Phyllis Zagano: sobre as mulheres diaconisas o Papa quer uma ampla discussão

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17 Mai 2019

Com a decisão de entregar publicamente ao presidente da União Internacional das Superioras Gerais (UISG) o resultado alcançado pela Comissão sobre o diaconato feminino apesar do "pouco" sobre o que todos os comissários concordassem, e a ênfase contextual de que é necessário aprofundar mais a questão antes que ele possa fazer um "decreto sacramental" que tenha "fundamento teológico-histórico", o Papa Francisco está tentando ampliar para os bispos a discussão: é isso que pensa Phyllis Zagano, membro da comissão e professora da Hofstra University (Estados Unidos).

A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 16-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini

Se "muitos reagiram com desapontamento, inclusive entre as irmãs," às palavras do Pontífice, "eu estou em paz", disse a professora Zagano durante um encontro com um grupo de jornalistas. "Acredito que o papa esteja tentando expor a discussão, acho que ele está chamando os bispos para falar sobre isso, está desafiando-os. Espero que resulte uma discussão ampla, tanto formal como informal".

A estudiosa, um grande especialista do tema, favorável à reintrodução do diaconato feminino, não realizou conferências públicas nem concedeu entrevistas durante o período em que a Comissão esteve ativa (agosto de 2016-junho de 2018), nem fala agora do que aconteceu dentro do Comissão. "O Santo Padre pediu-nos um relatório", visando a sua "reflexão pessoal" e "nunca entendi que fosse algo destinado à publicação", limita-se a dizer Zagano, "não sei o que o Papa entregou" à presidente da UISG.

Na reconstrução de Phyllis Zagano, Paulo VI pediu a um membro da Comissão Teológica Internacional, Cipriano Vagaggini, para aprofundar a questão das mulheres diácono, e o teólogo, em um artigo publicado em 1974 no jornal do Pontifício Instituto Oriental, afirmou que era possível proceder a tal ordenação. Orientação confirmada por uma subcomissão da própria Comissão Teológica Internacional (1992-1997), cujas conclusões de 17 páginas, no entanto - como relatado por dois membros - não foram publicadas, pois o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Joseph Ratzinger, "recusou-se a assinar", modificando posteriormente a composição da subcomissão.

Em 2002, a Comissão Teológica Internacional publicou um documento sobre a "evolução e perspectivas" do diaconato, com muitas passagens semelhantes às de um livro sobre o tema do Cardeal Gerhard Ludwig Müller, no qual afirmava que as diaconisas "não são pura e simplesmente comparáveis a diáconos" e assinalava que a decisão sobre a ordenação da mulher cabe "ao ministério de discernimento".

Bento XVI, por sua vez, afirmou, em um encontro com os sacerdotes da diocese de Roma em 2006, que "é justo perguntar se, inclusive no serviço ministerial ... não se possa oferecer mais espaço, mais posições de responsabilidade para as mulheres". Em 2009, então, o motu proprio Omnium in mentem do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos modificou o direito canônico para estabelecer que "aqueles que são constituídos na ordem do episcopado ou do presbiterado recebem a missão e a faculdade de agir na pessoa de Cristo Cabeça; os diáconos, ao contrário, sejam habilitados para servir o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade".

Das últimas declarações do Papa Francisco, fica claro que "cabe aos comissários continuar pesquisando e falar sobre isso", diz a professora, "sinto que me pediram para publicar mais sobre o tema, que é o que estou fazendo". Durante esses anos, relata, durante suas estadas na Casa Santa Marta encontrou "bispos e cardeais que seriam contrários" à ordenação de mulheres diácono enquanto "muitos bispos da América Central e do Sul não veriam problemas, assim como os bispos da América do Norte”. E recentemente, ainda na residência do Vaticano, um sacerdote italiano foi falar com ela e perguntou: "Quando chegam as mulheres diácono? Eu tenho muitas mulheres na minha paróquia, eu preciso delas!”.

Zagano, no entanto, não imagina "que se possa tomar uma decisão que não se aplique à Igreja universal: posso imaginar que uma decisão para Igreja universal seja aplicada pelas Conferências episcopais individuais e, portanto, pelos bispos individuais", afirma, convencida de que o tema, por exemplo, será discutido no Sínodo sobre a Amazônia em outubro.

A Igreja, disse a estudiosa, "tem a oportunidade de mostrar ao mundo que as mulheres são feitas à imagem e semelhança de Deus. Temos 1,3 bilhão de católicos, dois bilhões de cristãos e cinco bilhões de outras pessoas e metade do mundo são mulheres, muitas são discriminadas, são queimadas, espancadas porque não cozinharam direito o arroz, sofrem. Se o Santo Padre tivesse a oportunidade de ter uma mulher ao seu lado que proclame o Evangelho em São Pedro, diria ao mundo que as mulheres não são o mesmo que os homens, mas são iguais aos olhos de Deus: isto é o mais importante, e é para isso que eu luto”.

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