24 Abril 2025
"Francisco confrontou poderosos interesses ao defender a integridade da Criação, o que é a sua maior herança", escreve Márcio Santilli, sócio e fundador e presidente do ISA em artigo publicado por Instituto Socioambiental – ISA, 22-04-2025.
Francisco nos deixou em 21 de abril, aos 88 anos. Homem simples, humilde, que teve uma existência gloriosa. Fica um legado maravilhoso, na defesa das pessoas e dos países mais pobres. Peregrinou por todos os continentes, interagiu com as demais religiões e com os não religiosos comprometidos com a justiça social, acolheu os diferentes, inclusive os discriminados e esquecidos pela própria Igreja Católica no passado.
Não faltarão homenagens e louvores a Francisco no mundo todo, inclusive dos hipócritas que o desrespeitaram, defensores da injustiça que são, mas que, agora, vão se esconder de si mesmos, o que não deixa de ser muito significativo e revelador da situação em que estamos, numa Terra atribulada, dividida e ameaçada por sua própria destruição.
Francisco deverá ser lembrado como o Papa que mais defendeu o meio ambiente. Em maio de 2015, divulgou a encíclica “Laudato Si': sobre o cuidado da Casa Comum'”, criticando o consumismo e o crescimento econômico excludente. E apelando à consciência e à unidade das pessoas e dos governos para enfrentar a degradação ambiental e as mudanças climáticas, o maior desafio do nosso tempo.
Além disso, pediu perdão pelos atos cometidos contra os povos originários pelos cristãos, reconheceu a importância de seus conhecimentos, sua cultura e da afirmação de suas identidades.
Se a natureza resulta de uma obra legada à humanidade por Deus, a sua destruição é a pior atitude que pode haver. Francisco confrontou poderosos interesses ao defender a integridade da Criação, o que é a sua maior herança.