Apartheid, ocupação militar e limpeza étnica estão por trás da realidade na Palestina. Ao extermínio conduzido pelas FDI, palestinos resistem com seu sumud, força e perseverança inabaláveis, em árabe, que os mantém vivos mesmo sob constante ataque
Como é possível que o dever de ofício das Forças de Defesa de Israel – FDI seja matar outros seres humanos? Trata-se de uma incoerência, sobretudo porque o que ocorre em Gaza não é uma guerra entre dois Estados e assimetricamente iguais em termos de poder bélico, mas um povo opressor contra um povo oprimido desde pelo menos 1947, com a autoproclamação do Estado de Israel.
As reflexões são da psicóloga brasileira, filha de palestinos, Ashjan Sadique Adi, na entrevista concedida por WhatsApp para o Instituto Humanitas Unisinos – IHU. “Há perversidade na estrutura de personalidade de todos os sionistas. Claro que há uma quantidade mínima de pessoas que não apoiam o sionismo e esses fatos que estão ocorrendo. Há, ainda, alguns que estão em ignorância ou indiferença, mas a maioria da população israelense e judaica apoia o sionismo, a exemplo do que acontece em outras partes do mundo”. Assim, além do dever de ofício da FDI, há a manipulação mental de praticamente toda a população israelense, em especial dos soldados e soldadas, que fizeram coisas absurdas e perversas.
Ashjan denuncia que em Israel desde a escola infantil se ensina a desumanização dos palestinos, equacionados como inimigos: “Exterminar o povo palestino é uma construção iniciada e promovida pelas escolas, instituições religiosas e perpetuada pela mídia e nas universidades”. Nesse contexto, a cifra dos palestinos mortos em Gaza desde 2023 está errada: “Temos dados de que não são 50 mil palestinos mortos, mas 110 mil mortos na guerra em Gaza. Infelizmente, precisamos passar por esse genocídio para que se conhecesse o que se passa na Palestina e para que a máscara de Israel caísse, pois se dizem eternas vítimas e que estão se defendendo: mentiras históricas daqueles que são os promotores de toda a violência”.
Contra a dureza da realidade, brota a potência do sumud, palavra árabe que designa firmeza, força e perseverança inabaláveis e constantes frente à perseguição, confinamento e extermínio. “Essa força que chamamos de sumud, é algo que acredito que nenhum outro povo tem. É algo único no povo palestino, porque essa é sua história. Não se trata de fazer um monopólio da resistência, mas este é um traço marcante e singular que nos constitui, resistindo a todas as formas de opressão”.
Ashjan Sadique Adi (Foto: Arquivo pessoal)
Ashjan Sadique Adi é graduada em Psicologia e mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. É doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo – USP com a tese Os discursos sobre árabes e muçulmanos nos livros didáticos de História da Rede Adventista de Educação: por uma decolonialidade didática. É uma das organizadoras do livro Oriente Médio e Palestina pesquisados a partir do Brasil: reflexões acadêmicas, marginais e críticas (Navegando, 2020), além de autora vários artigos acadêmicos sobre a questão palestina. Atua como psicóloga educacional na Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul.
IHU – A maioria das áreas reivindicadas pelos palestinos está ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. E os palestinos são comprimidos a um território cada vez menor. O que está por trás dessa realidade?
Ashjan Sadique Adi – O que está por trás dessa realidade é um processo de colonialismo que incide na Palestina e que, desde sempre, o objetivo da autoproclamação do Estado de Israel na Palestina, foi a tomada de todo seu território. Esse é o objetivo efetivo desse Estado. A resolução nº 181, de 1947, que recomendou a partilha da Palestina histórica, se tratou de uma formalidade e oficialidade falaciosa deste processo. Israel queria uma oportunidade legitimada pela Liga das Nações, atual ONU, para invadir o território e realizar a Nakba, matando mais de 15 mil palestinos, expulsando cerca de 800 mil, destruindo e incendiando aldeias, povoados e cidades para não deixar vestígios arqueológicos da Palestina histórica.
Não se tratou de um processo democrático, justo e pacífico, mas de um processo extremamente violento e que tem o objetivo de substituição da população originária, o povo palestino, por uma população judaica no sentido religioso, e não étnico. Lembremos que judeu não é um povo, mas um grupo religioso que professa o judaísmo. Por outro lado, como muitos se colocam como grupo étnico, o autoproclamado Estado de Israel tem por objetivo estabelecer uma sociedade etnocrática, ou seja, com um sistema político onde um grupo “étnico” exerce controle sobre o Estado para promover seus próprios interesses e poder, marginalizando e inferiorizando outros grupos como judeus etíopes e palestinos que residem no território israelense.
Além disso, essa etnocracia judaica instrumentaliza o discurso bíblico com referência às ideias de “povo escolhido”, “terra prometida”, entre outros mitos e mentiras historicamente disseminados pelo colonialismo sionista. Em resumo, o que está por trás dessa realidade na qual o povo palestino vive cada vez mais comprimido territorialmente e oprimido existencialmente é um processo de apartheid, ocupação militar e limpeza étnica na Palestina histórica.
IHU – Você é filha de palestinos. Quais são os traços marcantes deste povo?
Ashjan Sadique Adi – Há traços marcantes em nossa cultura, assim como ocorre com outros povos, como a dança, a música, a culinária, nosso artesanato e vestimenta. Cada povo tem essas particularidades, exceto o povo israelense, porque não tem história, uma vez que se reinventa se apropriando da cultura árabe, inclusive da vestimenta, culinária e outros elementos culturais palestinos. Ressalto que o principal traço do povo palestino é a sua força, sua resiliência em enfrentar um processo colonial há quase oito décadas, ininterruptamente, imposto abaixo do uso de intensa opressão. Essa força que chamamos de sumud, é algo que nenhum outro povo tem, acredito. É algo único no povo palestino, porque essa é sua história. Não se trata de fazer um monopólio da resistência, mas este é um traço marcante e singular que nos constitui, resistindo a todas as formas de opressão. O que também está relacionado a esta resistência, capacidade de sobreviver e lutar tem relação com a fé. Independentemente de como pessoalmente penso a crença em Deus, a fé é algo estruturante e nuclear para o povo palestino coletivamente, bem como sua subjetividade, mantendo-o vivo. Entendo que a resiliência contra toda a violência de décadas do Estado de Israel e a fé podem ser apontados como os traços marcantes do meu povo.
IHU – Quando e por que sua família migrou para o Brasil?
Ashjan Sadique Adi – A primeira pessoa da família que migra para o Brasil foi meu avô paterno, Said Abdel Aziz Adi, chegando em 8 de novembro de 1955, através da delegação de Damasco, na qual estava registrado. Esse fato ocorre, portanto, 7 anos após a invasão de Israel à Palestina, 1948. Meu avô chega no Brasil como imigrante e seu objetivo principal era ter melhores condições de vida. Já havia palestinos no Brasil, que começaram a chegar no final do século XIX, por volta de 1870, quando chega a primeira leva de imigrantes. Essas pessoas possuíam passaporte turco, pois a Palestina estava, então, sob domínio do Império Turco Otomano, uma das razões pelas quais temos essa informalidade de chamar os árabes de turcos, pois os quando os árabes vinham ao Brasil eram identificados como turcos nos passaportes.
Meu avô Said desembarcou no Porto de Santos e, logo depois, seguiu para Corumbá, região de fronteira com a Bolívia, onde já havia palestinos. Ele retornou algumas vezes para a Palestina, pois minha avó e seus filhos (entre eles meu pai) haviam ficado lá. Em meados da década de 1970, meu avô retorna definitivamente para a Palestina. Meu pai chega no Brasil em 1968 e minha mãe em 1972. Casaram-se na Bolívia e tiveram quatro filhos, dos quais sou a caçula. Todos nós somos brasileiros, ou melhor, brasileiros-palestinos.
IHU – Vocês têm familiares e amigos que continuam na Palestina? Se sim, qual é a situação deles?
Ashjan Sadique Adi – Tenho diversos familiares na Palestina, como meu irmão mais velho, que vive na cidade de Kofor Malek, onde nossos pais nasceram. Ele é casado e tem filhos. Também tenho tios, tias, primos e primas, uma grande família que segue na Palestina. Por parte de pai, portanto da família Adi, tenho alguns primos que vivem em Corumbá. Amigos de infância vivem na Palestina, para onde voltaram em 1992, como Saná, Abir, Sâmia e Majdi. Apesar de não termos contato frequente, nos vimos da última vez que fui à Palestina, em 2011. Rever o amigo Majdi foi algo inusitado, pois quando nos encontramos na cidade de Ramallah fui abraçá-lo, e ele corrigiu minha atitude, por lá ser proibido culturalmente abraços entre homens e mulheres, mas o fato foi engraçado.
Tanto meus amigos, quanto meus familiares estão em uma situação de classe média, tendo casa e trabalho. Meu irmão trabalha com instalação de internet e sua esposa é professora. Seu filho mais velho estuda na Universidade de Birzet, em uma cidade próxima de onde vivem. É um pouco mais difícil atingir uma qualidade de vida para o cotidiano. Eventualmente, as Forças de Defesa de Israel – IDF aparecem na cidade e isso deixa os habitantes amedrontados. Os soldados ficam à procura de alguém, fazem ameaças e isso gera um terrorismo psicológico e uma apreensão constantes. É claro que viver assim não é viver de forma digna, tranquila. Atualmente, o estado colonizador fechou algumas vias de acesso à cidade principal, Ramallah, o que atrapalha demais o cotidiano das pessoas. Trajetos nos quais se levava de 20 a 30 minutos agora são percorridos em duas horas. Tudo isso prejudica a vida dos palestinos, o que é extremamente lamentável. A Cisjordânia é outra dimensão da ocupação, da qual pouco se fala, mas cujas violências e violações existem frequentemente.
IHU – Qual é a relação do Hamas com a população palestina?
Ashjan Sadique Adi – O Hamas é um partido político fundado em 1987. Há estudos que apontam que ele foi promovido por Israel com o intuito de instalar uma divisão na unidade política palestina. Assim, criam o Hamas com o objetivo de “dividir para governar”, a fim de interpor uma oposição ao Fatah, ligado à Autoridade Nacional Palestina e à Organização para a Libertação Palestina – OLP. Contudo, o feitiço virou contra o feiticeiro, o Hamas se fortaleceu, é uma grande oposição a Israel e é considerado um partido de resistência ao colonizador. A partir das informações que tenho sobre a relação da população palestina com o Hamas, vejo que há uma relação de amor e ódio. Há pessoas que apoiam o Hamas e, mas por cautela, não admitem isso publicamente e outros segmentos da população que o culpam por todas as atrocidades que vem acontecendo, uma vez que ainda detém reféns israelenses como arma para os embates das negociações.
Reforço que tudo isso está ocorrendo não por causa do Hamas, mas em função do sionismo e da violência israelense. O Hamas libertou centenas de palestinos presos, que estavam morrendo nas masmorras sionistas, o que foi uma vitória para nós. Essas pessoas estavam em situação desumana e o Hamas conseguiu sua liberdade.
Particularmente, conheço várias pessoas na Cisjordânia que apoiam o Hamas, entretanto o fazem de modo oculto porque isso pode trazer-lhes problemas, já que o Fatah tem acordos de segurança com Israel. Por essa razão considero o Fatah um partido traidor do povo palestino, que é ameaçado por tais acordos. Isso gera repressão à população, que se rebela contra Israel e entrega palestinos para as FDI, que na verdade são forças de ataque, e não de defesa, pois Israel não tem direito de se defender, isso é uma falácia. Quem tem direito de se defender é a população ocupada e colonizada. O apoio ao Hamas, portanto, acontece de forma velada.
Por outro lado, o Fatah, com o apoio de Israel, impede novas eleições, o que é uma postura muito questionável. Isso parece ser um modo de se manter no poder. Mahmoud Abbas não quer sair do trono, o que promove ainda mais violência contra nosso povo, especificamente na Cisjordânia. Impedem as eleições pois sabem que há grandes chances de o Hamas vencer.
IHU – Como analisa os desdobramentos do genocídio que está em curso na guerra de Israel em Gaza?
Ashjan Sadique Adi – Todas as atrocidades e a catástrofe em Gaza, essa Nakba contínua há cerca de 630 dias ininterruptos, iniciaram no 8 de outubro de 2023. Como os fatos são dialéticos e existe o jogo de contrários, por outro lado, a despeito de toda essa barbárie, o mundo agora tem conhecimento do que ocorre na Palestina. Temos dados de que não são 50 mil palestinos mortos, mas 110 mil mortos no Genocídio em Gaza, número mais coerente diante dessa realidade. Infelizmente, foi preciso passarmos por esse genocídio para que o mundo conhecesse o que se passa na Palestina e para que a máscara de Israel caísse, pois se dizem eternas vítimas e que estão se defendendo: mentiras históricas daqueles que são os promotores de toda a violência. Isso tem gerado fatos inéditos em prol da Palestina, como os atos e manifestações com milhares de pessoas em inúmeros países. Como o rompimento de relações de países com Israel, como Cuba, Venezuela, Bolívia, Chile. A Espanha que parou de fornecer petróleo e cortou relações comerciais com Israel, enxergo tudo isso como um desdobramento positivo, inédito, que a Palestina nunca havia recebido.
IHU – Os drones bélicos têm levado morte e destruição ao povo palestino, mas também dilemas éticos como a responsabilidade de quem lança tais armas. Como o pretexto do dever de ofício das FDI nos ajudam a entender esse cenário?
Ashjan Sadique Adi – Essa pergunta chega até a ser constrangedora. Como você pode ter o dever de ofício de matar outro ser humano? Isso é claramente incoerente. Não se trata de uma guerra, de dois Estados em combate, mas de um povo opressor e de um povo oprimido. Além do ofício das FDI, existe ainda a manipulação mental de praticamente toda a população israelense, em especial dos soldados e soldadas, que fizeram coisas absurdas e perversas, que dançaram sobre os escombros em vídeos publicados no TikTok, que bombardearam prédios e casas fumando como se estivessem curtindo e exercendo um hobby. Esses soldados e soldadas faziam, inclusive, homenagens de aniversário a seus filhos matando os palestinos ou lançando bombas sobre Gaza.
Falando como psicóloga, afirmo que há perversidade na estrutura de personalidade de todos os sionistas. Claro que há uma quantidade mínima de pessoas que não apoiam o sionismo e esses fatos que estão ocorrendo. Há, ainda, alguns que estão em ignorância ou indiferença, mas a maioria da população israelense e judaica apoia o sionismo. Em Israel é ensinada desde a infância a desumanização do povo palestino, que desemboca em todas essas atrocidades cometidas pelas FDI e por seus governantes. Exterminar o povo palestino é uma construção iniciada e promovida pelas escolas e sinagogas e perpetuada pela mídia e nas universidades. Crianças israelenses são apresentadas às armas e ouvem dos adultos que devem matar o inimigo árabe palestino. O que explica esse cenário de tanta atrocidade e desumanização é esse processo israelense cotidiano.
IHU – Netanyahu abriu outra frente de guerra paralela com o Irã, que durou 12 dias. O que está por trás dessa decisão?
Ashjan Sadique Adi – Entendo que a estratégia de Netanyahu foi muito mais política do efetiva, mais uma falácia. Assim, ampliou o conflito até a entrada dos EUA, que bombardeou usinas do Irã, já previamente informado do ataque e, por isso, pôde se prevenir. Essas instalações não foram tão afetadas, diferentemente do que Trump tuitou. São ações típicas de Estados imperialistas como Israel e EUA, irmãos siameses. Netanyahu atacou a Síria, o Líbano, a Palestina e ampliou o ataque ao Irã, que é essa resistência muçulmana (e não árabe, pois são persas) que não sucumbe, ao contrário de diversos outros países árabes que simplesmente cederam por interesses. A guerra não ganhou grandes proporções, felizmente, a ponto de envolver outras nações. E o Irã é sozinho diante do contexto muçulmano e asiático.
IHU – O objeto de sua tese de doutorado em Psicologia Social pela USP examinou os discursos sobre árabes e muçulmanos nos livros didáticos de História da Rede Adventista de Educação. Por que essa decolonialidade didática é tão importante de ser realizada?
Ashjan Sadique Adi – A decolonialidade é uma perspectiva teórica de pesquisadores da América Latina, sobretudo de Enrique Dussel, Walter Mignolo, Ramón Grosfogel, mas também uma perspectiva de ação e prática, que transcende a abstração da teoria e possui efetividade cotidiana. Se no Brasil nós deixamos de ser colonizados em termos territoriais, políticos e militares no dia 7 de setembro de 1822, portanto há 203 anos, ainda atravessamos uma colonialidade em sentido subjetivo, mental, em termos de percepção. Isso porque ainda temos os valores do branco, consideramos a referência de beleza desse grupo étnico, bem como a referência de religião é a europeia, como a católica, principalmente.
A referência de história que temos é eurocêntrica e colonial. O que presenciei e constatei analisando os livros didáticos é de que o que impera também nos discursos midiáticos e em outras áreas do conhecimento, é esse traço colonizado. Há pouco reconhecimento dos autores negros, latino-americanos, africanos e asiáticos em diferentes áreas do conhecimento. Nas diversas graduações brasileiras, a perspectiva é a europeia ou a norte-americana, o que subjetivamente, academicamente e até religiosamente nos constitui ainda como colonizados.
Somos atravessados por valores dessas matrizes, que precisam ser desconstruídos nas diferentes dimensões. Ainda há um grande racismo na sociedade brasileira, mesmo que a maioria populacional seja composta por negros e negras. Vilipendiamos e discriminamos outras religiões, sobretudo aquelas de matriz africana. E prossegue o genocídio contra os indígenas no Brasil. Tudo isso diz respeito à percepção branca de mundo, incluindo a religião, valores, comportamentos e referencial histórico. O processo de desconstrução colonial é, portanto, urgente. Precisamos romper com o que está escrito nos livros didáticos e com o que é trazido nas redes sociais e na academia, nas aulas que ministramos, naquilo que lemos.
O mundo é muito extenso e precisamos trazer o conhecimento de outros povos para darmos conta da diversidade da humanidade. Dessa forma, caminhamos para eliminar preconceitos, xenofobia, islamofobia, discriminações, construindo uma perspectiva de respeito e inclusão. Por isso a decolonialidade precisa estar presente, cada vez mais, no nosso cotidiano, na academia, nos livros didáticos e nos espaços de reflexão e construção de conhecimento.
(1) Guerra dos Seis Dias: também conhecida como Guerra de Junho de 1967 ou Guerra Árabe-israelense de 1967 ou ainda Terceira Guerra Árabe-israelense, foi o conflito que envolveu Israel e os países árabes – Síria, Egito, Jordânia e Iraque apoiados pelo Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão – entre 5 e 10 de junho de 1967.
(2) Nakba: palavra árabe que significa “catástrofe” ou “desastre” e designa o êxodo palestino de 1948, quando pelo menos 711 mil árabes palestinos, segundo dados da Organização das Nações Unidas, fugiram ou foram expulsos de seus lares, em razão da guerra civil de 1947-1948 e da Guerra Árabe-Israelense de 1948. O êxodo palestino marca o início do problema dos refugiados palestinos, um dos principais elementos do conflito árabe-israelense. Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), refugiados palestinos são as “pessoas cujo lugar de residência habitual era o Mandato Britânico da Palestina entre junho de 1946 e maio de 1948 e que perderam suas casas e meios de vida como consequência da Guerra árabe-israelense de 1948”, ou seja, aqueles que foram obrigados a deixar a parte da Palestina que viria a constituir o Estado de Israel, indo para outras partes da região ou para países vizinhos.
(3) Sumud: palavra árabe que significa firmeza, perseverança ou resiliência inabalável. Na cultura palestina, o termo ganhou um significado mais profundo, tornando-se um conceito central de identidade e resistência diante da ocupação e deslocamento. Mais do que uma simples capacidade de suportar adversidades, o “sumud” é uma estratégia política e cultural que reflete a recusa em ceder à opressão e o compromisso com a permanência e a dignidade. É uma forma de resistência não violenta que se manifesta no cotidiano dos palestinos, através da manutenção de laços comunitários, da preservação da cultura e da recusa em abandonar suas terras.