Por: Cesar Sanson | 19 Agosto 2014
O PSB está preparando uma espécie de “inventário” de campanha para entregar à possível candidata à Presidência Marina Silva. A ideia do presidente do partido, Roberto Amaral, é mostrar a Marina os acordos firmados pelo candidato Eduardo Campos e o andamento até mesmo das finanças da campanha para conhecimento da eventual candidata.
A reportagem é de Tatiana Farah, Germano Oliveira e Alexandre Rodrigues e publicada pelo portal do jornal O Globo, 18-08-2014.
Os socialistas querem entregar esse documento até quarta-feira, data prevista para que Marina confirme a candidatura. O documento está sendo elaborado pela deputada Luiza Erundina (SP) e pela senadora Lídice da Mata (BA).
— É uma espécie de inventário dos compromissos assumidos por Eduardo com os eleitores, com os outros partidos e com os próprios candidatos do PSB. É para que ela tenha conhecimento do que está acontecendo. Vamos relatar, inclusive, o quadro financeiro — disse um dirigente nacional da legenda.
Segundo esse dirigente do PSB, Marina terá que concordar em pagar as despesas de campanha dos partidos que compõem a aliança, entre eles PSL, PHS, PRP e PPL.
Marina terá também que assumir os acordos fechados por Eduardo Campos nos estados.
— Ela vai ter que mudar o comportamento. Antes da morte de Eduardo, ela vinha se recusando a tirar fotos com alguns candidatos do PSB nos Estados. Só aceitava tirar fotos com os candidatos ligados à Rede. Ela não suportava o Paulo Borhausen em Santa Catarina ou o Heráclito Fortes no Piauí, mas não dá para continuar assim, excluindo nossos aliados. Como ela pretende ir a Santa Catarina sem falar com o Paulinho? - pergunta o líder do PSB.
Outro nome que Marina rejeita, segundo essa fonte, é Vanderlan Cardoso, candidato a governador do PSB em Goiás.
— Ela não gosta do Vanderlan porque ele é ligado ao agronegócio. No fundo, ela só gosta da Luiza Erundina e do Maurício Rands. O resto, como o Rodrigo Rollemberg e o Beto Albuquerque ela tolera. Então, a carta compromisso dela é muito mais voltada para os compromissos internos do que externos— disse o dirigente do PSB.
Para políticos ligados à Marina, no entanto, essas críticas não procedem.
— É tudo intriga. Marina vai manter todos os compromissos articulados pelo Eduardo —disse Walter Feldmann, muito ligado à ex-senadora. Feldmann disse que Marina ainda não tem detalhes da estrutura da campanha, como gastos, porque o PSB ainda não decidiu se ela será a candidata.
— Ainda não temos a candidatura de Marina, mas certamente o legado do Eduardo Campos será respeitado e faremos tudo o que ele tinha amarrado —explicou Feldmann.
Isso não significa, porém, que Marina seja obrigada a subir em alguns palanques nos Estados, como em São Paulo e no Rio.
— Marina já havia acertado com Eduardo que não concordava com alguns palanques, como o de Alckmin em São Paulo e o de Romário no Rio. O PSB continuará com esses palanques, mas Marina não. Se não fica a história do antes não podia e agora pode — disse.
Outro ponto que os pessebistas querem que Marina aceite é a divisão do tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita. Marina terá metade do tempo e a outra metade será para o candidato a vice do PSB.
Enquanto a cúpula do PSB elabora o documento, o partido tenta elencar possíveis nomes para a vaga do candidato à vice-presidência. Renata, viúva de Eduardo Campos, deverá ser consultado. O nome indicado por ela, segundo os socialistas, terá peso na escolha do partido. Entre os nomes cotados, estão o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque e do ex-ministro Fernando Bezerra, nome confiança de Eduardo em Pernambuco.
Uma preocupação que os socialistas têm em relação a Marina é quanto às alianças estaduais. Abrigada no PSB, depois que seu partido, a Rede, não foi oficializado, Marina endossou até o momento poucas candidaturas, como na Bahia, Amazonas, Pernambuco e Paraíba.
— Oitenta por cento dos estados tem coligação com o que ela não concorda. Ela precisa saber dos acordos que passaram por Eduardo Campos, como em São Paulo, Paraná, Alagoas, Santa Catarina e Pará — disse o mesmo dirigente.
Um dirigente regional que acompanha as negociações dentro do PSB nacional afirmou que o partido também tem sinalizado a Marina que vai fazer concessões à possível candidata a presidente, mas que não foram discutidas quais essas concessões. Os socialistas, entanto, já decidiram que não abrem mão de fazer com que Marina aceite participar de material de campanha de candidatos que ela não aprovou, como o governador Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, ou do senador Lindbergh Farias (PT), no Rio.
—A imagem dela passa a ser um patrimônio da coligação— diz o dirigente regional.
O primeiro desenho desses pontos já foi levado a Marina por Roberto Amaral e Luiza Erundina, entre outros dirigentes.
‘Carta aos brasileiros’
Enquanto setores do PSB defendem que o inventário circule apenas no âmbito do partido, alas dos socialistas querem que seja uma espécie de “Carta aos Brasileiros”, nos moldes do documento divulgado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, quando concorreu às eleições presidenciais e venceu.
— Nossa ideia é a reafirmar o compromisso do partido com o povo brasileiro. É uma carta do PSB, que deverá ser endossada pela Marina, caso seja candidata. O documento vai reafirmar todos os compromissos de campanha de Eduardo Campos — disse outra liderança nacional do partido.
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Documento do PSB vai impor a Marina manutenção de alianças de Campos nos estados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU