22 Setembro 2023
O CAAD – Climate Action Against Disinformation é um grupo composto por organizações internacionais voltadas ao combate à desinformação na área de mudanças climáticas. O grupo, que tem entre seus participantes o Greenpeace e o Friends of the Earth, divulgou recentemente os resultados de um estudo que teve como objetivo chamar a atenção para a desinformação presente nas principais plataformas de mídia social e que concluiu que estas têm muita responsabilidade pela disseminação do negacionismo climático.
O comentário é de Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo – USP, professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
O estudo analisou as plataformas Meta, Pinterest, YouTube, TikTok e Twitter (agora chamado X) em relação às políticas de moderação de conteúdo e esforços para mitigar informações imprecisas, como o negacionismo climático, por exemplo. A metodologia adotada atribuiu pontos a cada plataforma ao avaliar essas políticas e esforços de cada uma delas – o número máximo de pontos possíveis era 21.
A pior classificada foi o X, por não atender a quase nenhum dos critérios adotados pela CAAD, que variavam desde a disponibilidade de informações claras e publicamente disponíveis sobre a ciência do clima, até ter políticas acerca das ações que a empresa toma contra a disseminação de desinformação – o antigo Twitter obteve apenas um ponto.
O estudo concluiu que a compra da empresa pelo magnata da tecnologia Elon Musk criou incerteza sobre quais políticas estão em vigor e quais não estão – ela recebeu seu único ponto por ter uma política de privacidade de fácil acesso e leitura.
O Twitter foi a única plataforma a não possuir um processo claro de denúncia de conteúdo prejudicial ou enganoso para revisão mais rigorosa.
As plataformas de tecnologia há muito são instadas para criar políticas eficazes de moderação de conteúdo, cuja necessidade ficou clara em função de eventos como a pandemia e as eleições presidenciais dos EUA de 2020, que resultaram na circulação generalizada de desinformação online.
Diante de críticas provenientes de diversas áreas e dos cortes de pessoal na indústria de tecnologia, muitas dessas empresas reduziram a prioridade dada à moderação de conteúdo e abriram espaço para possíveis surtos de desinformação em suas plataformas.
Embora as outras plataformas tenham se saído melhor, nenhuma se classificou especialmente bem na escala definida pelo estudo – o Pinterest obteve a maior pontuação, com 12 pontos.
Os problemas encontrados variaram desde a falta de definições claras do que constitui desinformação climática, falhas na aplicação de políticas existentes até a falta de provas de que as empresas aplicam essas políticas de forma igual em diferentes idiomas.
É mais um fato que deixa claro que empresas que detêm o poder de influenciar pessoas, organizações e até governos, devem ter suas operações supervisionadas cuidadosamente, sem que se caia na tentação de adotar censura pura e simples.
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Mudanças climáticas: Twitter não combate desinformação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU