25 Novembro 2024
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 24-11-2024.
Solenidade de Cristo Rei. Termina o Ano Litúrgico e começamos a nos preparar para o Advento e o Natal. Cristo, Rei do Universo, e o Papa fazem com que o feriado coincida com a Jornada Mundial da Juventude. Aliás, durante a cerimônia, os jovens responsáveis pela JMJ de Lisboa entregam alguns dos cartazes a quem vai organizar a próxima, em 2027, em Seul. “Isto é também um sinal; um convite, para todos nós, a viver e levar o Evangelho a todos os confins da terra, sem parar nem desanimar, levantando-nos depois de cada queda e nunca deixando de ter esperança”, explicou o Papa no fim da sua homilia.
Com um pedido final: “Mantenhamos os olhos fixos em Jesus, na sua Cruz, e em Maria, nossa Mãe. Assim, mesmo nas dificuldades, encontraremos forças para seguir em frente, sem medo de acusações, sem o necessidade de consenso, felizes por ser para todos testemunhas da verdade, apaixonados”.
Cristo é Rei, mas “se olharmos ao nosso redor, o que vemos parece diferente, e podem surgir em nós dúvidas perturbadoras. O que dizer das guerras, da violência, dos desastres ecológicos?, queridos jovens, devemos enfrentar, olhando para o futuro, como a precariedade do trabalho, a incerteza econômica - e não só isso -, as divisões e desigualdades que polarizam a sociedade.
Precisamente, dirigindo-se aos jovens, Francisco quis concentrar-se em três desafios: “as acusações, a necessidade de consenso e a verdade”.
Em primeiro lugar, as acusações, como fica evidente no Evangelho de hoje, em que Jesus é interrogado por Pilatos: “em quem podemos ver simbolizados todos os poderes que na história oprimem as pessoas com a força das armas. (...) Pilatos não se interessa por Jesus. Mas sabe que as pessoas o seguem, consideram-no um guia, um mestre, o Messias, e por isso o procurador não pode permitir que alguém provoque desordem e perturbação na 'paz militarizada' do seu país ou distrito”, explicou Francisco.
Portanto, “ele agrada aos poderosos inimigos deste profeta indefeso; ele o processa e ameaça condená-lo à morte”. O que Jesus faz? “Ele, que sempre pregou a justiça, a misericórdia e o perdão, não tem medo, não se deixa assustar, nem se rebela; mas permanece fiel à verdade que anunciou, até ao ponto de sacrificar a própria vida".
“Queridos jovens, talvez às vezes também a vós possa acontecer que sejam colocados 'sob acusação' por seguirem Jesus”, sublinhou o Papa. Algo que pode acontecer "na escola, entre amigos, nos ambientes que frequentam, pode haver quem queira fazê-los sentir-se fracassados porque permanecem fiéis ao Evangelho e aos seus valores, porque não se conformam, não se resignam a agir como todo mundo".
No entanto, apelou, “não tenham medo das ‘condenações’ , não se preocupem; mais cedo ou mais tarde, as críticas e as falsas acusações caem e os valores superficiais que as sustentam revelam-se pelo que são, ilusões. Não tenham medo das 'condenações' do mundo. Continuem amando!”, frisou.
Em segundo lugar, há a necessidade de consenso. “ O meu Reino não é deste mundo”, disse Jesus a Pilatos. "O que isso significa? Por que ele não age para garantir o sucesso, para conquistar os poderosos, para obter apoio para o seu programa? Como ele pode pensar em mudar as coisas sendo uma pessoa 'derrotada'?", perguntou Francisco. “Jesus se comporta assim porque rejeita toda lógica de poder. Ele está livre de tudo isso!”
Voltando a dirigir-se aos jovens, o Papa pediu-lhes que “seguissem o seu exemplo, não se deixando contagiar pelo desejo – tão difundido hoje – de obter reconhecimento, aprovação e elogios”. “Quem se deixa levar por essas fixações acaba vivendo na angústia; fica reduzido a 'abrir caminho', competir, fingir, fazer concessões, trair os próprios ideais para ter um pouco de aceitação e visibilidade”.
“Não se deixe enganar por aqueles que, bajulando você com promessas vãs, na verdade querem te manipular, condicionar, usar você para seus próprios interesses”.
Finalmente, a verdade. E é que “só aí, no amor, é onde a nossa existência encontra luz e sentido. Caso contrário, ficamos prisioneiros de uma grande mentira: a do “eu” que é autossuficiente e é a raiz de todas as injustiças e infelicidade". Porque, recordou Bergoglio, "Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida, despojando-se de tudo e morrendo nu na cruz pela nossa salvação, ensina-nos que só no amor podemos também viver, crescer e florescer plenamente na dignidade".
Caso contrário, “você não vive mais, mas simplesmente ‘se livra’. Queremos viver, não nos arrastar, e por isso nos esforçamos para testemunhar a verdade na caridade, amando-nos uns aos outros como Jesus nos amou”, proclamou.
Ao mesmo tempo, o Papa afirmou que “não é verdade, como alguns pensam, que os acontecimentos do mundo 'saíram do controle' de Deus. Não é verdade que a história seja feita pelos violentos e pelos arrogantes”, lembrou, abrindo uma porta à esperança. “Aqueles que destroem a paz e fazem guerras, como terão coragem de comparecer diante do Senhor? “Aqueles que destroem a paz e fazem guerras, como terão coragem de comparecer diante do Senhor?
“Ele nos deixa livres, mas não nos deixa sozinhos. Mesmo nos corrigindo quando caímos, ele nunca deixa de nos amar e, se lhe permitirmos, nunca deixa de nos levantar, para que possamos continuar o caminho com alegria".
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As “chaves” de Francisco contra o ódio e a polarização: “Não tenham medo das 'condenações do mundo. Continuem amando, sem maquiagem” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU