12 Dezembro 2024
O aumento muito rápido da demanda por viagens de turismo, principalmente as de longa distância, não foi acompanhado por ganhos de eficiência energética no setor.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 12-12-2024.
Na COP29, pela primeira vez na história das conferências do clima, o turismo foi tema de um dia inteiro de debates. A inclusão de discussões sobre o setor não se deu à toa. Afinal, a indústria turística responde por 3% do PIB global, sendo responsável por quase 9% das emissões de gases de efeito estufa.
Agora, um estudo publicado na Nature Communications nesta semana mostra que o turismo é um dos principais responsáveis pelo crescimento das emissões nos últimos anos. Enquanto o segmento registrou um aumento anual de 3,5% na liberação de CO₂ de 2009 a 2020, os setores da economia global como um todo causaram um acréscimo de 1,5% por ano na pegada de carbono total nesse mesmo período, informa a Folha.
Para os pesquisadores, os números se justificam pelo aumento muito rápido da demanda por viagens de turismo, principalmente as de longa distância. Tal aumento não foi acompanhado pelos ganhos de eficiência energética no setor. O crescimento da demanda turística é estimado em 3,8% anuais no período analisado.
De acordo com Ya-Yen Sun, uma das autoras do estudo e professora associada da Escola de Negócios da Universidade de Queensland, na Austrália, os principais fatores que elevam as emissões do turismo são as viagens de avião, carro a gasolina e utilitários. “Esses são os pontos críticos, que representam metade da pegada de carbono total do turismo; eles foram os que mais cresceram na última década”, afirmou.
Contudo, é preciso ressaltar a disparidade do crescimento tanto das viagens turísticas como das emissões do setor. Em artigo no The Conversation, Sun e James Higham, outro autor da pesquisa, destacam que apenas 20 países respondem por 75% dos gases de efeito estufa emitidos pelo setor. Estados Unidos, China e Índia foram responsáveis por 60% do crescimento das emissões do turismo entre 2009 e 2019. Neste último ano, esses três países sozinhos foram responsáveis por 39% do total das emissões globais do setor.
O Brasil figura no “Top 20”. O país aparece na lista em 13º lugar quando se consideram as viagens feitas pelos brasileiros (1,5% do total de emissões) e em 12º lugar (1,9% do total) quando é analisado o turismo receptivo, quando estrangeiros vêm ao país.
Também há disparidades imensas nas emissões per capita, destaca a ABC. Agora há uma diferença de 100 vezes nas pegadas de turismo por pessoa entre os países que mais viajam e aqueles que menos viajam.
Para os pesquisadores, os 20 países do topo da tabela devem reconsiderar suas políticas de turismo, tirando o foco dos altos números de turistas e dinheiro gasto para buscar um maior equilíbrio entre índices econômicos e emissões de carbono. Priorizar o desenvolvimento de destinos turísticos de curta distância é outra ação que pode ajudar a reduzir o descarte de CO₂.
Os cientistas também reforçam que o custo social dessas emissões precisa ser levado em conta. Segundo Sun, os países que menos liberam carbono estão entre os que mais serão impactados com a redução de demanda turística devido à piora de condições climáticas, como aumento de temperatura, chuvas, secas e outros eventos climáticos extremos. “Apoiar esses países na adaptação será um foco crítico para o futuro”, concluiu.
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Setor turístico é um dos líderes do aumento das emissões nos últimos anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU