27 Junho 2025
Sob pressão de delegações e observadores, representantes brasileiros reforçam que a próxima Conferência do Clima acontecerá na capital paraense.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 26-06-2025.
O Brasil enfrentou forte pressão internacional em Bonn para reduzir os custos de hospedagem em Belém (PA). Além de reclamações de delegações que ainda não conseguiram reservar acomodações a preços acessíveis, relatos indicam que valores elevados podem impedir a participação de delegações – principalmente as de países pobres, criando um processo de exclusão nas negociações.
No entanto, para a diretora-executiva e CEO da COP30, Ana Toni, a Conferência acontecerá na capital paraense. Ela destacou que o governo federal está tomando medidas para conseguir reduzir o preço das hospedagens e que a cidade estará pronta para receber os participantes da COP em novembro.
“Entendemos perfeitamente que ter uma COP em um lugar muito diferente, no meio da Amazônia, em uma cidade menor, está deixando muitas pessoas muito ansiosas com a logística. [Mas] não há discussão sobre realizá-la em qualquer outro lugar”, disse Toni à AFP.
“A preocupação que permanece, até onde eu entendo, é o custo da acomodação e não a logística em geral. É o setor privado, não é algo que o governo controla, mas o governo brasileiro está tomando medidas para garantir que os preços das acomodações sejam controlados”, acrescentou.
As garantias do governo brasileiro ainda não acalmaram negociadores e observadores. Como O Globo destacou, o problema da carestia nas hospedagens gerou debates acalorados nas conversas em Bonn, com representantes internacionais pressionando o Brasil pela redução dos preços.
Muitas delegações, inclusive de países grandes, devem ser reduzidas na COP30 se não houver uma normalização. Já as representações de países pobres e de organizações da sociedade civil podem até mesmo ficar inviáveis, já que os custos de hospedagem estão muito acima do normal para elas.
Se a hospedagem ainda é um problema, o espaço oficial de negociação deverá estar pronto para receber os negociadores bem antes de novembro. A Folha informou que o Parque da Cidade, onde serão instaladas as zonas azul (acesso restrito) e verde (pública) da COP30, está com mais de 90% das obras concluídas e deve ser entregue à ONU para a montagem das instalações da Conferência a partir de 1º de agosto.
Enquanto isso, o Valor detalhou como ativistas e ambientalistas estão se organizando para diversas mobilizações dentro e fora do espaço oficial da COP30 em novembro. Para a sociedade civil, a Conferência de Belém é um bálsamo de participação pública depois de uma sequência de três COPs realizadas em países autoritários (COP27 no Egito, COP28 nos Emirados Árabes, e COP29 no Azerbaijão).
“Tem uma expectativa muito grande de que em Belém, não apenas no espaço oficial da ONU, a cidade toda seja palco de debates, marchas, contestação, colaborações. Esperamos que não haja repressão ou violência porque esse ambiente já aconteceu no G20, no ano passado, e mostrou que é possível conviver muito bem com o espaço de negociação e os espaços em que as pessoas estão apresentando os seus questionamentos. Num regime democrático, é saudável que isso possa acontecer”, disse Henrique Botelho, diretor-executivo da Associação Brasileira de ONGs (ABONG).
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