27 Março 2025
O padre criticou as deportações em massa e o fechamento de programas humanitários, pedindo aos católicos que defendam os migrantes com justiça e compaixão.
A reportagem é publicada por Página|12, 27-03-2025.
O cardeal Robert McElroy, recentemente nomeado pelo Papa Francisco como arcebispo de Washington, DC, fez sua primeira aparição pública desde que assumiu o cargo em uma conferência sobre a relação entre catolicismo e migração. Durante o evento, ele manifestou seu repúdio à política migratória norte-americana promovida pelo governo do presidente Donald Trump, bem como à redução de verbas destinadas à ajuda humanitária.
Durante o evento, intitulado "Ensino social católico e trabalho com migrantes e refugiados em tempos incertos", organizado pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) dos EUA e pelo Centro de Estudos Migratórios de Nova York, McElroy enfatizou a necessidade de abordar a migração com princípios de justiça e compaixão.
"A mensagem de Jesus é clara e duradoura: devemos estar atentos ao sofrimento ao nosso redor, reconhecê-lo e responder com ação", declarou o arcebispo, que alertou que a indiferença às dificuldades dos outros fomenta a desigualdade e a dor, algo que ele definiu como "o ladrão que vive dentro de cada um de nós".
Em seu discurso, o cardeal também questionou a decisão de suspender a assistência estrangeira a programas humanitários por meio do fechamento da USAID, chamando-a de "inaceitável de qualquer perspectiva católica". Ele também condenou as deportações em massa, alertando que elas geram "medo e desenraizamento" nas comunidades migrantes que se enraizaram nos Estados Unidos há anos.
McElroy pediu aos católicos que se solidarizem com os imigrantes, não apenas defendendo-os, mas apoiando-os ativamente. Embora reconhecendo a importância da segurança nas fronteiras, ele insistiu que esta deve ser acompanhada por políticas de asilo e refúgio baseadas na dignidade humana. "Como sociedade, enfrentamos uma decisão fundamental (...) e o caminho da perseguição e da expulsão em massa não pode ser seguido em consciência por aqueles que se dizem discípulos de Jesus Cristo", concluiu o jesuíta.