28 Agosto 2018
"Parece que o papa está dizendo que os pais devem responder de maneira apropriada à idade de seus filhos. E ele parece estar recomendando que eles considerem se informar em questões psicológicas, não para tentar a terapia de "conversão", mas para entender o que é a homossexualidade e a orientação sexual", escreve Francis DeBernardo, em artigo publicado por New Ways Ministry, 27-08-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Ao longo do papado de Francisco, podemos reconhecer que suas visitas a outros países nunca acabam quando seu avião deixa a terra. Algumas de suas declarações mais importantes foram feitas durante as coletivas de imprensa que acontecem dentro do avião na viagem de volta a Roma. Sua visita à Irlanda não foi exceção.
No voo de volta para casa do Encontro Mundial das Famílias, o Papa Francisco conversou com jornalistas a bordo do avião, cobrindo uma variedade de tópicos, embora focando principalmente na crise de abusos sexuais. Ele fez sua primeira declaração pública sobre a carta do arcebispo Viganò, que fez acusações contra ele. O National Catholic Reporter registrou seus comentários:
"Questionado sobre a carta do arcebispo Carlo Maria Viganò em uma coletiva de imprensa a bordo do voo no dia 26 de agosto para Roma após uma visita de dois dias à Irlanda, Francisco aconselhou os jornalistas a 'lerem atentamente a declaração e fazerem seus próprios julgamentos'.
"Não vou dizer uma única palavra sobre isso", disse o papa sobre a carta. "Acho que essa afirmação fala por si mesma e vocês têm a capacidade jornalística suficiente para tirar conclusões."
"'Quando algum tempo passar e vocês tirarem suas conclusões, talvez eu fale', disse Francisco. 'Mas eu gostaria que a maturidade profissional de vocês cumprisse essa tarefa.'
O National Catholic Reporter também registrou seu conselho aos pais que descobrissem que têm uma criança gay ou lésbica.
"No final da coletiva de imprensa, Francisco foi perguntado que conselho daria a um pai ou mãe cujo filho ou filha diz à família que ele ou ela é gay.
"'Eu diria primeiro para orar', respondeu o papa. 'Não condene. Dialogue. Entenda. Dê espaço para o filho ou filha; faça espaço para que eles se expressem.'
"'Eu nunca diria que o silêncio é uma solução', continuou o papa. 'Ignorar um filho ou uma filha com tendências homossexuais é negligenciar a paternidade e a maternidade.'
"Sugerindo uma conversa que os pais poderiam ter com o filho, Francisco ofereceu: 'Você é meu filho. Você é minha filha, do jeito que você é. Eu sou seu pai ou sua mãe. Vamos conversar.' "
"Se você, mãe ou pai, não sabe como fazer isso, peça ajuda, mas sempre em diálogo", aconselhou.
"Essa criança tem direito a uma família", disse ele. "Não os afaste da família.'"
O conselho do papa é semelhante ao conselho que está sendo dirigido aos líderes da igreja e ao ministro pastoral que se encontra pessoas LGBT: Escute. Não rompa o relacionamento. Continue a amar. Permita que a pessoa fale. Sua alusão às "tendências homossexuais" para descrever uma pessoa com orientação gay ou lésbica é uma alusão comumente usada por alguns líderes da igreja. Infelizmente, não é a maneira que a maioria das pessoas lésbicas e gays se referem a si mesmas. E ainda mais problemático, o termo parece implicar que a homossexualidade é sobre comportamento e ações, não sobre o modo constitucional como alguém foi criado por Deus para se relacionar com outras pessoas e para expressar e receber amor.
Outro relatório, na página do Padre James Martin no Facebook, acrescentou a seguinte citação dos comentários do papa sobre crianças homossexuais:
"Então, com que idade essa preocupação ('inquietude') da criança se expressa? Veja bem: uma coisa é quando se mostra em uma criança. Existem muitas coisas que alguém pode fazer com a psiquiatria, a fim de entender as coisas. Outra coisa é quando se mostra depois dos 20 anos de idade. "
Até onde eu posso entender esta citação, parece que o papa está dizendo que os pais devem responder de maneira apropriada à idade de seus filhos. E ele parece estar recomendando que eles considerem se informar em questões psicológicas, não para tentar a terapia de "conversão", mas para entender o que é a homossexualidade e a orientação sexual. É bom que um líder da igreja reconheça e recomende buscar conselhos das ciências, e não confiar apenas em equívocos e mitos e suposições comuns.
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De volta a Roma, Papa Francisco dá conselhos aos pais de homossexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU