07 Abril 2017
Georg Gänswein, entrevistado pela TV italiana, nega as últimas alegações sobre a renúncia: “Foi uma decisão livre. As coisas que foram lidas recentemente foram inventadas.” Os dois papas? “O papa é um só. Ratzinger foi papa e renunciou.”
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 05-04-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Aproxima-se o dia do 90º aniversário de Bento XVI, e Dom Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia e seu secretário particular, desmente todos os rumores e as recentes entrevistas sobre a suposta pressão para que Joseph Ratzinger renunciasse. Gänswein concedeu uma entrevista ao programa Matrix, transmitido à noite no Canale 5, nessa quarta-feira, 5 de abril.
Respondendo às perguntas do vaticanista Fabio Marchese Ragona, o secretário do papa emérito aborda o assunto dos rumores sobre a suposta pressão do governo estadunidense durante a presidência de Barack Obama para levar o Papa Bento XVI à renúncia. Boatos e complôs recentemente relançados em alguns artigos e entrevistas, a partir nos quais o Papa Ratzinger acabava parecendo fraco.
“Não é nada verdade, é inventado, é uma afirmação sem fundamento”, disse Dom Georg. “Eu também falei com o Papa Bento depois dessa entrevista e desses rumores. Ele disse que não é verdade. A renúncia foi uma decisão livre, bem pensada, bem refletida e também bem rezada. Essas coisas que foram lidas recentemente foram inventadas e não são verdadeiras. O Papa Bento não é uma pessoa que cede a pressões. Muito pelo contrário. Quando houve desafios e quando se teve que defender tanto a doutrina quanto o povo de Deus, foi justamente ele que se comportou de modo exemplar: não fugiu quando chegou o lobo, mas resistiu, e isso nunca seria motivo para deixar o pontificado e renunciar.”
Na entrevista, Gänswein também fala da relação entre Francisco e o seu antecessor: “São relações muito cordiais, muito boas, há visitas, eles se falam, se escutam. É claro: o Papa Francisco é o sucessor de Pedro. O Papa Bento foi papa, renunciou e se retirou para rezar. Rezar significa ajudar o seu sucessor e a Igreja, porque a Igreja não é governada apenas com as palavras e as decisões, mas também com a oração e com o sofrimento. E é isso que ele faz agora. Não há nenhum mal-entendido. Se houve interpretações diferentes, às vezes até um pouco maliciosas, é a vida, é o mundo e também a Igreja. Eu não vejo nenhuma confusão. Às vezes, vejo alguma nostalgia e alguns mal-entendidos. Mas eu não percebo uma confusão sobre os papéis, sobre quem é o papa”.
O secretário particular de Bento XVI também respondeu a uma pergunta sobre o “lobby gay” no Vaticano. “O lobby gay... eu não acho que haja um lobby de poder”, disse ele. “Tentou-se remediar e dar a resposta necessária.” Mas “foi exagerada a importância desse grupo, foi dada uma resposta e uma solução no momento oportuno. Falar de lobby de poder não só é exagerado, mas também 100 vezes exagerado!”.
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"São falsos os rumores sobre a pressão para que Bento XVI renunciasse" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU