06 Março 2024
Brasil, ONU e OEA cobram o envio de forças para estabilizar o país mais pobre do continente em meio à crise de segurança.
A reportagem é publicada por Brasil de Fato, 05-03-2024.
Governos de Brasil, Estados Unidos e órgão internacionais como as Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) acompanham com preocupação os acontecimentos na capital do Haiti, Porto Príncipe. Desde que a fuga de cerca de quatro mil presos no sábado (2) levou o país a declarar estado de emergência no dia seguinte, a cidade mergulhou no caos e registra confrontos em diversos pontos. O toque de recolher vigora, em tese, até a próxima quarta (6).
A crise no país piorou com o desaparecimento do primeiro-ministro, Ariel Henry, desde a segunda-feira, três dias após assinar um acordo de cooperação na área de segurança com o Quênia.
O estado de emergência foi decretado após os fugitivos, a maioria membros de gangues, invadirem prédios públicos, matando pelo menos 12 pessoas. Eles alegam estarem pressionando pela renúncia de Henry. Calcula-se que os grupos armados controlem cerca de 80% da capital. Ocorrem inúmeros confrontos entre as gangues e a polícia.
A presença de grupos armados cresceu bastante no Haiti desde 2020. Entre os presos fugitivos, estavam gangues acusadas de matar o então presidente do país, Jovenel Moïse em 2021.
Brasil
O Itamaraty cobrou que a comunidade internacional atue de fato para ajudar o país, com o envio de uma missão internacional de segurança.
"Ao recordar seu histórico compromisso com a estabilização do Haiti, o Brasil conclama a comunidade internacional a adotar, com urgência, passos concretos para apoiar o país, em particular por meio da implementação da Resolução 2699 (2023) do Conselho de Segurança da ONU, que cria a Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti (MSS), bem como por meio de ações em prol do desenvolvimento do país."
O governo brasileiro também cobrou das lideranças haitianas que contribuam para a realização de eleições assim que a situação de violência esteja minimamente contornada, para garantir segurança a eleitores e candidatos. A embaixada em Porto Príncipe disse que está em contato com a comunidade brasileira no país e não há registro de incidentes com cidadãos do Brasil.
Comunidade Internacional
A crise no país mais pobre das Américas foi comentada por outras lideranças regionais. Os EUA disseram estar "acompanhando com grande preocupação a rápida deterioração da situação de segurança no Haiti". O comentário foi feito pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby.
O secretário-Geral da ONU, António Guterres também se disse preocupado e pediu "uma ação urgente, especialmente para dar apoio financeiro à missão multinacional de segurança".
Já a OEA, disse ser "irresponsável que continuem demorando as medidas e as ações necessárias" para estabilizar o Haiti.
A vizinha República Dominicana - único país a ter fronteira terrestre com o Haiti - disse ter reforçado a presença militar na borda.
Leia mais
- Haiti, a ilha que não existe. Artigo de Lucia Capuzzi
- Em um ano, 365 milhões de perseguidos: Kim e Ortega lançam seus ataques contra os cristãos. Artigo de Lucia Capuzzi
- COP28. O rascunho sem a “eliminação” dos combustíveis fósseis faz explodir de raiva a UE e os países pobres. Artigo de Lucia Capuzzi
- O grande poder da presença: a força das mulheres no Irã de hoje. Artigo de Lucia Capuzzi
- A Igreja Haitiana convoca nesta quarta-feira um dia de oração pela libertação dos sequestrados
- As dores do Haiti na cruz entregue ao Papa
- Haiti: um labirinto de pobreza e violência sustentado pelo intervencionismo
- Conselho de Segurança da ONU aprova intervenção estrangeira no Haiti
- Haiti: bispos, “uma verdadeira guerra de baixa intensidade está em curso contra a população pacífica e desarmada. Pedimos aos fiéis que permaneçam ativos”
- Haiti: apelo do Dom Roberto, de Porto Rico, “o grito de dor do povo deve ser ouvido”
- “3 milhões de crianças precisam de assistência: fome e desnutrição, sem precedentes”, diz Unicef sobre situação no Haiti
- As guerras esquecidas dos últimos: o Haiti afunda na indiferença
- Surto de cólera no Haiti já deixou mais de 450 mortos
- Haiti. Terremotos, deslizamentos e inundações não dão trégua: missionários próximos à população
- “Há países que nunca permitirão que nós, haitianos, dirijamos o Haiti”. Entrevista com Jean Casimir
- Haiti refém de gangues armadas. População organiza grupos de autodefesa e desconfia de possíveis intervenções militares da ONU
- Haiti: quando os fiéis têm que negociar com as gangues para poder ir à missa
- Haiti: ONU, “a violência está se espalhando num ritmo cada vez mais alarmante”
- Haiti já é “um país em situação de guerra”
- Haiti. “Eu vou morrer em breve”: o grito de desespero dos haitianos contra a onda de violência no país
- Haiti. Violência e balas perdidas obrigam Médicos Sem Fronteiras - MSF fechar hospital
- Violência aumenta no Haiti. Mais um padre raptado
- Haiti: missionário é sequestrado, e freiras brasileiras são agredidas
- Haiti vive “situação sem precedentes”
- Para entender o atual momento da crise no Haiti
- Haiti. “As gangues controlam partes muito importantes do país”
- Haiti. Missionários com o coração agitado: gangues armadas também atacam igrejas e hospitais
- Haiti. “País nas mãos de gangues, estamos atônitos e indignados com a impotência do Estado”, denunciam os bispos
- Haiti, testemunhas oculares: “Irmã Luisa foi vítima de uma emboscada. Não foi um assalto”
- Papa reza por religiosa assassinada no Haiti
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Haiti: controlado por gangues e com premiê desaparecido, comunidade internacional pede ação para conter o caos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU