07 Novembro 2023
"Estamos cansados de tanto medo. Estamos presos aqui no sul de Gaza, as bombas caem sem parar. As crianças estão ficando loucas. Não aguentamos mais." A irmã Nabila Saleh é diretora da Escola do Santo Rosário na cidade de Gaza, que foi gravemente danificada nos ataques de ontem. Felizmente, a instalação estava vazia. Mas as 100 crianças, as famílias, os doentes, os civis que se refugiaram nas paróquias próximas estão aterrorizados. Evacuar é impossível.
A entrevista é de Nello Del Gatto e Letizia Tortello, publicada por La Stampa, 05-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Como vocês estão?
Graças a Deus, estamos vivos. Mas depois de 29 dias de guerra, a situação é muito difícil. Estamos exaustos. Estamos com muito medo, principalmente os pequenos. Eles gritam, choram. Saímos da escola em 15 de outubro, porque aquela zona de Gaza é a mais atingida.
Onde vocês estão se escondendo agora?
Na paróquia da Sagrada Família e na Escola do Patriarcado Latino de Jerusalém. 90% dos que estão conosco perderam suas casas.
Quantos vocês são?
700 pessoas.
Ouvem as explosões?
Continuamente. Próximas. Ontem à noite não dormimos nem 5 minutos. Sem contar que também bombardearam à tarde, mas geralmente começam às 22h e continuam até de manhã. Todas as noites. É como um terremoto sob o chão. Imagine 700 pessoas fugindo das salas de aula para uma igreja que nem tem capacidade para 300. Dá para entender como passamos a noite, amontoados, empilhados. Nós nos abraçamos por medo.
Há sedes do Hamas perto de vocês?
Sim, existe um posto de militares do Hamas. Debaixo da rua, mesmo debaixo da igreja, porém, não sabemos. Não sabemos nada sobre o que tem sob Gaza, nos túneis.
Quantas pessoas estão no hospital próximo de Al-Quds?
Quase 13 mil. Todas as pessoas deslocadas de Gaza, que já não têm um teto sobre as suas cabeças, foram para lá. Estão bombardeio ao redor do hospital. Dói no coração ver tantas pessoas inocentes morrendo.
A escola sofreu muitos danos?
Sim. Recebeu estilhaços de um ataque. Contaram isso para a gente. Eu não consegui ir ver. É um bairro cheio de escolas, duas escolas públicas, três escolas da UNRWA, e é muito populoso. Os vigias também fugiram com as explosões. Antes abrigávamos 1250 alunos, do jardim de infância até o ensino médio. Muitos são muçulmanos. Dez morreram, e são apenas os que conhecemos. Outros dois ainda estão sob os escombros com seus respectivos pais.
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“700 na igreja, as pessoas estão presas no sul de Gaza. Mataram os nossos alunos, há cadáveres nas ruas”. Entrevista de Nabila Saleh - Instituto Humanitas Unisinos - IHU