Quase 850 mil afetados pelas chuvas no RS

Sobrevoo sobre Porto Alegre | Foto: Ricardo Stuckert/PR

06 Mai 2024

Pelo menos 341 dos 497 municípios gaúchos sofrem alguma consequência dos temporais que atingem a região desde o início da semana. Governador diz que será necessário "Plano Marshall" para reconstruir o estado.

As informações são publicadas por Deutsche Welle, 06-05-2024.

As fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul já afetaram mais de 844 mil pessoas, de acordo com boletim divulgado às 18h deste domingo (05/05) pela Defesa Civil do estado. Pelo menos 341 dos 497 municípios gaúchos já sofreram alguma consequência dos temporais, que atingem a região desde o início da semana.

A Defesa Civil confirmou 78 mortes, sendo que quatro óbitos estão em investigação para verificação se, de fato, têm relação com a tragédia. Neste sábado, o órgão passou a divulgar as mortes confirmadas em decorrência dos temporais e as em investigação para determinação da causa. Há ainda 175 feridos e 105 desaparecidos.

Em todo o estado, há mais de 115 mil desalojados, que se encontram na casa de parentes ou amigos, e 18,4 mil estão em abrigos.

Pelo menos 421 mil pontos estão sem energia elétrica. O número de domicílios sem abastecimento de água caiu de mais de 1 milhão, na noite de sábado, para pouco mais de 839 mil, segundo a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).

Os municípios também estão com dificuldade de acesso a telefonia e dados móveis. De acordo com as operadoras, 46 cidades estão sem serviços da TIM, 45 sem os serviços da Vivo e 24 municípios não conseguem acesso pela Claro.

Estradas também foram danificadas em todo o estado – segundo os dados mais recentes, eram 113 trechos, e em 61 estradas havia parciais ou totais. Em Porto Alegre, rodoviária e aeroporto estão interditados.

"Próximos dias serão ainda muito difíceis"

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse neste sábado que a tendência é que as estatísticas da tragédia se agravem na medida em que o socorro consiga chegar a regiões de acesso mais difícil.

Ele alertou que os próximos dias "serão ainda muito difíceis" para os habitantes locais e que a reconstrução do estado vai precisar de um "Plano Marshall", se referindo ao plano dos Estados Unidos para financiamento à reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra.

Neste domingo, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Leite comparou a situação do estado à de um "cenário de guerra".

O presidente esteve novamente no Rio Grande do Sul para acompanhar os trabalhos do governo federal na prestação de assistência humanitária aos atingidos pelas chuvas.

Ele sobrevoou Porto Alegre ao lado de Leite e dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Lula desembarcou pela manhã na capital gaúcha com uma comitiva de 18 autoridades, incluindo o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Nísia Trindade (Saúde) e Marina Silva (Meio Ambiente).

Falando a jornalistas, o presidente afirmou que não haverá "impedimento da burocracia" para recuperar o estado. Representantes do Congresso, do STF e do governo gaúcho defenderam a flexibilização das regras de gastos do governo para agilizar a prestação de ajuda.

Antes, nas redes sociais, Lula já havia prometido que não faltariam recursos federais ao Rio Grande do Sul, que enfrenta o que autoridades vêm chamando de pior desastre climático da história do estado.

"O governo federal está em diálogo permanente com o governo do Rio Grande do Sul e com as prefeituras para apoiar a região no que for necessário. Não mediremos esforços para ajudar os municípios que sofrem com as chuvas e salvar vidas", escreveu Lula.

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