31 Março 2020
Embora muitas igrejas na Itália permaneçam abertas, visitar uma igreja para rezar não é uma desculpa válida para sair de casa durante o confinamento da Covid-19 na Itália, afirmou uma nota do Ministério do Interior italiano.
A reportagem é de Cindy Wooden, publicada em Catholic News Service, 30-03-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O cardeal Gualtiero Bassetti, de Perugia, presidente da Conferência Episcopal Italiana, pediu ao governo que esclareça as regras do confinamento e como elas se aplicam à Igreja e aos serviços eclesiais.
As pessoas que desejam rezar em uma igreja podem fazê-lo apenas se “a igreja estiver situada ao longo do caminho” que leva a um motivo aprovado pelo governo para sair de casa: ir ao supermercado, farmácia, consultório médico ou para trabalhar quando for necessário e não puder ser feito de casa, disse a resposta do ministério, que foi publicada em seu site no dia 28 de março.
As forças da lei podem deter qualquer pessoa que esteja em público; quando saem de casa, as pessoas são obrigadas a levar consigo uma “autocertificação”, jurando que não estão em quarentena e não obtiveram um resultado positivo para a Covid-19 e declarando o motivo pelo qual estão fora.
O governo pode multar ou até prender aqueles que mentirem no formulário. Somente no dia 28 de março, segundo o ministério, a polícia exigiu os formulários de mais de 203.000 pessoas e multou perto de 5.000 delas. Os números não incluem o número de pessoas que a polícia simplesmente aconselhou a voltar para casa.
Após quase três semanas de confinamento, Roberto Speranza, ministro da Saúde da Itália, disse no dia 29 de março que o país ainda estava na pior fase da pandemia, e que as pessoas não deveriam baixar a guarda. O Ministério da Saúde informou naquele dia que um total de 97.689 pessoas na Itália haviam testado positivo para a Covid-19 desde fevereiro; 10.779 pessoas morreram; e 13.030 se recuperaram.
O Departamento de Liberdades Civis e Imigração do Ministério do Interior, na nota sobre como as medidas do confinamento afetam as igrejas, afirmou: “As medidas para conter a emergência epidêmica da Covid-19 trazem consigo a limitação de vários direitos constitucionais, incluindo o exercício de culto, mas não preveem o fechamento de igrejas nem a proibição de celebrações religiosas”.
“No entanto, as cerimônias devem ocorrer apenas na presença dos celebrantes e dos assistentes necessários para o rito – sem a presença dos fiéis – para evitar aglomerações que possam se tornar potenciais ocasiões de contágio”, disse a nota.
Os casamentos, segundo o texto, não estão proibidos, mas as mesmas regras se aplicam: “Eles podem ocorrer apenas na presença do celebrante, da noiva e do noivo, e das (duas) testemunhas, respeitando a distância prescrita entre os participantes”.
O ministério também forneceu algumas orientações logísticas para a celebração das liturgias da Semana Santa e da Páscoa, que serão transmitidas ao vivo.
“As presenças das pessoas devem ser entendidas como limitadas aos celebrantes, ao diácono, ao leitor, ao organista, ao cantor e aos que lidam com a transmissão”, afirmou o comunicado. Essas pessoas, e somente elas, se detidas pela polícia, podem indicar uma “obrigação de trabalho necessária” como motivo em seu autocertificado, “mesmo que o serviço litúrgico não seja estritamente comparável” a um emprego.
Leia mais
- Roma. Páscoa 2020, como mudarão os ritos: a Via Crucis no adro de São Pedro
- “Francisco nos diz que somos importantes para Deus, que devemos remar unidos”. Artigo de Victor Codina, s.j
- Prefeita de Roma se encontra com Papa Francisco e apoia campanha da Cáritas
- Enquanto o coronavírus mantém os fiéis em casa, clero cristão debate a Comunhão online
- Francisco recebeu o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte para analisar a pandemia
- A liturgia doente e a vã tentativa de reanimar o Missal de 1962
- Coronavírus, vida e fé no ambiente digital. Um vade-mécum
- A tentação de perder a mediação. Artigo de Márcio Pimentel
- O Angelus do papa na praça vazia e depois a caminhada até o crucifixo dos milagres
- O Vaticano. O Angelus e as audiências públicas serão apenas em vídeo. O Papa também está se blindando
- A propensão laica da televisão, entre igrejas silenciosas e missas ao vivo
- Vaticano proíbe as missas com fiéis durante Semana Santa nos países afetados pela pandemia
- É preciso distinguir entre as “missas digitais” e as das outras mídias, afirma teóloga
- “Como cientista, eu peço: cancelem todas as missas”
- A missa acabou
- Uma comunidade que reza não é uma aglomeração
- Sem presbítero não, mas sem povo sim? Artigo de Simona Segoloni Ruta
- Igreja e Reino transpassam o Vaticano. “O coronavírus faz perceber a diferença entre religião e evangelho”. Artigo de José María Castillo
- Clausura sanitária e abertura simbólica. Uma igreja aberta na cidade fechada?
- A frustração do Papa Francisco com o coronavírus e o “confinamento litúrgico”
- Seis chaves para entrar em oração em tempo de reclusão
- Covid-19: o início de uma igreja virtual?
- Uma Igreja centrada no padre, confusa e despreparada
- Relações na internet e comunidades em rede: as preocupações comunicacionais de Francisco
- A (re)descoberta eclesial do ambiente digital: entre luzes e sombras
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Governo italiano esclarece regras de confinamento para igrejas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU