05 Setembro 2023
Os países da União Europeia prometem intensificar seus esforços para que a COP28 defina um caminho para a eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 04-09-2023.
De acordo com a Reuters, que teve acesso a um documento preliminar sobre a posição da UE nas negociações climáticas do final do ano, os negociadores europeus querem colocar na mesa um compromisso para o fim da energia fóssil. O documento ainda está sendo negociado e, portanto, pode sofrer alterações antes de ser finalizado em outubro. A atual versão propõe que o setor de energia esteja amplamente livre de combustíveis fósseis “bem antes de 2050”.
“A mudança em direção uma economia neutra para o clima exigirá a eliminação global dos [incessantes] combustíveis fósseis e um pico em seu consumo já no curto prazo”, diz o texto. A Folha publicou uma tradução da reportagem.
A proposta para um phase-out dos combustíveis fósseis não é nova. Na última COP27, no ano passado no Egito, a UE tentou aprovar um indicativo desse compromisso, baseado no entendimento obtido na COP26 para o fim do uso de carvão para geração de energia. No entanto, a oposição dos países emergentes e dos grandes produtores de petróleo e gás inviabilizou a proposta.
De toda forma, os europeus devem encarar desafios similares nesta COP28, que acontecerá nos Emirados Árabes Unidos, um dos maiores produtores de combustíveis fósseis do mundo. A presidência da COP, que será exercida por um executivo da indústria petroleira, vem tentando driblar as cobranças de observadores e ativistas por uma discussão sobre o fim da energia fóssil.
A questão da energia fóssil não é a única polêmica que os anfitriões da COP28 deverão enfrentar. A organização da COP já está gastando bastante tempo e dinheiro para contestar acusações sobre violações aos Direitos Humanos e perseguição política a dissidentes.
O NY Times teve acesso à gravação de uma reunião entre representantes do governo e organizadores da COP na qual os participantes manifestaram preocupação com a possibilidade de protestos contra as autoridades dos EAU durante a Conferência.
“[Ativistas climáticos] aproveitarão esta oportunidade para atacar os Emirados Árabes Unidos. Precisamos preservar a reputação dos EAU, ver como podemos protegê-los e melhorar sua reputação, e tentar minimizar esses ataques tanto quanto possível”, disse Sconaid McGeachin, diretora de comunicação da COP28, na gravação.
“A prioridade do Emirados Árabes na COP28 parece ser o greenwashing de seus planos de expansão dos combustíveis fósseis e a promoção de sua própria reputação, procurando evitar a discussão do seu sombrio histórico de Direitos Humanos e dos contínuos abusos”, criticou Marta Schaaf, da Anistia Internacional.
A Folha também publicou uma tradução da reportagem.
Leia mais
- Mudança Climática – Europa aquece o dobro da média global
- União Europeia firma meta climática mais rígida para reduzir emissões de CO² em 55% até 2030
- Temperaturas na Europa aumentam mais que o dobro da média global
- Ondas de calor extremas podem dobrar até 2050
- Onda de calor em 2022 causou mais de 61 mil mortes na Europa
- A crise energética, a escolha europeia, e a “reviravolta russa”. Artigo de José Luís Fiori
- “O abandono do petróleo não basta para a transição energética”. Entrevista com Maristella Svampa e Pablo Bertinat
- “Os lobbies industriais vão se opor com todas as suas forças à transição ecológica”. Entrevista com Joseph Stiglitz
- “Não é possível pintar a economia de verde, é preciso decrescer”. Entrevista com Alicia Valero
- Depois de Bonn, a COP28 precisa ser uma correção de rumo na ação climática
- Dólar e petróleo: o fim de uma hegemonia
- “As petroleiras vão resistir à descarbonização”. Entrevista com Andreas Malm
- ‘O progresso é um monstro viciado em petróleo’. Entrevista com Juan Fueyo
- Gás e petróleo, o “preço político” da guerra. Artigo de Alberto Negri
