12 Mai 2019
Ao falar publicamente sobre o desacordo entre os membros da comissão vaticana sobre a história das diáconas na Igreja Católica, o Papa Francisco está buscando ampliar a conversa sobre o assunto, disse um membro do grupo.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 10-05-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Ele está tentando trazer a discussão”, disse Phyllis Zagano, teóloga e uma das 12 pessoas que Francisco indicou para a comissão em 2016.
“Eu acho que ele está chamando os bispos para falarem sobre isso e desafiando-os”, disse Zagano, falando no dia 10 de maio a um pequeno grupo de jornalistas poucas horas depois que o pontífice tinha falado sobre a comissão para os membros da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), que originalmente pediram a criação do grupo.
Zagano, que também é colunista do NCR e publicou vários textos sobre a história das diáconas, disse que está “totalmente em paz” com as declarações do papa e com a sua decisão de entregar o relatório da comissão à irmã maltesa Carmen Sammut, presidente da UISG.
“O Santo Padre está dizendo que cabe aos membros da comissão continuar sua pesquisa e falar sobre isso”, disse ela. “Quanto a mim, eu senti que estava sendo convidada a fazer mais publicações.”
“Eu acho que o papa é mais esperto do que eu, e ele sabe exatamente o que está fazendo”, disse Zagano.
Francisco falou pela primeira vez sobre a comissão das diáconas em resposta a uma pergunta do NCR durante uma coletiva de imprensa no avião no dia 7 de maio. O papa disse que a comissão foi incapaz de chegar a um acordo sobre o papel das diáconas nos primeiros séculos do cristianismo, mas continuaria seus estudos sobre o assunto individualmente.
Em sua audiência no dia 10 de maio com cerca de 850 membros da UISG, Francisco disse que havia dado um relatório sobre aquilo que a comissão concordava para Sammut, que também lidera as Irmãs Missionárias de Nossa Senhora da África.
O papa acrescentou que pode convocar os membros da comissão novamente para verificar que novos fatos eles descobriram sobre o ministério das mulheres na Igreja primitiva.
Em seu encontro com os jornalistas, Zagano concentrou-se em sua pesquisa sobre a história das diáconas. Ela disse que não poderia compartilhar detalhes sobre o trabalho da comissão, sobre o que o grupo discutiu ou sobre quais assuntos os membros haviam concordado ou discordado.
Ela revelou que o grupo se encontrou pela última vez em junho de 2018 e disse que não sabia exatamente o que contém o relatório que Francisco entregou a Sammut.
“Eu não sei o que o Santo Padre entregou a Carmen”, ela afirma. “Nós saímos em junho e nem sei se seremos chamados de volta.”
Zagano disse que a discussão sobre o papel das diáconas na Igreja primitiva vinha ocorrendo há séculos.
“Eu gostaria de ver o que pode ser tornado público e que a discussão mais ampla aconteça, formal e informalmente”, disse ela. “Porque a história sozinha não é dispositiva. Como o Santo Padre disse, a Igreja não é um museu.”
“Eu acho que a discussão precisa ir além do histórico”, disse Zagano. “A história sozinha não pode decidir a questão.”
Ao continuar a discussão sobre as diáconas, Zagano disse: “A Igreja tem a oportunidade de dizer ao mundo que as mulheres são feitas à imagem e semelhança de Deus”. Ela observou que muitas mulheres em todo o mundo sofrem discriminação ou violência por causa de seu gênero.
“Se o Santo Padre quisesse e pudesse ter uma mulher ao seu lado proclamando o Evangelho em São Pedro, ele diria ao mundo que as mulheres não são a mesma coisa, mas são iguais aos olhos de Deus”, disse ela.
“Esse é o ponto importante aqui”, afirmou. “É por isso que eu estou lutando.”
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Papa quer mais discussão sobre as diáconas, afirma Phyllis Zagano, membro da comissão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU