05 Mai 2025
"É assim o cristianismo-raiz: a sacralidade do mar e da terra, do trabalho, da abundância de peixes, pães e frutos quando repartidos", escreve Chico Alencar, deputado federal pelo PSOL-RJ, ao comentar a leitura de João, 21, 1-19, nesse 3º domingo da Páscoa.
Segundo ele, "sendo-com-os-outros (Fratelli tutti), ouvindo o grito e cuidando da maltratada e sugada Casa Comum (Laudato si'). Sempre com a alegria do Evangelho (Evangelii gaudium) preconizada pelo inesquecível papa Francisco".
Eis o comentário.
O fascínio da mística cristã vem da sua forte materialidade: um Deus encarnado, com o corpo torturado, morto e ressuscitado!
Um Jesus que, na leitura de João (21, 1-19), nesse 3º domingo da Páscoa, aparece no cotidiano de trabalho dos seus discípulos pescadores.
E o plenifica de fartura: após a noite infrutífera, o amanhecer com as redes cheias. Uma pesca maravilhosa já tinha sido relatada por Lucas (5, 4-10), também com o Cristo, só que antes do martírio.
É assim o cristianismo-raiz: a sacralidade do mar e da terra, do trabalho, da abundância de peixes, pães e frutos quando repartidos.
Agora, Pedro, aquele que no sufoco do medo negou Jesus três vezes, reafirma seu amor outras tantas. Triamor!
O que é nossa vida senão treva e luz, fome e saciedade, rejeição e acolhida, erro e arrependimento, fuga e perdão, morte e ressurreição?
A tarefa de existir é - teimosamente, apesar da secura - reinventar o cais, o barco e saber a vez de se lançar na imensidão e no mistério do mar.
Sendo-com-os-outros (Fratelli tutti), ouvindo o grito e cuidando da maltratada e sugada Casa Comum (Laudato si'). Sempre com a alegria do Evangelho (Evangelii gaudium) preconizada pelo inesquecível papa Francisco.
Cantemos com Dorival Caymmi (1914-2008), ao lado de suas amadas Stela Maris e Nana:
"Minha jangada vai sair pro mar/
vou trabalhar/
meu bem querer/
se Deus quiser quando eu voltar do mar/
um peixe bom eu vou trazer/ meus companheiros também vão voltar/
e a Deus do céu vamos agradecer".
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