01 Julho 2025
“O clima é a nossa maior guerra. O clima estará aqui pelos próximos 100 anos. Precisamos nos concentrar e não permitir que essas [outras] guerras desviem nossa atenção da luta maior que precisamos travar.” O alerta da CEO da COP30, Ana Toni, feito ao Guardian, mostra sua preocupação e dá a tônica dos desafios para a conferência que acontece em novembro. A apenas quatro meses da cúpula, a resposta mundial à crise climática está no limbo. Menos de 30 dos quase 200 países que estarão em Belém elaboraram suas novas metas climáticas.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 01-07-2025.
O comando brasileiro da COP30 reforçou o pedido aos governos para que apresentem suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) sob o Acordo de Paris até setembro (o prazo original era fevereiro, é bom lembrar) para que a ONU possa avaliá-las antes da Conferência em Belém (PA).
“Estamos muito longe de onde precisamos chegar, mesmo em termos de quantidade de NDCs, sem falar em quão ambiciosas (elas são) e em sua qualidade”, disse Ana Toni. “Não acho que haja desculpa [para os países]. Esperamos NDCs aprimoradas, tanto em termos de ambição quanto de qualidade.”
Em entrevista à CNN Brasil, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, reafirmou a necessidade de encontrar meios para que a floresta preservada passe a valer mais do que o desmatamento para as atividades econômicas. Uma dessas estratégias é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que avançou durante a Semana de Ação Climática de Londres em seu objetivo de criar um novo mecanismo para conservar as florestas tropicais do planeta, com países já garantindo aporte de recursos no fundo.
Para o embaixador, a COP30 será um momento estratégico para reunir países que tiveram êxito através do combate às mudanças climáticas e promoveram mudanças positivas para a população. “Vamos perguntar para todo mundo quais são os obstáculos, as soluções, as experiências. E o setor privado, as prefeituras, as universidades, todo mundo vai participar desse esforço.”
Novidade criada pela COP30, o Balanço Ético Global teve seu primeiro diálogo autogestionado em Londres na semana passada. O objetivo é que os encontros auto-organizados se repliquem pelo mundo e criem uma onda de estímulo à ação climática para frear o aumento médio da temperatura a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais e implementar os acordos firmados na última década, desde a assinatura do Acordo de Paris.
Elisa Morgera, relatora especial da ONU sobre Direitos Humanos e mudanças climáticas, está pedindo penalidades criminais contra quem dissemina desinformação sobre a crise climática e uma proibição total do lobby e da publicidade da indústria de combustíveis fósseis, como parte de uma reformulação radical para proteger os Direitos Humanos e conter a catástrofe planetária, destacou o Guardian. Ela argumenta que Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e outras nações ricas em combustíveis fósseis são legalmente obrigados, segundo o Direito Internacional, a eliminar completamente o petróleo, o gás e o carvão até 2030 — e compensar as comunidades pelos danos causados.
Em outra frente, Maira Martini, CEO da Transparência Internacional, e Jeni Miller, diretora executiva da Global Climate and Health Alliance, alertam que as COPs climáticas continuam alarmantemente expostas a lobistas da indústria fóssil. “A presidência brasileira da COP30, que expressou preocupações com a interferência dos combustíveis fósseis, planeja liderar um Balanço Ético Global dos processos da COP e lançou quatro Círculos de Apoio, incluindo um focado na governança climática. Às vésperas da cúpula do clima em novembro, esta oportunidade de reformar a tomada de decisões sobre a ação climática global não deve ser desperdiçada”, reforçaram, em artigo no Climate Home.