26 Abril 2021
"Com a pandemia, cada um de nós experimentou a interdependência: nossa proteção individual só pode passar por uma proteção universal da comunidade", escrevem Giorgio Brizio, Lella Costa, Domenico De Masi, Sara Diena, Tiziana Donati (Tosca), Carlo Petrini, Domenico Pompili e Gustavo Zagrebelsky, em mensagem publicada por La Stampa, 25-04-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em 25 de abril 2020, unidos pelo apelo “iorestolibera, iorestolibero”, reunimo-nos numa praça virtual para celebrar o aniversário da Libertação [1]. Um evento que gerou uma incrível mobilização de recursos humanos e econômicos em favor de nossos compatriotas mais vulneráveis. Uma ocasião que demonstrou como boas intenções, valores e sentimentos de solidariedade humana são capazes de preencher o vazio criado pela distância física forçada.
“Vamos nos reconhecer, vamos nos unir para deixar essa crise para trás e desenhar um amanhã luminoso e promissor”, declarávamos então. Um ano depois, reafirmamos essa nossa vontade e a tornamos ainda mais universal. “A liberdade comporta responsabilidade", dizia a ativista estadunidense de direitos humanos e primeira-dama Eleanor Roosevelt no século passado. Uma consciência verdadeira e atual, que nos lembra que a libertação deste vírus, só pode passar por um grande movimento de partilha e um espírito de comunidade, que se materializa na distribuição equitativa de vacinas em nível planetário.
A saúde é um direito de todos e a sua garantia é uma responsabilidade da qual nós - que neste mundo somos privilegiados - não podemos fugir. Num momento de emergência mundial como o que vivemos, devemos clamar pela suspensão das patentes das vacinas, juntamente com a liberalização de conhecimentos, técnicas e instrumentos para favorecer uma produção democrática. Porque se é verdade que do ponto de vista biológico o vírus não faz exceções de classe, gênero, idade e nacionalidade entre as pessoas, também é impossível negar que, do ponto de vista social, sua trajetória devastadora se deparou com grandes desigualdades e discriminação, só fazendo com que aumentassem.
E agora que a vacina nos oferece uma resposta para enfrentar o avanço do vírus, não podemos permitir que o acesso seja prioridade dos mais ricos, nem propriedade de algumas nações que a utilizam como expediente para ampliar seu poder.
Uma advertência, esta, lançada em alto e bom som também pelo Papa Francisco no Dia Mundial da Saúde e que hoje acolhemos, incentivando a formação de uma rede internacional que levará adiante essas instâncias e as tornará concretas.
Com a pandemia, cada um de nós experimentou a interdependência: nossa proteção individual só pode passar por uma proteção universal da comunidade. Portanto, só podemos nos sentir realmente seguros quando também curamos o grande vírus da injustiça e da desigualdade. Não vamos virar as costas a essa conscientização! Vamos garantir que, com este 25 de abril, liberdade signifique também reconhecer-nos responsáveis pelo bem e pelo destino dos mais frágeis.
[1] O Dia da Libertação, também conhecido como Aniversário da Libertação da Itália, Aniversário da Resistência ou simplesmente 25 de abril é um feriado nacional na Itália que comemora o fim do regime fascista e da ocupação pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial e a vitória do a Resistência na Itália.
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E agora vamos nos libertar das patentes da vacina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU