• Ele é o terceiro bispo banido pela ditadura
• “Peçamos perdão ao Senhor pelas nossas faltas e também por aqueles que não respeitam o culto, né, pedindo a Ele porque isso é um sacrilégio que o prefeito e todas as autoridades municipais estão cometendo, e vá contar a eles porque eles conhecem o hora da missa”, disse Dom Enrique Herrera
• Como presidente da Cáritas Nicarágua, D. Herrera denunciou o bloqueio aduaneiro que o Governo impôs à pastoral desde 2019, impedindo o recebimento de doações do exterior

A reportagem foi publicada em Religión Digital, 14-11-2024.

O bispo de Jinotega e presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, Dom Enrique Herrera, 75 anos , foi banido da Nicarágua por ordem da ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo. Este é o terceiro bispo banido pela ditadura.

"Sim, é verdade. Obrigaram-no a ir ao aeroporto (Internacional de Manágua) e exilaram-no na Guatemala no dia 12 de novembro", confirmou ao CONFIDENCIAL uma fonte ligada à Conferência Episcopal.

Outro padre também confirmou ao CONFIDENCIAL que Dom Enrique Herrera foi expulso para a Guatemala, onde foi recebido na Casa Provincial dos Frades Franciscanos, ordem religiosa à qual pertence.

O “crime” do bispo Enrique Herrera

No domingo, 10 de novembro de 2024, durante a Eucaristia, o bispo criticou a agitação de uma atividade da Câmara Municipal, que o impediu de presidir a celebração eucarística.

“Peçamos perdão ao Senhor pelas nossas faltas e também por aqueles que não respeitam o culto, pedindo a Ele porque isso é um sacrilégio que o prefeito e todas as autoridades municipais estão cometendo, e vá contar a eles porque eles conhecem o hora da missa”, disse Dom Enrique Herrera.

Antes de Dom Herrera, a ditadura de Ortega já havia preso e exilado dois bispos: o bispo de Matagalpa, D. Rolando Álvarez, e o bispo de Siuna, D. Isidoro Mora.

Quem é o Bispo Enrique Herrera?

Dom Enrique Herrera, bispo da diocese de Jinotega, no norte da Nicarágua, foi nomeado o novo presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) para o período 2021-2024, durante a Assembleia Anual realizada pelos bispos em novembro de 2021. O o vice-presidente confirmado foi o cardeal Leopoldo Brenes.

Nessa altura, D. Herrera era também o presidente do ministério social da Igreja Católica, a Cáritas Nicarágua, proibida pela ditadura de Ortega, obrigando a Igreja Católica a cancelar dezenas de projetos de assistência social.

D. Carlos Enrique Herrera foi ordenado padre em 10 de janeiro de 1982 na Igreja San José de Matagalpa. Possui estudos filosóficos, realizados no Instituto Filosófico Salesiano da Guatemala. Além disso, completou uma especialização em Pastoral Familiar e um diploma em Teologia Pastoral na Colômbia.

Como presidente da Cáritas Nicarágua, D. Herrera denunciou o bloqueio aduaneiro que o Governo impôs à pastoral desde 2019, impedindo o recebimento de doações do exterior.

Em 2020, D. Herrera também alertou para o avanço da pandemia de covid-19 no departamento de Jinotega, incluindo a confirmação de infecções e mortes em áreas rurais.

Da mesma forma, antes da votação de 7 de novembro, amplamente descrita como uma “farsa eleitoral” devido à falta de garantias mínimas para garantir um processo transparente, justo, livre e competitivo, D. Herrera foi um dos bispos que alertou que não havia garantias de votação transparente. Além disso, insistiu que os cidadãos devem promover a mudança social, apesar do “medo, desconfiança e insegurança” que existe no país.

Em agosto de 2021, em entrevista ao CONFIDENCIAL, Dom Carlos Herrera também garantiu que não percebeu muito entusiasmo entre os seus paroquianos pelas eleições gerais de novembro daquele ano, nas quais Daniel Ortega finalmente conquistou um quarto mandato presidencial consecutivo junto com Rosario Murillo como vice-presidente, e após anular a competição eleitoral com a prisão de líderes da oposição.

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