27 Novembro 2024
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 25-11-2024.
O documento final do Sínodo sobre a Sinodalidade "faz parte do Magistério ordinário do Sucessor de Pedro e, como tal, peço que seja aceito". Isso foi esclarecido pelo Papa Francisco, em nota que acompanha a publicação do texto aprovado em 29 de outubro, no fim da Assembleia Sinodal em Roma.
Na nota, Bergoglio destaca que o texto "representa uma forma de exercício do magistério autêntico do Bispo de Roma que apresenta algumas características novas, mas que na realidade corresponde ao que tive a oportunidade de apontar em 17-10-2015, quando afirmei que a sinodalidade é o quadro interpretativo adequado para entender o ministério hierárquico".
Na opinião de Francisco, o documento aprovado "recolhe os frutos de um caminho marcado pela escuta do Povo de Deus e pelo discernimento dos Pastores", a partir do qual "toda a Igreja foi chamada a ler a própria experiência e a identificar os passos a serem dados para viver a comunhão para realizar a participação e promover a missão que lhe foi confiada por Jesus Cristo".
"Agora o caminho continua nas Igrejas locais e seus agrupamentos, valorizando o Documento Final que foi votado e aprovado pela Assembleia em todas as suas partes em 26 de outubro. E também o aprovei e, assinando-o, ordenei sua publicação, unindo-me ao 'nós' da Assembleia que, através do Documento Final, se dirige ao santo povo fiel de Deus", diz o Papa, que entrega "as indicações nele contidas".
Sobre seu status magisterial, Bergoglio ressalta que o documento não é estritamente normativo e que sua aplicação exigirá várias mediações, o que "não significa que não obrigue as Igrejas a partir de agora a fazer escolhas coerentes com o que está indicado nele".
De fato, acrescenta o Papa, "as Igrejas locais e os agrupamentos de Igrejas são agora chamados a aplicar, nos diversos contextos, as indicações autorizadas contidas no Documento, através dos processos de discernimento e tomada de decisão previstos pelo direito e pelo próprio Documento". Apesar de tudo, admite, "é preciso tempo para chegar a opções que envolvam toda a Igreja", o que é verdade "especialmente para os temas confiados aos dez grupos de estudo, aos quais outros podem ser acrescentados, em vista das decisões necessárias".
Esclarece Francisco que "a conclusão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos não põe fim ao processo sinodal". Como assinalou em Amoris Laetitia, o Papa recorda que "nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas por intervenções do Magistério".
"Certamente, é necessária uma unidade de doutrina e prática na Igreja, mas isso não impede que haja diferentes formas de interpretar certos aspectos da doutrina ou certas consequências que dela derivam", enfatiza Francisco, acrescentando que "em cada país ou região podem ser buscadas soluções mais inculturadas, atentas às tradições e desafios locais".
De fato, algumas das indicações do documento final "já podem ser postas em prática nas Igrejas locais e nos agrupamentos de Igrejas, levando em consideração os diversos contextos, o que já foi feito e o que resta a ser feito para aprender e desenvolver cada vez melhor o estilo próprio da Igreja sinodal missionária!"
Em muitos casos, concluiu, "trata-se de aplicar efetivamente o que já está previsto na lei atual, tanto latina quanto oriental". Em outros casos, "será possível proceder, através do discernimento sinodal e no âmbito das possibilidades indicadas pelo Documento Final, à ativação criativa de novas formas de ministerialidade e ação missionária, experimentando e submetendo as experiências à verificação", cujo acompanhamento corresponderá à Secretaria Geral do Sínodo, juntamente com os Dicastérios da Cúria.
"O caminho sinodal da Igreja Católica, animado também pelo desejo de continuar no caminho rumo à unidade plena e visível dos cristãos, precisa de palavras compartilhadas que sejam acompanhadas por ações", conclui o Papa, que pede ao Espirito Santo que "sustente e guie toda a Igreja neste caminho".
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Francisco recorda que o documento final do Sínodo “faz parte do magistério” e pede que seja praticado na Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU