Papa Francisco: “Zelensky não quer mediadores com a Rússia porque sente forte apoio da Europa e dos Estados Unidos”

Papa Francisco e Zelensky no Vaticano (Foto: Vatican Media)

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29 Mai 2023

Eles não sonham tanto com mediações, porque o bloco ucraniano é realmente muito forte. Toda a Europa, EUA. Em outras palavras, eles têm uma força própria muito grande." Foi assim que o Papa Francisco comentou, em entrevista ao Telemundo, as palavras do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que, após seu encontro com o Pontífice em 13 de maio, disse não precisar de mediadores com a Rússia. Bergoglio revelou que, justamente durante aquela audiência no Vaticano, Zelensky “me pediu um grande favor: me ocupar, cuidar das crianças que foram levadas para a Rússia. Ele ficou muito triste e pediu colaboração para tentar trazer os meninos de volta para a Ucrânia". Palavras que chegam quando Moscou avalia positivamente a iniciativa de paz do Papa.

A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 26-05-2023. 

A referência é à missão confiada ao cardeal Matteo Maria Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana e arcebispo de Bolonha. Como precisou o Vaticano, o Papa deu-lhe "a tarefa de liderar uma missão, de acordo com a Secretaria de Estado, que contribuirá para aliviar as tensões no conflito na Ucrânia na esperança, nunca renunciada pelo Santo Padre, de que isso possa iniciar caminhos de paz”. Missão que começará nos próximos dias. O próprio cardeal recordou que o envolvimento do Papa, e a consequente esperança de paz em relação à guerra na Ucrânia, chegou "às lágrimas".

Bergoglio também especificou que a devolução dos territórios ucranianos "é um problema político", acrescentando que "a paz será alcançada no dia em que eles puderem falar um com o outro ou através de outros", disse referindo-se a Putin e Zelensky. O Papa sublinhou assim mais uma vez o objetivo da missão confiada a Zuppi que é precisamente o de colocar a Ucrânia e a Rússia em comunicação. Do Kremlin, eles esclarecem que “qualquer esforço nessa direção só fará sentido se a conhecida posição de princípio da Rússia sobre possíveis negociações de paz for levada em consideração. Recordamos a este respeito que, ao contrário da Rússia, que desde o início está pronta para um diálogo honesto e aberto sobre a solução na Ucrânia, o regime de Kiev ainda rejeita categoricamente a própria possibilidade de negociações com Moscovo e aposta na guerra". Muito significativa, precisamente neste sentido, será a audiência que o Papa terá em breve, para a apresentação das credenciais, com o novo embaixador da Rússia junto à Santa Sé, Ivan Soltanovsky.

Depois da missão que lhe foi confiada por Francisco, o cardeal Zuppi recordou “a angústia que pesa na alma do povo ucraniano que anseia pela paz e que chora por alguém que nunca mais voltou, tragado pela máquina de morte fratricida que é a guerra”. O cardeal retomou as palavras ditas pelo Papa em sua recente viagem à Hungria: “Onde estão os esforços criativos pela paz? Deixemo-nos perturbar – comentou Zuppi – com esta questão, para que não fique apenas a lógica impiedosa do conflito. O Papa Francisco observa a deterioração das relações internacionais". E acrescentou: “Para nós, a paz não é apenas um desejo, mas é a própria realidade da Igreja, que brota da Eucaristia e do Evangelho. A Igreja e os cristãos acreditam na paz, todos somos chamados a ser pacificadores, ainda mais na terrível tempestade dos conflitos. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Igreja estava no meio do povo e no terreno”.

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