13 Janeiro 2023
"Se defender a arte pela arte significa fazê-lo em detrimento de sujeitos violentados em sua dignidade humana, além de fisicamente, talvez devêssemos repensar os limites de nossa aceitação. Deveríamos ouvir quem não se sente à vontade com aquele fascínio tão idolatrado nos seus mosaicos. Também temos o dever de dissecar os efeitos daquelas obras sobre a comunidade eclesial e nos questionar", escreve Domenico Marrone, teólogo e padre italiano, professor no Instituto Superior de Ciências Religiosas de Bari, na Itália, em artigo publicado por Settimana News, 12-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
No âmbito eclesiástico, nos últimos anos, foram registrados abusos sexuais e abusos espirituais, entendidos como exercício de poder, submissão e dignidade violada, explorando a fé da vítima como contexto de cobertura. O caso Rupnik nos deixou abismados e incrédulos.
Ficar atônitos é determinado também pelo fato de estarmos na presença de um artista talentoso e de renome internacional. Picasso afirmava que “a arte tem o extraordinário poder de sacudir da alma o pó acumulado na vida cotidiana”. Acreditamos nessa afirmação, mas, ao mesmo tempo, sentimos que nossa alma foi como que revirada por uma tempestade de areia e pó.
Entendemos o poder que está nas mãos da arte e dos artistas. O verdadeiro artista tem em si uma sensibilidade particularmente desenvolvida e o seu gênio concretiza-se através de uma análise social, civil e religiosa muito profunda e aguda. O artista é um intelectual com uma função que comporta grande responsabilidade humana e social.
O artista se torna o porta-voz de pensamentos éticos, religiosos, sociais e humanos que podem ajudar a construir um mundo melhor ao redor das pessoas. A missão do artista é uma verdadeira missão comunitária. Os artistas podem ajudar a ser mais felizes e a redescobrir um entusiasmo positivo capaz de mudar as pessoas por dentro.
Entendemos qual deveria a ser o papel ético do artista e qual a importante responsabilidade social que ele tenha que gerir. No caso Rupnik, surgem questões não menos importantes: rejeitar as obras de artistas imorais? Atribuir a ética do autor às suas obras? É certo apreciar as obras de arte feitas por pessoas imorais? Essas são apenas algumas das questões que se colocam de forma impositiva diante do infeliz caso.
Sentimos o desfecho dramático de uma avassaladora e devastadora hybris prometeica de uma insaciável e luxuriosa concupiscência de um único homem, que se encerrou na prisão de um trágico narcisismo, numa vã tentativa de se colocar no lugar de Deus usurpando o seu poder. Estamos diante de uma decidida perversão do espírito e/ou do mascaramento de uma perversão sexual (e as duas coisas muitas vezes coincidem). Estamos diante de um misticismo orgiástico.
De imediato devemos frisar que os abusos perpetrados têm uma característica que pode ser descrita como incesto espiritual. De fato, eles foram cometidos – no caso de a imputabilidade ser estabelecida – precisamente por aquele que deveria ter sido a transparência encarnada da paternidade de Deus e da maternidade da Igreja para aqueles de quem ele escandalosamente abusou.
E tais abusos resultam espiritualmente também orgiásticos, sendo o protagonista também um irmão na mesma fé em função do batismo comum. Ele justificava aos seus olhos ações desviantes. Abusou do papel de "pai espiritual" para impor atos eróticos a pessoas subjugadas e não livres.
Impropriamente se faz referência também a uma excomunhão latae sententiae por absolvição do cúmplice. Mas como pode ser considerada cúmplice uma pessoa subjugada e não livre? Não seria mais apropriado falar de estupro e uso fraudulento, visando apenas o proveito sexual, do discurso religioso, por teologia desviante e corrupção das almas? É preciso desconstruir as "justificativas" de uma casuística hipócrita.
Se nos limitarmos à indignação (e isso é necessário diante de tamanho acúmulo de escândalos internos), se nos contentarmos com explicações psicológicas ou psiquiátricas (que, em todo caso, fazem parte do problema), corremos o risco de perder o essencial: a ligação direta entre abuso espiritual e abuso sexual.
Os predadores sexuais agem dentro das estruturas eclesiais sobre almas inocentes sedentas de Deus. Eles não agem fora, às margens das sexualidades impossíveis, mas, ao contrário, no coração de suas missões religiosas.
Eles ouvem confissões, dirigem as consciências para melhor torcê-las e conduzi-las para as suas perversões. Aproveitam-se da sua ascendência religiosa, da sua posição de domínio (fundador, padre ou "pai espiritual") para praticar não só violações de consciência, violações da inocência, da frescura da alma, do corpo e do espírito, mas também para justificar tudo isso em nome da religião.
Compreende-se então melhor porque a perversão sexual intervém no processo para perverter o discurso religioso: é preciso o domínio espiritual sobre uma alma inocente para a corromper; é preciso o poder do segredo religioso e da iniciação nos mistérios de Deus para conduzir as vítimas a essa muda impotência; é preciso o poder da graça de Deus para apagar tudo. Esse uso de Deus para fins de humanidade diabólica mantém o pervertido na ilusão de uma justificação divina, de uma "relação especial" que estaria além das regras morais.
É sobretudo uma perversão espiritual. A vítima deve consentir. O estupro se torna “relação especial”. A moral desaparece em favor da "missão". Para que se possa virar a repugnante página dos abusos, ainda falta abordar a questão da manipulação espiritual na Igreja, por meio de seus instrumentos (confissão, direção/acompanhamento espiritual), dos seus discursos.
Mesmo além das perversões gritantes, tais instrumentos devem sempre ser manuseados com prudência, e os discursos devem ser realizados com o maior respeito pelas pessoas e a maior consideração pela integridade (espiritual, psíquica e física) das pessoas.
Qual é a relação entre o abuso espiritual e o abuso sexual? O abuso espiritual e aquele sexual estão intimamente interligados. O abuso espiritual costuma ser a estratégia de preparação, ou seja, a estratégia de iniciação do abusador para preparar e justificar o abuso sexual.
Nas comunidades organizadas hierarquicamente ou nas relações onde há um superior e um subalterno, sempre existe a possibilidade de conflito. Na busca de uma definição adequada de quando ocorre um abuso de poder, de autoridade ou um abuso espiritual, é necessário primeiro advertir que qualquer dificuldade com respeito à autoridade na hierarquia eclesiástica não é em si já um abuso.
Falamos de abuso espiritual quando num contexto religioso são ultrapassados os limites da dignidade da pessoa, que o Criador traçou para o ser humano como pessoa, de modo que se restringe o seu espaço vital físico, espiritual e íntimo. Isso ocorre de forma manipuladora e sem o consentimento do indivíduo, de forma que sob o pretexto da espiritualidade no sentido mais amplo da palavra ele é humilhado ou anulado.
O limiar do abuso é quando a pessoa, na função de superior, abusa do poder e da autoridade para satisfação pessoal e adentra o espaço íntimo e espiritual da pessoa subordinada, utilizando-se de diversas formas de manipulação e intimidação.
A primeira característica do abuso espiritual é a violação dos limites. A violação dos limites espirituais viola a privacidade da pessoa. A pessoa perde o espaço protetor que sua dignidade merece. Aqui acontecem as coisas mais íntimas da vida espiritual. Nas comunidades, isso muitas vezes assume assustadoramente a forma de que o acompanhamento é oferecido, até mesmo permitido, apenas dentro da comunidade.
Aqui as áreas do foro interno e do foro externo, estritamente separadas pelo direito canônico, se confundem. Nas comunidades se desenvolvem muito facilmente estruturas incestuosas. [1]
Segundo Klaus Mertes, o abuso espiritual é baseado em uma profunda confusão na relação entre o guia espiritual e a voz de Deus, o que pode levar às seguintes anomalias. O superior ou acompanhante confunde a pessoa subalterna de modo que esta o confunde com a voz de Deus. Uma segunda possibilidade é que o próprio superior ou acompanhante substitua a voz de Deus. Além dessas, uma terceira variante de abuso espiritual leva à substituição combinada dos papéis das duas primeiras possibilidades. Isso significa que o superior se considera enviado de Deus em quem o subalterno deve acreditar e que deve seguir, mas também o próprio subalterno o vê sob essa luz. [2]
Esse tipo de abuso pode incluir manipulação e exploração, a imposição de uma falsa responsabilidade, uma censura sobre as decisões, a pretensão de segredo, a coerção, o controle sob o pretexto da vontade de Deus, a exigência de obediência, o ressalte de uma posição excepcionalmente privilegiada ou sublime do subalterno, o isolamento como instrumento de punição, a superioridade e o elitismo.
É característico do abuso espiritual que a pessoa superior fira aquela submissa no âmbito de sua autonomia e liberdade pessoal em contexto religioso. Esse abuso pode se manifestar na forma de negligência espiritual, onde a pessoa subalterna é privada das possibilidades de crescimento espiritual, como manipulação espiritual ou como violência espiritual.
Um tipo de comportamento sutil e encoberto é típico da manipulação espiritual, onde a pessoa subalterna é desencaminhada, recebe informações incorretas sobre seu comportamento, de modo que não percebe que está sendo tolhida sua autonomia, ou seja, sua liberdade pessoal.
Na violência espiritual verifica-se um controle total do outro que deve seguir as indicações, aceitar os ideais apresentados, limitar severamente os contatos com os outros, submeter-se ao controle na vida cotidiana, por exemplo na comunicação com os outros. Tal forma de abuso pode durar muito tempo enquanto a pessoa subalterna reconhece àquela superior sua autoridade e poder, ou seja, enquanto não consegue escapar do círculo do cativeiro.
Os abusos espirituais, dos quais a Igreja só nos últimos anos tomou consciência de forma mais integral e completa, podem afetar o indivíduo ou as comunidades. Eles ocorrem em um ambiente de fé, onde sob o pretexto da escuta de Deus, representado por exemplo, pelo guia espiritual ou pelo superior, este exerce poder sobre os outros.
O abuso espiritual pode estar relacionado ao abuso sexual e pode representar um seu prelúdio, embora isso não seja uma regra. Ambos podem se manifestar como formas independentes de abuso. A característica de ambos é a relação assimétrica entre a pessoa responsável e a subalterna, geralmente chegando ao abuso espiritual em sistemas fechados com uma organização estritamente hierárquica.
Aqui deve ser enfatizado que a violência sexual em contexto religioso é difícil de entender sem conhecer a natureza e o contexto de uma violência espiritual. Pessoas em risco e frágeis que são presas fáceis para esse tipo de abusadores, são especialmente os noviços nas comunidades religiosas, os convertidos, as pessoas com altos ideais, as comunidades carismáticas e religiosas com regras confusas sobre o papel de membros individuais e dos órgãos de governo.
A principal característica do abuso espiritual é a perda da autonomia espiritual pessoal, pelo que quem abusa despreza a vítima, a manipula e exerce violência contra ela. Aqui a questão sobre Deus e a fé está sempre em evidência, pois o que é de Deus na relação com o outro é abusado para satisfazer necessidades pessoais.
À semelhança do abuso sexual, a dinâmica do abuso espiritual também é tal que depois a vítima, se não elaborar os traumas, pode tornar-se autora do abuso e assumir, inconscientemente, os modelos de comportamento dos abusadores, repetindo no papel do governo o que sofreu como vítima.
Quais são as causas dos abusos contra as mulheres? O primeiro requisito é um desequilíbrio de poder. As mulheres adultas frequentemente sofrem abusos nas relações pastorais. A pessoa dependente muitas vezes tem uma confiança enorme no agressor, pode ser manipulada. O agressor usa o poder para transformá-la em um objeto com o qual pode fazer o que quiser.
No caso dos sacerdotes, entra em jogo o excesso de poder sobre as mulheres. As mulheres pensam: "Estou bem quando sirvo e não digo 'eu' muito alto." Muitas vezes, o abuso sexual não tem a ver com a satisfação dos impulsos, mas sim com a necessidade narcísica de manipular uma pessoa a ponto de quebrar sua vontade.
O abuso chega lentamente, não acontece imediatamente. Os agressores criam uma relação de confiança e se tornam indispensáveis. Dizem à vítima que é a pessoa mais importante da vida e ela começa a acreditar e ficar dependente. Só então os ataques ocorrem. As pessoas atingidas já sentem que isso não é bom para elas, mas sua percepção é tão anulada que não conseguem mais entender o sentido.
Nas comunidades, os membros se fecham em si mesmos e isso tem como resultado ficar intimidados e isolados. E de repente não há mais ninguém para quem a pessoa atingida possa contar o que está acontecendo. Os agressores disseram a elas qual era a vontade de Deus para elas e elas tiveram que obedecer.
É difícil definir os abusos sexuais, existem várias tentativas de definição específica. O conceito de abuso (latim, abusus) no sentido mais amplo do termo significa uma atividade ou ato contrário aos padrões sociais vigentes, com as normas humanas geralmente aceitas e contra a dignidade da pessoa humana.
Indica a exploração da própria condição para vantagem pessoal ou para ato ilícito que provoca dano material ou imaterial a si e a outrem. É o uso incorreto ou negativo, ou seja, o abuso da própria condição em contraste com a finalidade do ofício confiado. O abuso caracteriza-se pelo fato de sua ação ser planejada e intencional, o que também se aplica à dinâmica de abuso sexual.
O abuso sexual é toda ação não verbal, verbal ou física com que se viola a dignidade e se ultrapassam os limites de outra pessoa de qualquer idade ou sexo com o objetivo de obter prazer sexual ou perpetrar violência. É todo contato físico ou interação, ação visível, verbal ou psicológica entre um menor e um adulto, ou entre duas pessoas adultas, quando quem abusa usa o outro contra sua vontade como meio de excitação sexual.
A violência sexual é uma das experiências de vida mais traumáticas e deixa feridas profundas. Quando falamos de violência sexual, pensamos primeiro na violação, que, no entanto, representa apenas um aspecto mínimo no âmbito desse tipo de violências. A maioria dos abusos é representada por outros mecanismos anteriores de dependência das relações e de demonstração de poder sobre vítimas particularmente selecionadas.
Somente quando direcionamos o olhar para a experiência interior da vítima, com a qual o agressor se comporta como ela não quer, percebemos que se trata de violência. Nessa condição, a vítima não consegue desenvolver ou reconhecer sua própria vontade, e muito menos fazê-la valer.
As experiências dos psicoterapeutas atestam que em todos os casos de abusos sexuais se verifica uma longa preparação que começa primeiro na fantasia do abusador. Em primeiro lugar, o abuso sexual é um abuso de confiança, ou seja, um abuso sentimental, que só em uma etapa posterior pode chegar ao nível físico, como é típico em particular para os membros da família ou para quem abusa nas fileiras do clero, que desfruta de grande confiança entre as pessoas. Um longo abuso, mesmo que apenas sentimental, e a dependência das relações podem causar consequências incuráveis.
Quanto mais tempo dura o abuso, piores consequências deixa na vítima, prejudicando-a em nível espiritual a ponto de não conseguir viver normalmente. A vítima, que para quem abusa não é um parceiro de mesmo nível, mas um puro objeto sexual, é tomada por graves sentimentos de culpa e vergonha, por isso frequentemente apresenta transtornos alimentares e dificuldades no cumprimento das obrigações diárias, no sono e nas relações em geral.
Normalmente a vítima vê na fuga a salvação da armadilha, mas a fuga só pode ser interior - diante dos sentimentos de culpa pessoal - e não diante de quem abusa. A fuga do corpo, da condição e da experiência pessoal leva a pessoa abusada ao estranhamento de si mesma e à solidão, o que pode levar a tal confusão que não permite mais avaliar corretamente suas percepções, nem confiar nelas.
Aqueles que cometem violência sexual são muitas vezes dependentes da sexualidade. A dependência é uma doença caracterizada pela repetição e agravamento do comportamento nocivo. As características da dependência são intoxicação, repetição e aumento da dose, excessos e quedas de humor, incapacidade de interromper o comportamento patológico apesar da consciência de sua nocividade e a reação de abstinência. A pessoa dependente percebe o comportamento nocivo e quer parar, mas não consegue, caso contrário passaria por uma crise de abstinência [3].
A violência sexual não é apenas uma questão de casos individuais, mas um fenômeno generalizado e um problema estrutural. Por vezes, as instituições eclesiais ofereceram um ambiente favorável para exercer violência sexual e esconder seus autores, contra jovens e adultos de ambos os sexos que, sob o pretexto da espiritualidade e da vida de fé, abusaram do cargo e da autoridade confiados para exercer poder e descarregar seus impulsos sexuais contra crianças, jovens e adultos.
Um grande desafio para a Igreja é o reconhecimento da culpa e a aceitação da responsabilidade. Esconder a problemática deve se tornar um legado do passado: são necessários honestidade, verdade e transparência.
Concluo voltando à questão inicial sobre os critérios de avaliação da arte. Sempre que vêm à tona os torpes mal feitos dos ídolos do panteão da arte, perguntamo-nos: é correto separar a obra do artista?
Por trás da cândida efígie de quem fez da pureza e da sublimidade o princípio de suas criações, pareceria de fato se esconder uma alma nada limpa. Os fatos que despontaram lançaram luz sobre os lados sombrios de uma personalidade ambiguamente sinistra, que teria explorado sua autoridade para exercer um controle perverso sobre corpos e almas de mulheres. Disso se teria insinuada a perturbadora hipótese de atos sexuais realizados sem seu consentimento.
Surge então a grande questão, difícil de responder em monossílabos: é correto por isso repudiar, a posteriori, o inestimável legado que esse mosaicista deixou para a história da arte sacra mundial? É lícito condenar os seus tão louvados mosaicos, agora que a sua imagem está comprometida por supostas (ou conirmadas) acusações de abusos sexuais e espirituais? Depois da notícia dos abusos, é então realmente possível poder contemplar os seus mosaicos de coração leve, sem se deixar tomar por um sentimento de desconforto pelos abusos cometidos pelo autor? Esse “detalhe” de sua vida privada pode ser omitido?
Manter vivo o foco no produto criativo e não no autor não significaria abdicar da responsabilidade educativa e da influência que a arte e seus representantes exercem sobre as vidas de seus apreciadores? Não seria oportuno tomar distâncias para evitar que tais abusos possam ser legitimados?
De fato, se nos últimos anos tem crescido a consciencialização no debate público sobre atitudes que já não são mais normalizadas como no passado, tendo mudado – felizmente, acrescento – os padrões de aceitação nos circuitos artísticos, resulta difícil aceitar que o que apreciamos é filho de distorções devidas a reconhecidas personalidades que se escondem atrás de uma criação artística que temperaram nosso gosto ao longo dos anos e traçaram nossas coordenadas na geografia da produção artística.
Portanto, se defender a arte pela arte significa fazê-lo em detrimento de sujeitos violentados em sua dignidade humana, além de fisicamente, talvez devêssemos repensar os limites de nossa aceitação. Deveríamos ouvir quem não se sente à vontade com aquele fascínio tão idolatrado nos seus mosaicos. Também temos o dever de dissecar os efeitos daquelas obras sobre a comunidade eclesial e nos questionar.
[1] Cf. Ir. Katharina Kluitmann osf, Abuso spirituale. Una breve introduzione al tema, pro manuscripto,
[2] Cf. D. Wagner, Spiritueller Missbrauch in der katholischen Kirche. Freiburg – Basel – Wien, Herder, 2020, p. 20.
[3] Cf. G. Versaldi, Aspetti psicologici degli abusi sessuali perpetrati da chierici, Periodica, 91(1), p. 54-55.
Christian 12 de janeiro de 2023
Obrigado por essa releitura crítica do fenômeno estrutural dos abusos na Igreja por meio da análise do agora tristemente conhecido Rupnik-gate. Coloca questões fundamentais que, se compreendidas e acolhidas com maturidade humana além de religiosa, poderão realmente ajudar a Igreja (hierárquica e também dos fiéis) a finalmente se reconciliar com seus próprios lados mais sombrios e menos nobres. Na verdade, não penso mais ser possível olhar para o outro lado, relativizar ou "teologizar" em demasia fenômenos tão dramáticos e violentos. Devem ser enfrentados com realismo e possivelmente resolvidos, há muito mais em jogo do que a imagem que damos como Igreja-comunidade
Maria Luisa Fappiano 12 de janeiro de 2023
A escritora Pearl S. Buck dizia: “Uma arte só é grande se o artista for suficientemente grande para a sua arte”.
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Igreja e abusos: uma hybris prometeica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU