03 Agosto 2021
A justiça polonesa, evidentemente preparando o confronto final com Bruxelas, à declaração de subordinação das sentenças da UE àquelas polonesas que seriam um "Polexit" judiciário, lança um ataque verbal muito pesado contra a magistratura alemã, "culpada" de ter aplicado uma multa de 4.800 euros a um teólogo polonês que havia escrito um duro artigo contra os homossexuais, definindo-os como "parasitas". O vice-ministro da Justiça polonês, Marcin Romanowski (número dois do chefe do dicastério, Zbigniew Ziobro, ponta de lança e inspirador de campanhas e leis homofóbicas) declarou que “no sistema judiciário alemão se constatam tendências contrárias aos valores da liberdade".
A reportagem é de Andrea Tarquini, publicada por La Repubblica, 02-08-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O teólogo em questão, Dariusz Oko, foi multado pelos magistrados alemães por ter sido denunciado por um simples cidadão fiel, em virtude das leis federais que punem e sancionam todo "discurso de ódio", todo discurso que fomente o ódio e toda afirmação ou ato discriminação contra as minorias. Os juízes de Colônia que proferiram a sentença nada fizeram senão aplicar o artigo primeiro do Grundgesetz, a Constituição que afirma: "A dignidade da pessoa humana é inviolável e toda ação de cada órgão do Estado está subordinada ao seu respeito". Dariusz Oko havia escrito sobre "parasitas homossexuais" em referência ao tema dos escândalos sexuais no Vaticano.
“A imposição de penalidades contra a atividade científica destrói e ameaça os valores constitutivos da liberdade e os padrões europeus”, declarou o vice-ministro Mainowski, entrevistado pela DPA, a maior agência de notícias da República Federal.
Desde as últimas viradas autocráticas e homofóbicas que lembram aquelas da Hungria de Orbán, na Polônia trava-se um severo confronto na Igreja e entre a Igreja e a mídia livre e a sociedade civil sobre o tema da homofobia e da pedofilia e de sua punição.
Do lado do teólogo e do vice-ministro, a poderosa organização dogmática antiocidental e reacionária Ordo Juris, que há tempo apoia o trabalho de Dariusz Oko. A Polônia está há muito tempo sob o fogo da Comissão, do Parlamento e de juízes europeus, acusada de esvaziar a independência do poder judiciário, de ter criado um colégio punitivo contra os religiosos críticos e de ter fornecido apoio do partido da maioria às famigeradas "LGBTQ + - free zones“, cidades e regiões onde autoridades, igreja, Ordo Iuris e outros grupos de extrema direita tornam impossível a vida de homossexuais, lésbicas ou transgêneros, até à violência física inclusive por parte da polícia. A imprensa próxima à igreja e à poderosa estação de rádio Rádio Maryja, sem encontrar sanções do governo e dos juízes, publica e relança as mensagens contínuas de Oko contra "a úlcera cancerosa constituída pela homossexualidade" e "a heresia demoníaca homossexual".
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Os juízes alemães condenam o artigo homofóbico de um teólogo polonês. Varsóvia: “Na Alemanha, um sistema judiciário com tendências contrárias à liberdade” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU