A maior flotilha de todos os tempos está pronta para zarpar rumo à Palestina

Foto: Free Gaza Movement | Flirck CC

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

29 Agosto 2025

Dezenas de barcos partindo, tripulações de 44 países a bordo, uma lista de espera de mais de 30 mil pessoas prontas para embarcar para romper o cerco à Faixa.

A informação é de Alessia Candito, publicada por La Repubblica, 28-08-2025.

Dezenas de barcos partindo, tripulações de 44 países, uma lista de espera de mais de 30.000 pessoas prontas para embarcar e zarpar rumo a Gaza. Esta é a Flotilha Global Sumud, "a maior missão cívica naval de todos os tempos", com o objetivo de levantar o cerco à Faixa de Gaza , devastada pela fome, e abrir um canal humanitário permanente.

Por mar, tentativas têm sido feitas há dezoito anos, mas apenas uma vez o bloqueio naval imposto por Israel foi rompido e, desde 7 de outubro, a entrada na Faixa, incluindo a de trabalhadores humanitários, tem sido restringida, impedida ou suspensa.

Mas Sumud em árabe significa perseverança, resiliência, resistência, fé inabalável. E a participação no projeto, nascido das jornadas da Flotilha da Liberdade, um movimento histórico que tenta chegar a Gaza por mar; da Marcha Global para Gaza; e do Comboio Maghreb Sumud, que tentou chegar a Gaza por terra este ano; e do Sumud Nusantara, o grupo do Sudeste Asiático patrocinado pelo primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim, "superou todas as expectativas", afirmam os organizadores.

A partida está a poucos dias de distância. Em 31 de agosto, os primeiros barcos partirão de Gênova e Barcelona; em 4 de setembro, o restante da frota partirá da Sicília, Tunísia e Grécia. Com exceção de alguns carregados com ajuda humanitária, trata-se de pequenos barcos de recreio, a maioria veleiros. "Não queremos que ninguém nos interprete ou descreva como uma ameaça", explica a porta-voz italiana Maria Elena Delia.

Números precisos? Não há números exatos no momento. Primeiro, por razões de segurança. No passado, barcos com destino a Gaza foram sabotados ou ficaram repentinamente sem bandeira. Segundo, muitos ainda pedem para se juntar e acompanhar a missão, mesmo que seja apenas por um trecho do caminho.

De rostos conhecidos como a ex-prefeita de Barcelona, ​​Ada Colau, e a ecoativista Greta Thunberg, que foi presa e expulsa de Israel meses atrás, a voluntários comuns: haverá pessoas de todos os tipos a bordo. As tripulações, explicam os organizadores, serão cuidadosamente misturadas, para que ninguém fique "mais fraco" em termos de passaporte e nacionalidade.

A diplomacia e as relações internacionais de poder são provavelmente a principal arena em que o desafio da Flotilha está sendo jogado. Os riscos estão lá, todos sabem. Al Damir, o veleiro que tentou chegar à Faixa por mar em maio, foi atingido por dois drones militares e quase afundou na costa de Malta. O Madleen e o Handala, que tentaram chegar à Faixa nos meses seguintes, foram interceptados e parados em águas internacionais. As tripulações — incluindo eurodeputados como Rima Hassan a bordo — foram presas, mantidas por vários dias e depois expulsas com uma proibição de entrada de um século. Em 2010, no entanto, a missão terminou em derramamento de sangue: as IDF atacaram o Mavi Marmara e abriram fogo. Dez pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas no convés.

"Sabemos que o risco existe", reconhece Delia, "mas não podemos permanecer inativos diante do que está acontecendo em Gaza". Os números também podem ter um papel: interceptar tantos barcos e pessoas pode ser complicado, mesmo para Israel. "Os direitos e convenções internacionais estão do nosso lado", diz Delia, "mas cabe aos governos nos proteger".

A ANPI solicitou formal e publicamente isso à Itália, mas até agora o apelo não foi atendido. Em terra, porém, muitos responderam aos apelos de apoio e solidariedade. Eles se aliaram à Flotilha Global Sumud, à CGIL e à USB, e artistas, atores, historiadores, intelectuais e figuras conhecidas se mobilizaram, incluindo Zerocalcare, Alessandro Gassman, Claudio Santamaria, Subsonica, Alessandro Barbero, Laika, Elisa, Fiorella Mannoia e Assalti Frontali. Mas, acima de tudo, as pessoas comuns se mobilizaram: em Gênova, a campanha que visa arrecadar 45 toneladas de ajuda humanitária até 29 de agosto já atingiu sua meta. "Conseguiremos transportar mais que o dobro dessa quantidade."

Leia mais