Crise migratória na América Latina é tema de evento hoje no IHU

Palestra com Pablo Ceriani Cernadas compõe Ciclo de Estudos América Latina em tempos de penumbra. Incertezas e possíveis rotas

Arte: IHU

Por: João Vitor Santos | 16 Abril 2024

As frágeis embarcações que tentam vencer o Mar Mediterrâneo e chegar à Europa abarrotadas de gente, que por desespero deixam sua terra, chocam o mundo todo. Grupos que, desesperados, arriscam a própria vida cruzando desertos e se lançado sobre rios caudalosos em busca de uma vida melhor chocam. Entre México e EUA, ver pessoas que entregam a sua vida para sujeitos que se aproveitam do desespero para cruzarem a fronteira e, muitas vezes, ainda são apanhados, presos e deportados também choca. A guerra que mata e destrói também leva muitos a saírem de casa e arriscar a própria vida em travessias descomunais.

 

Todos estes dramas descritos acima são algumas das faces da crise migratória que abala o mundo e que, infelizmente, não é nova. Em 2013, no raiar de seu pontificado, o Papa Francisco já chamava atenção para esta crise que há anos assolava muitos povos. A sua visita a Lampedusa foi como acender um farol sobre o problema.

 

No entanto, por vezes, aqui no sul no mundo, não nos damos conta de que vivemos também exemplos dolorosos desta crise na América Latina. Basta recordar a imagem de venezuelanos que ingressam no Brasil em busca de uma vida melhor, mas que são jogados pelas ruas e passam a viver na miséria.

 

E aqui mesmo, no Rio Grande do Sul, chegam venezuelanos e até povos de mais longe, como senegaleses e haitianos. Fato é que, nos últimos dez anos, a movimentação em massa de pessoas entre os países latino-americanos, além daqueles vindos de mais longe, tem levado países como Brasil para o centro da crise. É o que aponta Pablo Ceriani Cernadas, especialista em assuntos migratórios. “Não há precedentes na região de tantas pessoas que partem em tão pouco tempo para outros países do continente”, destaca.

Em entrevista publicada pelo IHU, Pablo explica que é preciso tomar cuidado em apontar uma causa para a crise migratória. Uma situação complexa, segundo ele, envolve múltiplos fatores e exige ações complexas para, minimamente, se tentar equalizar a situação. “Podemos falar, por exemplo, de condições estruturais de violência social e institucional em certos países da América Central, o que explicaria os deslocamentos nos últimos 20 anos de Guatemala, El Salvador e Honduras. Mas caso o foco seja colocado apenas ali, omite-se que há outra série de questões como a discriminação estrutural contra a população indígena e afro, ou por razões de gênero”, exemplifica.

Diante deste quadro, o IHU traz o tema para o centro do debate e promove, às 10h, um videoconferência com Pablo Ceriani Cernadas, intitulada Crise migratória, vulnerabilidades e direitos humanos. O caso da América Latina. Esta é a terceira atividade do Ciclo de Estudos América Latina em tempos de penumbra. Incertezas e possíveis rotas. A palestra é gratuita e será transmitida ao vivo pelas redes sociais do IHU e em seu sítio eletrônico. Quem desejar certificação, pode se inscrever no Ciclo clicando aqui.

 

Saiba mais sobre Pablo Ceriani Cernadas

Advogado, formado pela Universidade de Buenos Aires, é doutor em Direitos Humanos pela Universidade de Valência, na Espanha, e mestre em Migração Internacional e Direito Migratório pela Universidade Europeia de Madri. Coordena o Programa de Pesquisa e Advocacia sobre Migração e Asilo do Instituto de Justiça e Direitos Humanos da Universidade Nacional de Lanús (UNLA), na Argentina, e é diretor da Especialização em Migração, Asilo e Direitos Humanos da mesma instituição.

Ceriani Cernadas (Foto: acervo pessoal)

É o ex-vice-presidente do Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos dos Trabalhadores Migrantes e Suas Famílias (CMW), professor de Migração e Direitos Humanos no Mestrado em Direitos Humanos (UNLA), da Faculdade de Direito e da pós-graduação em Migração e Refugiados da Universidade de Buenos Aires e do Mestrado em Direitos Humanos e Democratização da Universidade Nacional de San Martin.

É consultor dos escritórios da UNICEF (América Latina e outros) sobre os direitos das crianças no contexto da migração. Foi consultor da OIT e do UNFPA em iniciativas relacionadas com trabalhadores migrantes e mulheres migrantes, respetivamente. Ele também é membro da Global Migration Policy Associates (GMPA) e membro do Conselho Consultivo do Estudo Global da ONU sobre Crianças Privadas de Liberdade. Ex-coordenador da Clínica Jurídica dos Direitos dos Imigrantes e Refugiados (Universidade de Buenos Aires) e coordenador do Programa de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (CELS), na Argentina.

Acesse as conferências passadas do Ciclo de Estudos América Latina em tempos de penumbra. Incertezas e possíveis rotas

 

 

O serviço e atenção aos refugiados é uma das frentes de trabalho da Companhia de Jesus. Em fevereiro deste ano foi inaugurado o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados na UNISINOS. Saiba mais.

 

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