“Muçum não existe mais”

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15 Setembro 2023

Essa fala é de Mateus Trojan, prefeito da cidade gaúcha, em entrevista à CNN. Muçum, que pode ser referência também para o saudoso músico e humorista carioca (cuja grafia era “Mussum”, mas de som idêntico), além do peixe que vive em rios e açudes da América do Sul, neste caso, é um pequeno município com cerca de 5 mil habitantes, localizado no Vale do Rio Taquari.

A reportagem é de Lia Ribeiro, em newsletter da Alter Conteúdo enviada ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU

Nos últimos dias, no Google, o volume de buscas do termo “muçum” acompanhou o mesmo movimento do número de mortes causadas após a passagem do ciclone extratropical no Rio Grande do Sul. Em 4 de setembro, a taxa de interesse no termo correspondia a 10, e o número de mortos era de 6; no dia seguinte, a taxa era de 44, e o número de mortos, 21; em 6 de setembro, a taxa era de 90, e os mortos, 31; e, quando a taxa de interesse no termo atingiu seu pico, de 100, em 7 de setembro, o número de mortos chegou a 41.

Não vou me ater à grafia do termo. Se é com “SS” ou “Ç”. Mas vale falar que muçum é uma palavra de origem tupi-guarani, porque vale lembrar que, se a colonização europeia não tivesse dizimado mais de 70% da população indígena no território hoje conhecido como Brasil, provavelmente, Muçum ainda existiria.

Longa história curta: a crise climática é diretamente associada à interferência humana no antropoceno, período iniciado a partir da revolução industrial, no século XVIII. Fato é que muita coisa mudou nas últimas décadas, a população indígena diminuiu e a temperatura do planeta aumentou – já está bem próxima de ultrapassar o limite de 1,5ºC combinado no Acordo de Paris.

Esse aumento de temperatura, nos próximos anos, terá um empurrãozinho do El Niño, fenômeno atmosférico-oceânico que, no Brasil, implica diretamente o excesso de chuvas nas regiões Sul e Sudeste. A enchente em Muçum se deu justamente por uma grande quantidade de chuva que não teve como escoar. Que correu forte, descendo as montanhas da região e se acumulou nas cidades localizadas no vale.

Não é de hoje que se fala do El Niño. Eu lembro, em minha época de escola, de já ter estudado o termo, e lá se vão mais de 20 anos. Mas, o que mudou? O menino cresceu, com o perdão do trocadilho. Agora, se fala em Super El Niño. Até então, só foram registrados 3 do tipo, em 1982, 1998 e 2015.

Um fenômeno, que já acarreta prejuízos para a produção de alimentos, probabilidade de maior disseminação de doenças tropicais e eventos extremos, pode ficar mais forte. Pode não. Vai ficar mais forte.

E, sim. Não tem muita explicação a não ser a mudança do clima.

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