07 Julho 2025
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 07-07-2025.
A partir deste domingo, 07-07-2025, e até o próximo dia 20 de julho, o Papa Leão XIV desfrutará de um período de férias em Castel Gandolfo, onde retornará de 15 a 17 de agosto. Durante este mês de julho, as audiências estão suspensas e praticamente não haverá atividade papal, exceto o Angelus ou celebrações como a desta quarta-feira, na qual o Papa "inaugurará" a Missa pelo Cuidado da Criação.
De acordo com a agenda vaticana, o Papa presidirá a Eucaristia neste domingo, e repetirá no próximo dia 20, junto com o Angelus. No entanto, a estadia de verão de Prevost na residência papal, localizada a 25 quilômetros do Vaticano, não será apenas um período de descanso para o Papa. Quais serão os "deveres" de Leão XIV em Castel Gandolfo?
Ao longo destas duas semanas, Prevost dedicará tempo ao descanso, ao esporte e a fugir do "ferragosto" do julho romano. No entanto, ele também se dedicará a lançar as bases do que será sua primeira encíclica. O texto, que poderá ser publicado em setembro, estará certamente dedicado ao mundo do trabalho, às novas formas de escravidão e ao impacto da Inteligência Artificial. O Papa já estaria trabalhando nisso, com uma equipe de colaboradores, tomando como base a Rerum Novarum de Leão XIII. Este será um texto programático, que marcará a "folha de rota" deste pontificado.
Um pontificado que, ao longo destes dois meses (completa-se amanhã), parece estar marcado pela busca da unidade, pelo desejo de curar feridas e encontrar um caminho para a continuidade com os grandes eixos do pontificado de Francisco (a luta contra a uniformidade, a preocupação com a iminente Terceira Guerra Mundial em pedaços, a aposta decidida pela sinodalidade ou o trabalho com as vítimas de abusos – não apenas de menores – na Igreja). Tudo isso sem renunciar a um estilo próprio, mais sóbrio, mais cuidadoso com a liturgia, mas sem deixar de lado o caminho já avançado.
Prova disso foi o anúncio do Cardeal Fernández sobre a vigência de Fiducia Supplicans e as respostas do porta-voz vaticano, Matteo Bruni, diante das tentativas de desestabilizar decisões como a do controle às missas pré-conciliares. Embora seja verdade que os mesmos que tentaram impedir, por todos os meios, que Prevost fosse eleito, agora tendem a querer ditar o seu ritmo.
Além da escrita, Leão XIV também terá tempo para traçar sua agenda de viagens internacionais. À já anunciada (mas não confirmada) visita a Niceia, o Papa poderia somar a esperada viagem à Argentina, que Francisco não conseguiu realizar. Essa viagem poderia se transformar em uma turnê latino-americana que, no mínimo, o levaria ao Peru, sem descartar Uruguai ou Chile.
Prevost também recebeu um convite para visitar os Estados Unidos, embora pareça pouco provável que essa seja uma prioridade do novo Papa. Uma visita à Espanha também está pendente e não parece que ocorrerá em 2025. Outra possibilidade seria 2026, com uma provável beatificação de Antoni Gaudí na Sagrada Família, ou 2027, por ocasião de um novo Ano Xacobeo. Por enquanto, o Papa já designou o novo responsável pelas viagens papais, o mexicano José Salas Castañeda.
O verão será, sem dúvida, uma ótima oportunidade para Leão XIV definir sua equipe de colaboradores. Como de costume (e Francisco também o fez), o Papa geralmente confirma todos os cargos da Cúria em seus postos após sua nomeação. É depois de alguns meses, ao conhecer a realidade do Vaticano, que as mudanças são feitas. Diferentemente de Bergoglio, Prevost conhece perfeitamente o dia a dia da Santa Sé, tendo sido prefeito do Dicastério para os Bispos. Este posto, vago desde sua nomeação e de grande relevância para o presente e o futuro da Igreja, deve ser um dos primeiros a ser preenchido, após algumas substituições por questões de idade em cargos como a Pontifícia Academia para a Vida ou a Comissão para a Tutela dos Menores.
Haverá mudanças no C9, mas, sobretudo, em alguns cargos importantes da Cúria, começando pela Secretaria de Estado, onde seria estranho que Parolin permanecesse no posto. Também é forte o rumor da saída do "número três", Edgar Peña Parra, que alguns apontam como núncio na Espanha. Tudo indica que Leão continuará contando com Tagle ou Fernández, enquanto mudanças são esperadas em dicastérios como o do Clero (hoje dirigido por Lazzaro You Heung-sik), Igrejas Orientais (atualmente com Gugerotti) ou o Serviço para o Desenvolvimento Humano Integral (hoje dirigido por Czerny). Salvo surpresas, essas mudanças serão vistas depois do verão.