23 Março 2023
“Livres para escolher se migrar ou ficar” é o tema do Dia do Migrante e do Refugiado de 24 de setembro próximo: o direito de permanecer vem primeiro, diz respeito à possibilidade de viver com dignidade e pede a corresponsabilidade internacional.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada por Avvenire, 22-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Livres para escolher se migrar ou ficar" é o tema escolhido pelo Papa Francisco para a Mensagem que enviará por ocasião do 109º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, a ser celebrado no domingo, 24 de setembro deste ano. Ontem o anúncio foi feito com um comunicado do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. A intenção é “promover uma renovada reflexão sobre um direito ainda não codificado em nível internacional: o direito de não ter que emigrar, isto é, o direito de poder permanecer na própria terra”.
No comunicado de imprensa, o dicastério observa que “a natureza forçada de muitos fluxos migratórios atuais obriga a uma consideração cuidadosa das causas das migrações contemporâneas". E ressalta que “o direito de permanecer vem primeiro, mais profundo e mais amplo do que o direito de emigrar". Ele, de fato, inclui “a possibilidade de participar do bem comum, o direito de viver com dignidade e o acesso ao desenvolvimento sustentável, todos direitos que deveriam ser efetivamente garantidos nos países de origem através de um exercício real de corresponsabilidade por parte da comunidade internacional".
E exatamente para favorecer uma adequada preparação para a celebração deste dia, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral anuncia que lançará “uma campanha de comunicação destinada a promover uma compreensão aprofundada do tema da Mensagem através de apoio multimídia, material informativo e reflexões teológicas”. Como recentemente mencionado pelo cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da CEI, a Igreja italiana nos últimos anos tem estado na linha da frente na ajuda aos migrantes "para partir" na esperança de um futuro melhor, mas também "para ficar" nos países de origem.
Isso também foi feito com a iniciativa que se aproxima do tema escolhido por Francisco para o próximo Dia Mundial. Em 2017, a Conferência Episcopal Italiana lançou a campanha "Livres para partir, livres para ficar". Graças à qual, em três anos, foram iniciados 130 projetos num total de mais de 27 milhões de euros. Foram 110 intervenções promovidas na Itália no valor cerca de 15 milhões (destes 29 são para associações, institutos religiosos e cooperativas e 81 para dioceses).
Sete projetos foram financiados nos países de trânsito – Marrocos, Albânia, Argélia, Níger, Tunísia e Turquia – num montante superior a 4 milhões, enquanto Mali, Nigéria, Costa do Marfim, Senegal, Gâmbia, Guiné são os países de origem dos fluxos migratórios nos quais foram lançadas 13 iniciativas num orçamento total de 8,3 milhões de euros. Em 2020, ao final da campanha, o cardeal Gualtiero Bassetti, então presidente da CEI, destacou como essa extraordinária iniciativa da Igreja italiana tenha “promovido um desenvolvimento humano integral, para todos os homens e o homem todo, em nível familiar e comunitário”, permitindo também “experimentar novas vias de atuação, favorecer uma maior consciência do drama das migrações, realizar iniciativas concretas em vários setores, como a educação, a formação profissional, a inserção no trabalho, a proteção dos menores".
Foi um longo percurso de partilha de histórias e iniciativas que tentaram lançar um olhar e oferecer a ajuda possível sobre o vasto fenômeno das migrações, que desde sempre afeta a bacia do Mediterrâneo, mas que agora se tornou um fenômeno planetário, com milhões de pessoas em todo o mundo em busca de uma vida melhor.
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Francisco: vamos dar aos migrantes o direito de escolher se querem ficar em sua própria terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU