24 Janeiro 2023
O Papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio, é uma figura proeminente. Para além de seu papel na Igreja. Nos últimos meses, em particular, tem estado no centro da atenção pública. Em primeiro lugar, após a morte de Joseph Ratzinger, Papa Emérito Bento XVI, predecessor do Papa Francesco, que o sucedeu em 2013. Após sua renúncia, ditada principalmente pela difícil compatibilidade com os ambientes vaticanos.
O comentário é de Ilvo Diamanti, publicado por La Repubblica, 23-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Além disso, falou-se do Papa Francisco após a notícia de sua "possível renúncia" (embora não em um curto espaço de tempo), se suas condições de saúde se tornassem críticas. Neste momento, aliás, não parecem realmente tranquilizadoras, devido ao joelho direito que o obrigou muitas vezes a usar uma cadeira de rodas.
Essas questões preocupam muito além dos ambientes eclesiais. Porque o Papa é uma figura de autoridade, à frente de uma instituição importante como a Igreja. Que, no entanto, ao longo do tempo perdeu enraizamento social.
Cerca de 20% dos italianos frequentam os locais de culto pelo menos uma vez por semana. Quase 30%, nunca. Apenas 10 anos atrás, porém, essa relação era invertida. Além disso, como se sabe, o a frequência à missa e aos locais de culto é cada vez mais uma "prática praticada" pelos idosos e que decresce significativamente junto com a idade.
Entre os que têm mais de 65 anos, de fato, mais de 26% afirmam ir à missa quase todas as semanas. Uma parcela que cai para 12% entre as pessoas com menos de 30 anos. Essa diferença se acentua se for considerado o "gênero". Entre os homens, 14% declaram uma prática religiosa "regular", enquanto entre as mulheres essa componente ultrapassa os 21 por cento.
Por isso, a Igreja permanece "um" centro, senão mais "o" centro da sociedade. Para isso desperta interesse e, como já foi dito, polêmicas. Alimentadas, novamente, por cardeais e altos prelados que desempenharam papéis centrais durante o papado anterior. Como o padre Georg, que, no livro que acaba de publicar, revira contra o Papa Francisco a acusação, feita anteriormente contra Ratzinger de ter criado um "círculo mágico", que "decide também as nomeações".
No entanto, a confiança em relação ao Pontífice é confirmada como muito alta. Expressa por dois terços dos italianos. Aliás, um pouco mais: 68%. Longe dos picos alcançados há 10 anos, no momento da eleição, quando estava perto de 90%. Ou seja: um consenso praticamente unânime. Quase sem distinções sociais, políticas... e religiosas. Hoje a situação mudou, mas o Pontífice continua a receber a confiança da ampla maioria. A mais alta, juntamente com o Presidente da República Sergio Mattarella, entre os sujeitos considerados na pesquisa sobre a "Relação entre os italianos e o Estado”, publicado no La Repubblica no mês passado. A apreciação em relação ao Papa atinge os níveis mais elevados entre as mulheres e nas faixas etárias adulta e idosa. Mas também é relevante entre os mais jovens (49%).
A prática religiosa obviamente, tem uma influência significativa sobre esse sentimento. Não apenas em relação ao Papa Francisco, mas também à Igreja.
Em vez disso, é interessante observar as orientações com base na posição política. Mais especificamente, às intenções de voto. O maior grau de apreço, nessa perspectiva, é expresso pelos eleitores do Partido Democrático (85%) e do Terceiro Polo-Ação e Italia Viva (80%). Mas também entre aqueles que votam nos FI os índices de consenso resultam superiores a 70% (para ser preciso, 73%). A atitude em relação ao Papa Francisco, por outro lado, parece mais morna, mas ainda positiva entre os apoiadores do M5S e dos Fratelli d’Itália. O índice decididamente mais baixo encontra-se na base da Lega. Um aspecto que não surpreende, dadas as posições expressas em diversas ocasiões pelo atual Pontífice sobre o acolhimento de imigrantes. Uma questão desde sempre no centro das estratégias da Liga de Salvini. Em sentido simétrico e contrário. Em outras palavras, abertamente visando o "fechamento". Dos portos e dos desembarques.
No geral, entre os italianos, confirma-se a orientação já observada em outras ocasiões, no passado, nas pesquisas de Demos, apresentadas na Repubblica.
O Papa Francisco, de fato, continua obtendo um consenso alto e transversal. Ele é a figura pública mais popular, entre os italianos. Juntamente com o Presidente Mattarella. O nível de confiança nele aparece, novamente, muito mais alto que a Igreja. Apesar das críticas feitas contra ele, justamente na Igreja. Em particular, no ambiente vaticano. Ou talvez justamente por disso. Porque o Papa nunca se curvou às pressões "internas" do clero. E também por isso, de fato, ainda se olha para a Igreja de Francisco.
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Papa Francisco convence sete em cada dez italianos. A Igreja perde consensos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU