30 Abril 2021
O presidente do Centro para a proteção dos menores da Gregoriana explica as razões que levaram esta instituição a evoluir para um Instituto de Antropologia: com o nosso trabalho estamos nos empenhando com uma mudança de mentalidade, para contrastar qualquer tipo de violência
A entrevista é de Federico Piana, publicada por Vatican News, 28-04-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Uma oportunidade para continuar o nosso trabalho com maior rigor e energia na frente da luta contra os abusos”. É o presidente do Centro de Proteção de Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana (CCP), padre Hans Zollner, que ilustra a importante novidade da transformação do próprio CCP em Instituto de Antropologia, estudos interdisciplinares sobre dignidade humana e sobre o cuidado das pessoas vulneráveis (IADC). Uma metamorfose, determinada pelas próprias autoridades acadêmicas e confirmada pela Congregação para a Educação Católica, que não diz respeito apenas ao nome, mas à sua essência profunda, afirma o sacerdote, membro também da Pontifícia Comissão para a proteção dos menores: “Existem duas razões para a mudança. A primeira é que nosso CCP não pode ter seu próprio corpo docente e conferir seus próprios títulos acadêmicos. Agora, com a transformação em instituto, será possível, de forma que professores também poderão crescer mais. A segunda é esta: quando começamos, há mais de nove anos, o foco do CCP era no abuso contra menores enquanto, nos últimos quatro anos, vimos uma mudança, na opinião pública e na Igreja, que também incluiu pessoas adultas vulneráveis. Precisávamos necessariamente evoluir”.
Quais são, concretamente, as mudanças específicas?
Agora, como Instituto, devemos aumentar o corpo docente promovendo à categoria de “professor” aquelas pessoas que já lecionaram no CCP, mas que eram cedidas de outras unidades acadêmicas. Além disso, estamos trabalhando em vários campos, que surgiram recentemente: abuso espiritual, no contexto do aconselhamento ou direção espiritual, abuso de religiosas em algumas partes do mundo - um grande problema denunciado pelo Papa Francisco há três anos – toda a questão da responsabilidade dos superiores religiosos nos casos de abusos.
Quais são os objetivos desta nova realidade?
Continuaremos com nossos graus acadêmicos e com todas as intervenções que fizermos em colaboração com outras instituições como as Conferências Episcopais ou os Superiores Gerais das Congregações Religiosas. Mas acima de tudo, como instituto de uma universidade, queremos avançar na pesquisa sobre temas específicos: por exemplo, como as religiões e as diversas disciplinas acadêmicas podem colaborar para aumentar a prevenção dos abusos. Deve-se ressaltar que nossos programas são principalmente três: um baseado em educação a distância que oferecemos a muitas instituições internacionais. Depois, há os programas de diplomação, em inglês e espanhol, com duração de seis meses e dirigidos a pessoas que trabalham nos departamentos das dioceses ou das congregações religiosas. Por fim, a licenciatura, que é um diploma universitário de segundo ciclo, que será dirigida a quem se empenha por uma Igreja mais segura nas congregações religiosas ou nas conferências episcopais. Além disso, existe também a possibilidade de oferecer um curso de antropologia que incluirá os estudos interdisciplinares.
No fundo, o novo instituto é um instrumento mais eficaz, útil para toda a Igreja e que marca um novo começo ...
É um upgrade acadêmico, ou seja, um avanço que também nos dá a oportunidade de falar com maior autoridade com nossos próprios parceiros acadêmicos. E além disso, para nós, é importante nos empenharmos com uma mudança de mentalidade para que a prevenção de abusos de vários tipos, esteja sempre no DNA da Igreja.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Um novo instituto para intensificar o combate dos abusos”. Entrevista com Hans Zollner - Instituto Humanitas Unisinos - IHU