Por: João Vitor Santos e Gabriel Vilardi | 27 Fevereiro 2024
Em janeiro de 2023 o mundo ficou estarrecido com o flagelo sofrido pelo povo Yanomami em Roraima. Fruto de anos de desmontes de políticas públicas e da desnutrição de postos de assistência e acompanhamento desta comunidade, os indígenas ficaram à mercê do garimpo ilegal. Esta atividade avançou sobre suas terras destruindo as formas originárias de vida, matando rios e dizimando os Yanomami. Na época, o governo recém-empossado anunciou uma gigantesca operação, destruindo máquinas e afastando os garimpeiros.
Um ano depois, os Yanomami ainda vivem sob grave ameaça. Mesmo com intervenção federal direta no território, o número de mortes cresceu, caracterizando, segundo as próprias lideranças indígenas, um verdadeiro genocídio.
Em 2023, conforme os números do Ministério da Saúde, morreram 363 indígenas. O número representa aumento de 20 óbitos em relação à já escandalosa cifra de 2022.
O levantamento é um dos índices que revelam que a situação no território ainda é extremamente delicada, mesmo depois da decretação de emergência em saúde pública, feita pelo presidente Lula em janeiro do ano passado. Isso porque, além das mortes, os Yanomami seguem em situações precárias de desnutrição devido a impossibilidade de retirarem das floresta e da águas alimentos saudáveis, como faziam há gerações, e o retorno dos garimpeiros à Terra Yanomami e voltaram a ter de conviver com os garimpeiros.
TI Yanomami ainda no abandono ▶️Guerrilha no meio da floresta e a urgente necessidade de ações concretas - Folha BV https://t.co/IMiUBWu1oW
— Bruce Albert (@Bruce_Albert) February 20, 2024
Com uma FUNAI fragilizada, praticamente sem recursos humanos e financeiros suficientes e com os agentes do Ibama em greve, reivindicando a recomposição salarial em razão das perdas dos últimos anos, o cenário é desolador.
Os recentes anúncios do governo federal como relação aos dados da semana passada não são muito animadores. Há evidente falta de mobilização e interesse efetivo das Forças Armadas no combate ao garimpo e na proteção dos povos indígenas. Isso remonta às posições assumidas desde a ditadura militar e recuperadas no governo anterior. A Amazônia continua sendo vista como mera fonte de recursos econômicos e os povos originários como entraves a serem eliminados em busca do propalado “progresso”.
O Instituto Humanitas Unisinos – IHU acompanha de perto a crise humanitária do povo Yanomami com artigos e notícias publicados diariamente na seção Notícias do Dia, em seu site.
E, agora, diante desse flagelo que segue, o IHU amplia as discussões promovendo o debate, no formato de live, intitulado Ya temí xoa. Genocídio e resistência Yanomami. O encontro reunirá pesquisadores e lideranças indígenas, na próxima quarta-feira, 28-02, às 10h. A atividade é gratuita e tem transmissão ao vivo pelos canais do IHU nas redes sociais.
Entre os convidados confirmados está a missionária queniana Mary Agnes. Religiosa cristã das Missionárias da Consolata, vive há mais de 20 anos no território Yanomami.
Irmã Mary (Foto: acervo pessoal)
Também confirmou presença o advogado e integrante do povo Makuxi, Ivo Aureliano Makuxi.
Ivo Aureliano (Foto: acervo pessoal)
Completam o time de debatedores o missionário do Conselho Missionário Indigenista – CIMI, Roberto Liebgott.
Liebgott (Foto: Agência Brasil)
Confira também o artigo "Quanta vontade política existe para pôr fim à agonia do povo Yanomami?", de Artigo de Gabriel Vilardi.
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Genocídio Yanomami é tema de debate no IHU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU