04 Junho 2025
Em meio à repressão do governo Trump aos vistos para estudantes estrangeiros, várias universidades católicas contatadas pela OSV News disseram que estão buscando ativamente apoiar os alunos afetados.
A informação é de Gina Christian, publicada por OSV News e reproduzida por America, 02-06-2025.
“Nossos estudantes e acadêmicos internacionais, assim como suas famílias, são membros importantes e vitais da nossa comunidade universitária, e continuaremos trabalhando para garantir que sejam bem-vindos e apoiados em Notre Dame”, afirmou a Universidade de Notre Dame em um comunicado por e-mail à OSV News em 29 de maio.
“Estamos extremamente preocupados e incomodados com o fato de que o Departamento de Estado tenha decidido interromper as entrevistas necessárias para que estudantes internacionais obtenham vistos durante este período crucial de admissão das nossas novas turmas, criando incerteza para nossos alunos internacionais e para o nosso processo seletivo”, disse a Universidade de Santa Clara em um comunicado em 30 de maio à OSV News, acrescentando que a escola “continua apoiando os estudantes internacionais recém-admitidos e os atuais durante esse processo”.
Após revogar, em 22 de maio, a autorização da Universidade de Harvard para aceitar estudantes estrangeiros — decisão que está sendo contestada judicialmente, enquanto o Departamento de Segurança Interna deu à instituição 30 dias para provar que cumpre os requisitos do programa de vistos —, o governo Trump ordenou que embaixadas dos EUA em todo o mundo suspendessem novas entrevistas para concessão de vistos estudantis, observando ainda que o rastreamento em redes sociais dos candidatos seria ampliado. Entrevistas já agendadas continuarão, mas novas solicitações não serão consideradas.
A CBS News informou ter tido acesso a uma cópia do comunicado de 27 de maio do secretário de Estado Marco Rubio, que indicou que as medidas permanecerão em vigor “até que novas orientações sejam emitidas”.
Em uma declaração de 28 de maio, Rubio afirmou que o Departamento de Estado faria parceria com o Departamento de Segurança Interna “para revogar agressivamente os vistos de estudantes chineses, incluindo aqueles com ligações com o PCC ou que estejam estudando em áreas sensíveis”.
“Também revisaremos os critérios de visto para aumentar o rigor na análise de todos os futuros pedidos vindos da República Popular da China e de Hong Kong”, afirmou Rubio.
Durante o ano acadêmico de 2023-2024, havia mais de 1,1 milhão de estudantes estrangeiros nos Estados Unidos e — segundo a NAFSA, associação sem fins lucrativos de educadores internacionais — eles injetaram US$ 43,8 bilhões na economia do país.
Em muitos casos, especialmente em grandes universidades de pesquisa, estudantes internacionais pagam mensalidades mais altas, segundo o Conselho Americano de Educação.
A Universidade Fordham — que conta com mais de 1.800 estudantes internacionais entre seus 17 mil alunos — criou uma página online com informações detalhadas para aqueles afetados pelas novas políticas do governo sobre imigração, pesquisa, auxílio financeiro e outras questões.
A página orienta alunos, professores e funcionários que estejam sob risco de prisão, detenção ou deportação a entrarem em contato com o departamento de segurança da universidade, que os conectará aos recursos disponíveis na instituição.
“Se necessário, Fordham oferecerá apoio, inclusive colocando você em contato com uma consultoria jurídica pro bono” — ou seja, uma sessão inicial gratuita com um advogado — “para ajudar a avaliar qualquer emergência”, informa a página.
A universidade incentivou estudantes, professores e funcionários internacionais a portarem consigo passaporte, carimbo de visto, certificados de status de não imigrante “e quaisquer outros documentos relevantes”.
Sobre os “estudantes indocumentados”, Fordham declarou que “desde 1841, mantemos a fé com a visão de dom John Hughes, que fundou Fordham para servir aos imigrantes e suas famílias”, referindo-se ao prelado irlandês nascido no século XIX — apelidado de “Dagger John” — que, além de fundar a escola, liderou a Arquidiocese de Nova York. A universidade incluiu um link para uma página separada com recursos voltados aos estudantes do DACA (Ação Diferida para Chegadas na Infância), jovens que chegaram aos EUA sem status legal e hoje são adultos.
Fordham também especifica os protocolos para lidar com abordagens de agentes da lei, orientando as pessoas a solicitarem o nome, número de identificação e órgão do agente e direcionarem o pedido ao departamento de segurança da universidade, que, junto com a assessoria jurídica da instituição, obterá e verificará qualquer ordem judicial antes de responder.
“A menos que os agentes da lei estejam respondendo a um pedido legal válido, a Segurança Universitária não permitirá sua entrada no campus, nem compartilhará informações de alunos ou funcionários com eles”, afirmou a universidade.
Fordham observou que seus procedimentos “estão fundamentados na tradição jesuíta de ser pessoas para os outros”.
“Seguimos o princípio inaciano de cuidado com a pessoa inteira e respeitamos a dignidade de cada indivíduo, incluindo o direito de se sentir seguro onde quer que esteja no campus”, declarou a instituição.
Como membro da Presidents’ Alliance on Higher Education and Immigration — coalizão de ensino superior composta por quase 600 reitores e chanceleres — a Universidade de Santa Clara pediu ao governo Trump que revertesse sua política sobre vistos para estudantes estrangeiros.
A universidade destacou um comunicado da aliança publicado em 28 de maio, “exortando a liderança do país a retomar o processo de entrevistas para vistos e a priorizar políticas que fortaleçam o papel histórico dos EUA como educador e incubador de tantos líderes mundiais em inovação, religião, espiritualidade e instituições democráticas e cívicas”.