos do povo e dos sacerdotes, misericordiosos e firmes, mesmo quando se trata de julgar, capazes de ouvir e dialogar, não apenas de dar sermões".
A informação é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 12-09-2025.
Após o discurso que o Papa Leão XIV leu ontem, 11 de setembro, para os bispos recém-ordenados na Sala do Sínodo, a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou hoje o intercâmbio de ideias e perguntas que o pontífice teve de maneira mais informal com os 192 pastores presentes. A conversa abordou questões que eles enfrentam "no início de um novo ministério, como medos, o sentimento de indignidade e as diferentes expectativas que cada um tinha sobre sua vida antes da chamada", entre outros assuntos.
O Papa Prevost começou a conversa ressaltando o valor da experiência pastoral e humana adquirida em uma igreja local. De acordo com o comunicado, ele "falou do valor do testemunho e da capacidade de renovar o contato com o mundo para responder às perguntas que os homens e mulheres de hoje fazem sobre o sentido da vida e do mal no mundo".
Nesse sentido, Leão XIV afirmou que "respostas prontas, aprendidas há 25 anos no seminário, não são suficientes". Ele incentivou os novos bispos a serem "discípulos perseverantes, sem medo diante da primeira dificuldade, pastores próximos das pessoas e dos sacerdotes, misericordiosos e firmes, mesmo ao julgar, e capazes de ouvir e dialogar, não apenas de dar sermões", acrescenta a nota.
Ele também se referiu à sinodalidade não apenas como um método pastoral, mas como "um estilo de Igreja, de escuta e de busca comum pela missão à qual somos chamados". Leão XIV os convidou a "ser construtores de pontes", a valorizar o papel e a integração dos leigos na vida da Igreja e a servir à paz "desarmada e desarmadora", porque "a paz é um desafio para todos!"
O tratamento dos abusos e o uso de mídias sociais
Antes de responder às perguntas, o Papa Leão XIV exortou os novos bispos a abordar prontamente as questões relacionadas a "comportamentos inadequados do clero". Ele destacou: "Não podem ser guardadas em uma gaveta; devem ser tratadas com misericórdia e verdadeira justiça, tanto para as vítimas quanto para os acusados".
Em resposta às perguntas, o Papa pediu prudência no uso das mídias sociais, onde existe o risco de que "cada um se sinta autorizado a dizer o que quiser, até mesmo coisas falsas". Ele acrescentou: "Há momentos em que alcançar a verdade é doloroso", mas necessário. Segundo a nota do Vaticano, é útil se deixar ajudar por profissionais de comunicação. O Papa resumiu seu pensamento sobre o assunto: "Calma, uma boa cabeça e a ajuda de um profissional".
Falando sobre os desafios de cada novo ministério, o Papa Leão também abordou o que significa para ele. Ele os exortou a confiar na graça de Deus e na graça do estado, a reconhecer seus próprios dons e limites, e a sua necessidade da ajuda dos outros, talvez buscando a experiência de um bom bispo emérito. Ele também advertiu contra a tentação de formar um grupo próprio e se fechar nele.
Diálogo, formação e o papel dos leigos
O Papa reiterou a necessidade de construir pontes e buscar o diálogo, mesmo onde os cristãos são minoria, com "autêntico respeito pelas pessoas de outras tradições religiosas", especialmente através do testemunho do amor e da misericórdia cristã. Ele lembrou a frase: "Por como vocês se amam, eles os reconhecerão".
Sobre a formação nos seminários, ele "exortou a acolher os que vêm, a acolher as vocações, pedindo, no entanto, que cada um seja acompanhado para descobrir outras dimensões do Evangelho e da vida cristã e missionária". Ao falar sobre a missão, ele "sugeriu também confiar nos leigos autenticamente missionários presentes nos movimentos, que podem ser uma esperança para a igreja local".
Leão XIV também os incentivou a promover em sua pastoral a questão das crises ambientais, afirmando que nesse tema importante "a Igreja estará presente", desde que outras questões contrárias à antropologia cristã não se misturem a isso.
A reunião também discutiu as relações entre os diferentes organismos da Igreja, o processo de nomeação dos bispos, as múltiplas crises no mundo e a necessidade de compartilhá-las e enfrentá-las juntos, além do valor da presença do bispo, que deve estar próximo do sofrimento. O comunicado também mencionou uma conversa sobre os jovens, especialmente na Europa, após o recente Jubileu, suas demandas por comunhão e oração, e sua sede por uma vida espiritual que não conseguiram satisfazer nem no mundo virtual nem "nas experiências típicas das nossas paróquias".
O encontro terminou com a bênção do Papa aos novos bispos, a quem ele cumprimentou um a um.
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