Conclave de 7 de maio: um primeiro compromisso para evitar rupturas

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29 Abril 2025

A necessidade de nos conhecermos melhor às vésperas das eleições. Reina, Vigário de Roma: “Não é hora de vinganças nem de alianças de poder”

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 29-04-2025.

O Conclave para eleger o sucessor do Papa Francisco será aberto em 7 de maio. A escolha da data, votada ontem pelos cardeais reunidos na quinta congregação geral, a primeira depois do funeral de Bergoglio, é um compromisso entre diferentes organismos. Por um lado, a necessidade de acolher os cardeais que chegam a Roma vindos de todo o mundo — ontem eram 180, dos quais cerca de cem eram eleitores. É o Conclave mais internacional e concorrido da história. Em 12 anos de pontificado, Francisco raramente convocou todos ao Vaticano. “Conheço no máximo 20 ou 30 outros cardeais”, confidencia um cardeal. Por outro lado, a Santa Igreja Romana tem certo horror ao vácuo de poder. O assento vago é uma situação extraordinária, uma ferida que precisa ser costurada o mais rápido possível.

"Quando um Papa morre, outro é feito", uma piada retirada da história da monarquia francesa ("O Rei está morto, viva o Rei"), reflete uma antiga alergia à ausência do Pontífice. É preciso encontrar rapidamente um novo bispo de Roma, sem dar a impressão, com um longo Conclave, de que a Igreja está à mercê de divisões e lacerações internas. Razões às quais se somam outras, cálculos políticos e estratégias pré-eleitorais que se entrelaçam e se sobrepõem.

Há a velha guarda da Cúria que gostaria de um longo Conclave para deixar a onda de entusiasmo pelo funeral do Papa Francisco diminuir, mas há também o reformista que gostaria de uma votação longa para permitir que as demandas da Igreja mundial sejam expressas sem as restrições do calendário. Há o cardeal que apoia um dos mais fortes papabilis que pressiona por uma convocação rápida, para evitar o risco de que o prolongamento das discussões possa arruinar a candidatura, e há o cardeal progressista que prevê um curto Conclave, confiante de que, após doze anos de Francisco, a Igreja não terá outra escolha senão escolher uma figura semelhante.

No final, um meio-termo foi escolhido entre muitas solicitações diferentes. A janela permitida pelas regras era entre 6 e 10 de maio, mas também poderia ser antecipada para segunda-feira, 5 de maio. O ponto de convergência foi quarta-feira, 7, tanto para conceder mais dois dias para aqueles que não quisessem sufocar o debate, sem, contudo, prolongar muito o amadurecimento da decisão. Na manhã desse dia será celebrada a Missa Pro Eligendo Pontifice, à tarde os cardeais entrarão na Capela Sistina. Após a meditação do cardeal capuchinho Raniero Cantalamessa e o extra omnes, os cardeais eleitores procederão à primeira votação, e é praticamente certo que sairá fumaça preta da chaminé naquela noite.

A partir do dia seguinte, serão realizadas duas votações pela manhã e duas à tarde. "Este não pode ser o momento para atos de equilíbrio, táticas, cautela, um momento que satisfaça o instinto de voltar atrás, ou pior, de vingança e alianças de poder", disse o Cardeal Baldo Reina ontem na terceira missa dos novendiali. Vinte cardeais participaram das discussões a portas fechadas. Além da autodefesa do Cardeal Becciu, as intervenções, na linguagem elíptica da Sala de Imprensa do Vaticano, abordaram "a relação com o mundo contemporâneo e alguns dos desafios que são destacados, a evangelização, a relação com outras religiões, a questão dos abusos".

E, claro, “falamos sobre as qualidades que o novo Pontífice deverá possuir para responder eficazmente a estes desafios”. O Decano e o Vice-Decano do Colégio Cardinalício não entrarão no Conclave porque têm, respectivamente, 91 anos (Giovanni Battista Re) e 81 anos (Leonardo Sandri). O trabalho na Capela Sistina será, portanto, liderado pelo cardeal mais antigo da ordem dos bispos, Pietro Parolin. A porta será fechada pelo arcebispo católico indiano, George Jacob Koovakad, como o último cardeal da ordem dos diáconos.

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