A Flotilha promete continuar a sua missão após o ataque: “O povo palestino nunca se rende e nós também não”

Foto: Aniol/Wikimedia Commons

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10 Setembro 2025

Tripulantes de uma das embarcações da iniciativa humanitária denunciam que foram atingidos pelo que suspeitam ser um drone em um porto tunisiano.

A informação é publicada por elDiario.es, 09-09-2025. 

Membros da iniciativa humanitária Flotilha Global Sumud (GSF), que partiu de Barcelona em direção a Gaza na semana passada, prometem que continuarão a sua missão depois de um de seus barcos ter sido atingido por um objeto em chamas no porto tunisiano de Sidi Bou Said (costa nordeste), que eles denunciam ser um drone. Os ativistas afirmam que estão se preparando para zarpar de Tunes, “aguardando as últimas verificações mecânicas, avaliações meteorológicas e a disponibilidade dos participantes”.

“O povo palestino nunca se rende, e nós também não nos renderemos. Continuamos com nossa missão de romper o cerco, de criar um corredor humanitário, e sabemos que temos o mundo conosco”, disse o ativista Thiago Ávila em uma declaração à mídia em Tunes, ao lado de vários colegas e em meio a gritos de “free Palestine [Palestina livre]” por parte dos presentes.

“Eles têm os drones, eles têm a violência, eles têm as armas. Nós temos todo o resto. Temos a história do nosso lado, que demonstra que quando um povo vive a colonização e se mobiliza e se manifesta, unindo o mundo em solidariedade, não pode ser dissuadido. Não pode ser derrotado. Por isso, permanecemos unidos e firmes”, acrescentou Ávila, que é um dos membros do grupo de coordenação da Flotilha Global Sumud, cujo objetivo é tentar romper o bloqueio israelense à ajuda que sufoca a Faixa de Gaza. “Sabemos que temos o direito internacional do nosso lado, porque as resoluções provisórias da Corte Internacional de Justiça proíbem qualquer nação de impedir que a ajuda humanitária chegue a Gaza. Por isso, continuamos a fazer o que é correto.”

Thiago Ávila especificou que, durante os 17 anos em que a iniciativa tem tentado romper o bloqueio israelense ao enclave palestino, outros 37 barcos foram “interceptados ou atacados”. “Por isso, é muito importante que entendamos que, cada vez que as pessoas nos perguntam se uma missão como a nossa continuará, nunca nos esquecemos da razão pela qual estamos aqui. Não estamos aqui por nós. Nós não somos os protagonistas, os protagonistas são os palestinos de Gaza.”

“Eu saí e vi um drone sobrevoando”

Os tripulantes da embarcação 'Familiar', que transportava membros do Comitê Diretor da GSF, denunciaram nesta terça-feira que foram atingidos pelo que suspeitam ser um drone. Os passageiros estão a salvo. O momento em que a embarcação foi atingida por um objeto em chamas foi capturado por suas câmeras de segurança.

As autoridades tunisianas emitiram um comunicado negando a existência de “um drone” que supostamente atacou uma das grandes embarcações da Flotilha Sumud e disseram que o incêndio foi causado pela “explosão de um isqueiro ou uma ponta de cigarro”. No entanto, minutos depois, a flotilha publicou em suas redes sociais um vídeo que mostra que o chamado 'Family boat' foi atingido “de cima”. As imagens em preto e branco mostram como uma espécie de bola de fogo cai do alto e atinge a embarcação, provocando um clarão de luz e, posteriormente, um incêndio.

“Foi um ataque vergonhoso, mas não nos deterá”, disse o ativista português Miguel Duarte, que contou que na noite passada estava na parte de trás do convés da embarcação quando ouviu “um drone”. “Eu saí e vi um drone sobrevoando a uns três ou quatro metros acima da minha cabeça”, relatou. “Chamei meus companheiros de tripulação. Dois de nós ficamos lá, com o drone exatamente a três ou quatro metros acima de nossas cabeças.”

“Então vimos o drone se deslocar para a parte dianteira do convés. Ele ficou alguns segundos sobre uma pilha de coletes salva-vidas e, em seguida, lançou uma bomba”, disse. “A bomba explodiu e houve uma grande labareda, imediatamente ocorreu um incêndio a bordo. Pegamos os extintores, conseguimos apagar o fogo e, felizmente, todo mundo saiu ileso.”

Na coletiva de imprensa estava presente Francesca Albanese, relatora especial da ONU sobre os territórios palestinos ocupados, que se dirigiu aos membros da Flotilha. “Foi uma noite muito tensa para todos vocês e eu realmente quero encorajá-los a agir com cautela em cada passo, em cada remada, em cada mudança de vento.”

“No momento em que vocês se embarcam nisso, no momento em que servem a uma causa de direitos humanos, vocês já não pertencem a si mesmos. Não se trata da afiliação política de vocês. Não se trata da religião de vocês. Não se trata de suas convicções pessoais, não se trata de seus egos”, prosseguiu. “Por favor, por favor, ajam com moderação em cada passo e tenham em mente que cada passo em falso se voltará contra todos os que os rodeiam e, em última análise, contra os palestinos.”

Atacada uma embarcação da Flotilha rumo a Gaza no porto de Tunes

“Só espero que a tensão da noite passada não atrase a missão de vocês, não altere a determinação de vocês de ir e que mantenha o espírito tranquilo, pacífico e decidido de navegar e chegar a Gaza e romper o cerco. Confio que vocês conseguirão. E se não conseguirem, será apenas uma questão de tempo. Não será amanhã, será depois de amanhã”, concluiu Albanese.

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