11 Abril 2025
No fim da cúpula, líderes de 11 países, entre eles Lula, Sheinbaum e Petro, apoiaram a “Declaração de Tegucigalpa”.
A reportagem é publicada por Página/12, 11-04-2025.
A cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) terminou em Tegucigalpa, capital de Honduras, com promessas renovadas de unidade da América Latina e do Caribe. Em um contexto internacional cada vez mais tenso, o encontro foi atravessado pela necessidade de fortalecer o bloco regional diante dos desafios globais.
Participaram onze chefes de Estado, entre eles Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Claudia Sheinbaum (México), Gustavo Petro (Colômbia), Luis Arce (Bolívia), Miguel Díaz-Canel (Cuba), Yamandú Orsi (Uruguai) e Bernardo Arévalo (Guatemala), embora a CELAC reúna 33 países da América Central e do Sul.
A presidente hondurenha, Xiomara Castro, anfitriã do evento, foi enfática em seu discurso de abertura: “Não podemos continuar caminhando separados enquanto os Estados Unidos redesenham seu mapa econômico sem se perguntar que povos ficam para trás”. Seu apelo mirou diretamente os efeitos da guerra comercial impulsionada pelo governo de Donald Trump.
Durante a cúpula, Sheinbaum propôs convocar uma “Cúpula pelo Bem-Estar Econômico da América Latina” e destacou sua reunião bilateral com Lula. “Brasil e México são economias-chave e há muitas possibilidades de complementaridade, especialmente em setores como o automobilístico e o farmacêutico”, afirmou. Ela também sublinhou que “o bem-estar da América Latina e do Caribe deve ser o objetivo comum”.
Por sua vez, o presidente brasileiro instou a reforçar a voz da região nos organismos multilaterais. Propôs que a CELAC apoie a candidatura de uma pessoa — de preferência uma mulher — da América Latina ou do Caribe para liderar a Secretaria-Geral da ONU.
Um dos principais resultados do encontro foi a “Declaração de Tegucigalpa”, subscrita por 30 dos 33 Estados-membros. O documento rejeita “a imposição de medidas coercitivas unilaterais contrárias ao Direito Internacional” e promove a paz, o multilateralismo, a democracia e o respeito à soberania.
Segundo informou à imprensa o chanceler de Honduras, Eduardo Enrique Reina, houve “consenso suficiente entre os 30 Estados”, com exceção de três, “para adotar a Declaração de Tegucigalpa”. Argentina, Paraguai e Nicarágua não assinaram a declaração. Segundo Reina, esses países “decidiram não adotá-la por razões próprias, que serão explicadas posteriormente”.
A Declaração destaca “a plena vigência da Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, sustentada na promoção e no respeito aos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional”.
No encerramento do encontro, a Colômbia assumiu a presidência pro tempore da CELAC. “Vão nos destruir ou vamos nos autodestruir se atuarmos sozinhos”, advertiu o presidente colombiano.