Povos da Amazônia, Pacífico e Austrália lançam declaração para COP30

Foto: Agência Brasil | Rodrigues Pozzebom

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08 Abril 2025

Além da equiparação de líderes indígenas a chefes de Estado na conferência, indígenas pedem fim dos combustíveis fósseis e financiamento direto.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 08-04-2025.

Povos Indígenas da Amazônia, de ilhas do Pacífico e da Austrália lançaram no primeiro dia do Acampamento Terra Livre (ATL) uma declaração conjunta sobre a COP30. A mobilização acontece até 6ª feira (11/11) em Brasília e é organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e sete organizações regionais afiliadas.

O documento “Unidos pela Força da Terra: A Resposta Somos Nós” é assinado pelo G9 da Amazônia indígena, a Troika indígena das COPs 29, 30 e 31 e os Pacific Climate Warriors. Segundo os grupos, a declaração é um chamado ético urgente à ação, já que a crise climática não espera e os governos continuam falhando na implementação de soluções para conter as mudanças climáticas.

“Sempre estivemos aqui. Enquanto os governos seguem a lógica egoísta de ‘cada um por si’, nós, em uma união de povos, tecemos uma rede de resistência e esperança entre as terras da Amazônia e os mares do Pacífico. Nossos saberes ancestrais e nossos corações batem juntos, protegendo a terra, o ar e as águas, garantindo que o canto das florestas e oceanos nunca se apague”, diz o documento.

O Balanço Ético Global proposto pela presidência da COP30 é destacado como um ponto positivo pelas organizações indígenas. No entanto, somente será efetivo se se considerar as reivindicações dos Povos Originários. E a primeira delas é dar a lideranças indígenas e comunidades locais voz e poder iguais aos de chefes de Estado na conferência do clima, “com a mesma legitimidade, poder de decisão e respeito que as representações dos países”.

Além disso, o G9, a Troika indígena e os Pacific Climate Warriors exigem a redução urgente das emissões de gases de efeito estufa, com a transição energética e a eliminação dos combustíveis fósseis; o financiamento direto aos Povos Indígenas; e a garantia de proteção integral das florestas, oceanos e solos, assim como o reconhecimento dos Povos Originários como preservadores de seus territórios.

“As maiores autoridades climáticas somos nós, os Guardiões da Terra, as lideranças indígenas. Hoje é um dia histórico, em que os Povos da maior floresta do mundo se unem com os Povos do maior oceano do mundo para enfrentar o maior desafio planetário: as mudanças climáticas. A COP30 é um espaço crucial para fazermos essa virada de chave na discussão climática global, mas nossa aliança com os Povos Originários das Ilhas do Pacífico e da Austrália vai além disso. Queremos continuar fortalecendo a solidariedade com os parentes indígenas e aliados do mundo inteiro, pois o que nos une é mais forte que qualquer fronteira. Avançaremos juntos, pelo futuro do planeta. A resposta somos nós, todos nós”, destacou Toya Manchineri, coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), que integra o G9.

Em tempo

Nesta 3ª feira (8/4), o ATL promoverá uma marcha ao Congresso Nacional em defesa dos Direitos dos Povos Indígenas. Segundo a APIB, mais de 6 mil indígenas deverão participar da mobilização. A Câmara dos Deputados receberá mais de 500 lideranças indígenas para uma sessão solene em homenagem aos 20 anos da entidade, organizada pela deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.

À tarde, o movimento indígena discutirá uma proposta de Comissão Nacional Indígena da Verdade (CNIV) e os conflitos territoriais. Um ato contra a violência contra os Povos Indígenas também será realizado na tenda principal do acampamento.

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