Por: Ricardo Machado | 30 Junho 2018
Junho de 2013 é um ano em aberto. As disputas narrativas e políticas ainda são muitas, mas poderíamos, com o propósito de entender o debate — não o de reduzir sua complexidade —, trabalhar em duas tendências interpretativas, como sustenta Moysés Pinto Neto, em entrevista por e-mail à IHU On-Line. “Há dois grandes grupos na esquerda sobre isso. Para o primeiro, Junho foi o ‘embrião do golpe’, espécie de ovo da serpente que permitiu a liberação das forças fascistas e conservadoras da sociedade brasileira, desestabilizando um governo que vinha produzindo grandes resultados na área social. Já o segundo grupo vê de forma totalmente oposta o processo. Junho teria sido uma explosão cívica inigualável, um verdadeiro acontecimento que colocou o povo brasileiro como protagonista da sua própria história. Esse grupo, em geral, nega métricas estritas para medir o impacto de 2013. Ainda estaríamos vivendo esses efeitos. É bom lembrar que 2013 não acabou em 2013, como costuma dizer a esquerda mais ligada ao PT refratária aos protestos”, analisa o entrevistado.
Segundo Moysés Pinto Neto, Junho de 2013 teve uma força ainda maior de parar o país que a recente greve dos caminhoneiros. “Junho conseguiu produzir um entusiasmo inédito, uma espécie de pulsão de vida que chamava ao engajamento. A Greve dos Caminhoneiros, nesse sentido, tem algo em comum e algo bem distinto de 2013. Por um lado, carregou um sentido de indignação cidadanista capaz de evocar a solidariedade social. Esse lastro cidadanista foi amplamente vitorioso em 2013, quando os manifestantes convenceram a população de que a luta pelo transporte era uma luta material, vital e justa”, frisa. “Por outro lado, também a luta dos caminhoneiros acabou engatada a um ecossistema de ideias de extrema direita, o que prejudicou o prolongamento da luta e o entusiasmo popular. Embora a maioria das pessoas tenha se solidarizado com os motoristas, apenas uma pequena parte estava sintonizada com o desejo de golpe (e não intervenção) militar”, complementa.
Moysés Pinto Neto durante sua palestra no IHU
Foto: Cristina Guerini | IHU
Moysés Pinto Neto é graduado em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, mestre em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS e doutor em Filosofia nessa mesma instituição. Leciona no Programa de Pós-Graduação em Educação – ULBRA e no curso de Direito da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas. É autor, entre outros, do artigo Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical?, publicado na edição nº 259 dos Cadernos IHU ideias, e do artigo Esquecer o neoliberalismo: aceleracionismo como terceiro espírito do capitalismo, publicado na edição nº 245 dos Cadernos IHU ideias.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Passados cinco anos, que leitura somos capazes de fazer sobre Junho de 2013?
Moysés Pinto Neto – A leitura de que, em primeiro lugar, todos os que tentaram minimizar os acontecimentos estavam errados. Existe o Brasil antes e depois de 2013. Se isso é bom ou ruim, é questão de avaliação. Mas a destituição da legitimidade do poder que caracterizou os acontecimentos é irreversível. O grande pacto que orientou a política brasileira de 1988 a 2013 desabou e a polarização com peemedebismo-tucanos versus petistas hoje está dilacerada. Nesse processo, a sociedade brasileira se hiperpolitizou, ainda que isso não tenha vindo – como era previsível e até inevitável – com a devida atenção à complexidade dos problemas e a organização suficiente para produzir transformações consistentes. Fica a sensação de desconforto, a indignação difusa, a revolta.
Além disso, há uma reorganização geral das forças políticas derivadas dessa politização, o surgimento de novos atores e a candidatura à mediação. A reorganização partidária ainda depende do cenário eleitoral e da superação das tentativas de neutralização dessas forças pelas oligarquias, mas tudo indica que as três principais forças da Nova República – PT, PSDB e PMDB – irão sofrer um grande baque eleitoral em outubro. Nisso, forças como PSOL, Rede, Novo, Livres, entre outros, tendem a ocupar mais espaço. Da mesma forma, o PSB aparece como principal candidato a ser o fiel da balança da governabilidade, não por acaso procurado para alianças por PT (Lula [1]), PDT (Ciro Gomes [2]), Rede (Marina Silva [3]) e até PSDB (Geraldo Alckmin [4]). O surgimento de novos atores envolve grupos da nova esquerda que combinam pautas como feminismo, antirracismo, direitos LGBTTQ, urbanismo crítico e estratégias de redução da desigualdade com novas modalidades de organização como mandatos coletivos, ocupação institucional, coletivos horizontais e liderança distribuída.
Além deles, todo um ecossistema liberal inspirado na crítica ao intervencionismo na economia brasileira, alguns grupos mais centristas que tentam combinar o “capitalismo verde” com a “economia criativa” (algo próximo do que Nancy Fraser [5] chama de “neoliberalismo progressista”) e, para a lástima geral, grupos protofascistas e ultraconservadores que também conseguiram abrigo nas redes e tendem a ocupar lugar no cenário futuro.
Por fim, há os candidatos ao Executivo que claramente se posicionam como mediadores para um futuro que não lhes pertence mais. Mesmo Lula parece ser visto pela parte menos idolátrica do petismo como uma transição garantida para um novo momento. Ciro, Marina, Amoêdo [6] e Bolsonaro [7] também se colocam dessa forma. Talvez aí esteja a fragilidade de Alckmin, que é quem menos se coloca como mediador e mais parece afirmar que “está tudo bem”. Essa situação toda vem da instabilidade gerada por 2013 que não conseguiu ser controlada e extirpada pelo sistema político.
IHU On-Line – Como a esquerda encarou o fenômeno de Junho de 2013 ao longo desses cinco anos?
Moysés Pinto Neto – Há dois grandes grupos na esquerda sobre isso. Para o primeiro, Junho foi o “embrião do golpe”, espécie de ovo da serpente que permitiu a liberação das forças fascistas e conservadoras da sociedade brasileira, desestabilizando um governo que vinha produzindo grandes resultados na área social. Para ela, abriu-se uma “caixa de Pandora” quando se resolveu confrontar o poder em bloco, e as lutas de 2013 teriam sido “sequestradas” pela pauta anticorrupção a partir da articulação midiática. Não por acaso essa esquerda foi colaboradora do processo repressivo que foi desencadeado a partir de 2014, sobretudo nos protestos contra a Copa do Mundo, com o lema #vaiterCopa. Um famoso intelectual petista chegou a chamar o Movimento dos Trabalhadores sem Teto – MTST, hoje um dos principais movimentos aliados ao lulismo, de “vira-latas” quando resolveram contestar as obras da Copa. Ela também foi reforçada pelo afunilamento propositalmente gerado na eleição passada a partir da restauração da polarização entre tucanos e petistas, que trataram de trabalhar juntos para eliminar o terceiro termo (Marina Silva) que desestabilizava a oposição tradicional. Com essa contrarreforma, a polarização engoliu o processo destituinte de 2013 e acabou recalibrando-a em termos de direita e esquerda – o que trouxe, aliás, vantagens consideráveis para a direita. O ufanismo delirante daquele período agora se converteu em melancolia apocalíptica.
Já o segundo grupo vê de forma totalmente oposta o processo. Junho teria sido uma explosão cívica inigualável, um verdadeiro acontecimento que colocou o povo brasileiro como protagonista da sua própria história. Esse grupo, em geral, nega métricas estritas para medir o impacto de 2013. Ainda estaríamos vivendo esses efeitos. É bom lembrar que 2013 não acabou em 2013, como costuma dizer a esquerda mais ligada ao PT refratária aos protestos. Como já dito, 2013 teria sido “distorcido” pela mídia e levado aos MBLs da vida e todos os movimentos pelo golpe parlamentar. Errado. MBL e todo o ecossistema canarinho recebem sua verdadeira potência em 2014, com a polarização eleitoral, e crescem diante da incapacidade governamental de Dilma cumulada ao estelionato eleitoral. Havia movimentos mais à direita em 2013, mas eles não estavam organizados. Em compensação, já depois de Junho ainda perduraram as ocupações nos Legislativos e as greves autônomas dos garis e professores no Rio. O ano de 2014 testemunhou o #naovaitercopa ser perseguido por um amplo aparato de controle – modernizado tecnológica e legislativamente pelo próprio PT, com os policiais “robocops” e a Lei Antiterrorismo – e depois ainda tivemos os rolezinhos, as ocupações secundaristas e, mais tarde (durante a PEC do fim do mundo), universitárias, a Primavera Feminista, entre outros. Tudo legado de 2013.
IHU On-Line – Em que sentido Junho de 2013 se atualizou como potência criativa e em que sentido se atualizou como potência destrutiva?
Moysés Pinto Neto – Já destaquei a potencia criativa na resposta anterior, pois boa parte do ecossistema de lutas atuais ganhou sua configuração desde Junho. É verdade que a organização ainda tem seus dilemas e impasses e o processo autofágico desde então também foi muito duro. Aliada à hiperpolitização, a fragmentação hoje leva a um conjunto de lutas quase totalmente dispersas em pequenas células sem comunicação com as demais. As redes sociais ajudaram a atrapalhar a aliança, potencializando o narcisismo das pequenas diferenças. A utilização acrítica de uma tecnologia voltada para o fetiche da identidade e fortemente ególatra acabou fazendo com que a luta política fosse muitas vezes confundida com o mercado das curtidas.
Do ponto de vista destrutivo, acho que por volta de 2015 eu já dizia – em entrevista aqui [8] – que havia um risco de a desconstrução produzir uma certa compulsão autoritária, uma vontade de unificação forçada diante de um caos prolongado. Aparentemente, o crescimento da extrema direita está ligado a isso. Diante de tanta indeterminação, a demanda pela ordem imediata e vertical, a salvação falocêntrica e patriarcal sempre reaparece. E, diante disso, os líderes carismáticos – não por acaso estão liderando as pesquisas. Infelizmente, chegamos a esse momento sem que a desconstrução tenha conseguido ser performada de modo afirmativo, como dizia Jacques Derrida [9], produzindo uma transformação.
IHU On-Line –A greve dos caminhoneiros, com toda a sua complexidade, realizou o que Junho de 2013 não conseguiu, que era a vontade de parar o país? Por que um movimento foi compreendido como democrático e outro como vandalismo? Que subjetividades estão em jogo?
Moysés Pinto Neto – Mas Junho parou o país. E de modo ainda mais radical que a Greve dos Caminhoneiros: implicando subjetividades para além de uma solidariedade na indignação. Junho conseguiu produzir um entusiasmo inédito, uma espécie de pulsão de vida que chamava ao engajamento. A Greve dos Caminhoneiros, nesse sentido, tem algo em comum e algo bem distinto de 2013. Por um lado, carregou um sentido de indignação cidadanista capaz de evocar a solidariedade social. Conta muito para o grande público saber que não está sendo instrumentalizado, que sua pauta está diretamente implicada na vida das pessoas, e não atendendo o interesse de X ou Y. Esse lastro cidadanista foi amplamente vitorioso em 2013, quando os manifestantes convenceram a população de que a luta pelo transporte era uma luta material, vital e justa. Totalmente diferente, por exemplo, das manifestações contra o golpe, quando se tratava de – como diziam os próprios militantes – “defender um governo indefensável”. O tipo de percepção abstrata que envolve a luta pela institucionalidade ou pela esquerda é totalmente impossível de produzir contágio, embora nem por isso seja menos importante. Porém, quando estamos presos a isso, certamente vamos perder.
Por outro lado, também a luta dos caminhoneiros acabou engatada a um ecossistema de ideias de extrema direita, o que prejudicou o prolongamento da luta e o entusiasmo popular. Embora a maioria das pessoas tenha se solidarizado com os motoristas, apenas uma pequena parte estava sintonizada com o desejo de golpe (e não intervenção) militar. A greve, por isso, já estava marcada por um certo imaginário bem demarcado, fechado. Não importa se a maioria dos caminhoneiros era contrário ou favorável. Não é com enquetes quantitativas que se produz um discurso sobre um movimento. Houve um acoplamento entre a indignação dos trabalhadores e um arsenal ideológico reacionário e autoritário que acabou aos poucos se tornando intragável para a parte mais liberal da sociedade. Não se descarte, nesse sentido, quantos oportunistas não aproveitaram a situação para formar pequenas comunidades eleitorais, lançar ideias estapafúrdias e acumular organização. Ao contrário da esquerda, a extrema direita tem sido muito competente no tópico de mobilizar e organizar afetos, mesmo que sejam, na maioria dos casos, basicamente suicidas.
IHU On-Line – Para onde vai Junho de 2013? E para onde tem ido a esquerda partidária?
Moysés Pinto Neto – Essa é uma pergunta em aberto no mundo inteiro, pois não custa lembrar que 2013 foi parte de um ciclo mundial de lutas que começou em 2011, com seus antecedentes na década anterior. Não há debate mais aceso hoje no mundo que esse. Uma vez que – quase de ponta-a-ponta – a esquerda institucional perdeu legitimidade, pois está presa a esquemas (ideológicos e materiais) de que não pode se desprender, a grande questão que hoje percorre Brasil, Argentina, Chile, Espanha, EUA, Inglaterra, Síria (curdos), Egito, França, México – entre tantos outros – é exatamente: e o que fazer agora? As mobilizações não levaram à conquista do poder, e nem era seu objetivo. Mas o espaço acabou ocupado por forças ainda mais reacionárias que as que estavam no poder – ameaçando a própria integridade física dos militantes e da diversidade em geral. Aqueles que representam as forças sociais mais resistentes a qualquer mudança estão melhor organizados e obtiveram várias vitórias consecutivas (Brexit, Trump etc.), embora agora todos estejam mais atentos a isso, enquanto antes não se os levava a sério.
Experimentos por todo mundo estão em andamento. Alguns falam de populismo, outros da volta da esquerda radical ou do comunismo. Outros, de municipalismo, cidadanismo. Outros ainda da combinação entre eles. É um terreno fértil no qual tenho pesquisado nos últimos meses e, sinceramente, não tenho resposta. Gosto do que Alana Moraes [10] escreveu ao rechaçar o populismo de esquerda e dizer que “muito desse caminho tem a ver com uma política no feminino: distribuída ao invés de centralizada, que leve a sério as paixões que mobilizam no cotidiano, tempo livre, afetos, cooperação, cuidados compartilhados, prazer; que seja forte, mas não autoritária. Uma política de cozinha, de aldeia, de ocupação, de festa, de liberdade”. De alguma maneira, é preciso recuperar esse contato visceral, essa confusão constitutiva entre o que se luta e a própria vida, que são os elementos que produzem contágio popular. A alternativa populismo parece-me uma regressão falocêntrica, um voluntarismo infantilizante e uma política contra o múltiplo em prol da construção – sempre perigosíssima – do inimigo. Mas isso também não deve nos impedir em pensar em linhas de longo alcance, em um processo constituinte que aceite a positividade para além da revolta e que, contrariamente ao populismo, consiga produzir uma espécie de complexificação das questões: compartilhar a imagem de que os problemas não se resolvem apenas com vontade, mas com pensamento, com organização e com atividade.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Moysés Pinto Neto – 2013 produziu uma estética – entendida no sentido mais forte, de aithesis – nova. Não existe política fora de um campo de experiência e justamente vemos na era atual o fracasso das grandes totalizações intelectuais que organizariam a priori a realidade. Por outro lado, essa nova experiência precisa ainda forçar-se a lidar com a própria finitude, isto é: com a inexistência de respostas prontas (e portanto a necessidade de escuta) e a capacidade de errar (e portanto abdicar de fundamentalismos). Ainda estamos apenas começando essa experiência. Um primeiro momento (2014-2018) também foi emperrado por uma dogmática que viu na insurreição popular uma oportunidade de implementar seu receituário e, diante da indiferença com que foi recebido, caiu na melancolia. É preciso estar aberto a não julgar, é preciso que saiamos do nosso estado dogmático. Mas, para que possamos experimentar, é preciso também que tenhamos um laboratório adequado – e por isso hoje, num contexto em que a própria democracia está ameaçada –, é preciso ainda afirmar, afirmar para aprofundar e transformar a democracia em uma experiência mais completa.
Notas:
[1] Luiz Inácio Lula da Silva (1945): Trigésimo quinto presidente do Brasil, cargo que exerceu de 2003 a 1º de janeiro de 2011. É cofundador e presidente de honra do Partido dos Trabalhadores – PT. Em 1990, foi um dos fundadores e organizadores do Foro de São Paulo, que congrega parte dos movimentos políticos de esquerda da América Latina e do Caribe. Foi candidato a presidente cinco vezes: em 1989 (perdeu para Fernando Collor de Mello), em 1994 (perdeu para Fernando Henrique Cardoso) e em 1998 (novamente perdeu para Fernando Henrique Cardoso) e ganhou as eleições de 2002 (derrotando José Serra) e de 2006 (derrotando Geraldo Alckmin). Lula bateu um recorde histórico de popularidade durante seu mandato, conforme medido pelo Datafolha. Programas sociais como o Bolsa Família e Fome Zero são marcas de seu governo, programa este que teve seu reconhecimento por parte da Organização das Nações Unidas como um país que saiu do mapa da fome. Lula teve um papel de destaque na evolução recente das relações internacionais, incluindo o programa nuclear do Irã e do aquecimento global. É investigado na operação Lava Jato e foi denunciado em setembro de 2016 pelo Ministério Público Federal (MPF), apontado como recebedor de vantagens pagas pela empreiteira OAS em um tríplex do Guarujá. No dia 12 de julho de 2017, Lula foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro, em primeira instância, a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No dia 24 de janeiro de 2018, por unanimidade, os três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmaram a condenação de Lula, elevando a pena para 12 anos e um mês de prisão. No dia 7 de abril de 2018 Lula, após mandado de prisão expedido pelo judiciário, entregou-se à Polícia Federal, onde se mantém sob custódia na Superintendência do órgão em Curitiba. (Nota da IHU On-Line).
[2] Ciro Gomes (1957): político, advogado e professor universitário nascido em Pindamonhangaba (SP). Filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual é vice-presidente. Ocupou altos cargos políticos no país. Foi deputado estadual por duas legislaturas no Ceará, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco, durante a implantação do Plano Real, e ministro da Integração Nacional durante o projeto de transposição do rio São Francisco no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Seu último mandato político foi o de deputado federal entre 2007 e 2010. Radicado em Sobral, Ceará desde 1962, é formado em direito pela Universidade Federal do Ceará. No setor privado, também ocupou os cargos de presidente da Transnordestina S/A e foi um dos diretores da Companhia Siderúrgica Nacional. É pré-candidato à presidência da República para 2018. (Nota da IHU On-Line).
[3] Marina Silva (1958): política brasileira, ambientalista e pedagoga. Foi senadora pelo estado do Acre durante 16 anos. Foi ministra do Meio Ambiente no Governo Lula do seu início (1/1/2003) até 13 de maio de 2008. Foi candidata à presidência da República em 2010 pelo Partido Verde (PV), obtendo a terceira colocação entre nove candidatos. Também foi candidata à presidência em 2015 pelo PSB, depois da morte de Eduardo Campos. Marina era vice de Campos e acabou assumindo a chapa. Atualmente ela é pré-candidata à presidência da República. (Nota da IHU On-Line).
[4] Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (1952): é um médico e político brasileiro, filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB e atual governador de São Paulo, cargo que ocupa pela quarta vez. Em 2006 concorreu à presidência da República pelo PSDB, tendo sido derrotado nas urnas por Lula. Atualmente é pré-candidato à presidência da República. (Nota da IHU On-Line).
[5] Nancy Fraser (1947): filósofa feminista estadunidense ligada à Teoria Crítica. É titular da cátedra Henry A. and Louise Loeb de Ciências Políticas e Sociais da New School University, Estados Unidos. Para ela, o conceito de justiça deve ser entendido a partir de três dimensões inter-relacionadas, que seriam a distribuição (de recursos produtivos e de renda), o reconhecimento (das contribuições variadas dos diversos grupos sociais) e a representação (na linguagem e nos demais meios simbólicos). (Nota da IHU On-Line).
[6] João Dionisio Filgueira Barreto Amoêdo (1962): é um ex-executivo, engenheiro, administrador de empresas, ativista político e palestrante brasileiro. Foi um dos fundadores do Partido Novo, no qual foi o presidente até julho de 2017. Atualmente é pré-candidato à presidência da República (Nota da IHU On-Line).
[7] Jair Bolsonaro (1955): militar da reserva e deputado federal nascido em Campinas (SP). De orientação política de extrema direita, conservadora e nacionalista, cumpre sua sétima legislatura na Câmara Federal. Em janeiro de 2018, anunciou sua filiação ao Partido Social Liberal (PSL), o nono partido político de sua carreira. Foi o deputado mais votado do estado do Rio de Janeiro nas eleições gerais de 2014. Ficou conhecido pela luta contra os direitos LGBT, pela defesa da ditadura e da tortura. Seus embates contra os direitos humanos são constantes. Suas declarações controversas já lhe renderam cerca de 30 pedidos de cassação e três condenações judiciais, desde que foi eleito deputado em 1989. Documentos produzidos pelo Exército Brasileiro na década de 1980 mostram que os superiores de Bolsonaro o avaliaram como dono de uma "excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente". Segundo o superior de Bolsonaro na época, o coronel Carlos Alfredo Pellegrino, "[Bolsonaro] tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos". É notório o seu machismo, como evidenciam as agressões e ofensas direcionadas a suas colegas parlamentares. Seu desrespeito à condição feminina não poupou nem a filha. Em abril de 2017, em um discurso no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, Bolsonaro fez uma menção à caçula, então com seis 6 anos: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher". Em uma entrevista para a revista Playboy, em junho de 2011, sua agressividade dirigiu-se aos gays: "Seria incapaz de amar um filho homossexual". Ainda disse preferir que um filho "morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí". Em abril de 2017, durante um discurso no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, afirmou que acabará com todas as terras indígenas e comunidades quilombolas do Brasil caso seja eleito presidente em 2018. Também disse que terminará com o financiamento público para ONGs: "Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou pra quilombola". Atualmente é pré-candidato à presidência da República. (Nota da IHU On-Line).
[8] A entrevista em questão é intitulada Crise política e a desconstrução do país, publicada nas Notícias do Dia, de 23-09-2015, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU (Nota da IHU On-Line).
[9] Jacques Derrida (1930-2004): filósofo francês, criador do método chamado desconstrução. Seu trabalho é associado, com frequência, ao pós-estruturalismo e ao pós-modernismo. Entre as principais influências de Derrida encontram-se Sigmund Freud e Martin Heidegger. Entre sua extensa produção, figuram os livros Gramatologia (São Paulo: Perspectiva), A farmácia de Platão (São Paulo: Iluminuras), O animal que logo sou (São Paulo: Unesp), Papel-máquina (São Paulo: Estação Liberdade) e Força de lei (São Paulo: WMF Martins Fontes). É dedicada a Derrida a editoria Memória, da IHU On-Line nº 119, de 18-10-2004. (Nota da IHU On-Line).
[10] Alana Moraes: antropóloga, doutoranda no Museu Nacional-UFRJ. É coorganizadora dos livros Junho: potência das ruas e das redes (F. Ebert, 2014) e Cartografias da emergência: novas lutas no Brasil (F. Ebert, 2015). Pesquisa novas formas de politização no Brasil a partir da experiência das ocupações urbanas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST na periferia de São Paulo. Estuda os cruzamentos entre política, gênero e classe e epistemologia feminista. É parte do cursinho popular Dandara na ocupação povo sem medo do Capão Redondo e da rede de pesquisa-luta Urucum. (Nota da IHU On-Line).
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O interminável Junho de 2013. Entrevista especial com Moysés Pinto Neto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU