22 Outubro 2021
“A sociedade enxerga a gente a partir da lixeira, o contrário também acontece. A partir das lixeiras eu vejo se uma pessoa é boa ou má”, disse o catador Alexandre Cardoso, 41 anos, em entrevista para a repórter Fernanda La Cruz, do portal Colabora.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Cardoso passou a gostar da leitura a partir de livros e revistas encontradas nos sacos descartados por moradores de Porto Alegre nas lixeiras da capital. Estudante de Ciências Sociais, ele sabe o valor que catadores e catadoras representam para a sociedade. Os 10,5 mil catadores ativos em 607 associações mapeados pelo Anuário da Reciclagem recuperaram 354,6 mil toneladas de lixo no ano passado.
“Nós, catadores, temos conhecimento sobre cada processo e cada tipo de material que é descartado, cada polímero, cada ondulação de papel”, frisou. Enxergar a categoria como profissionais à margem, refletiu, “é uma construção da sociedade das aparências, em que as pessoas valem pelo que têm, não o que são. Então, quando olham para a gente catando na lixeira, já têm toda uma ideia sobre nós”.
O que ele encontra no lixo das pessoas tende a refletir valores e condutas pessoais. “Se uma pessoa separa o lixo, possivelmente não é alguém que vai chutar um cachorro na rua. Se não separa, possivelmente coloca o carro na vaga para idoso ou então fura fila. A gente percebe quem tem empatia, quem é solidário”, explicou.
Na atualidade, Alexandre desempenha funções administrativas em uma cooperativa de Porto Alegre.
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Catadores, uma profissão desvalorizada pela sociedade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU