20 Mai 2022
“O sistema energético global está quebrado”, aproximando a humanidade de uma catástrofe climática, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, depois de apresentar, na quarta-feira, 18, o documento Estado do Clima, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O relatório, disse, mostra a “triste repetição do fracasso humano em combater os problemas climáticos”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O documento informa que os gases de efeito estufa alcançaram um volume recorde em 2020. A concentração de dióxido de carbono, o CO2, atingiu 413,2 partes por milhão, um aumento de 149% em relação à era pré-industrial. Uma consequência, os últimos sete anos têm sido os mais quentes já registrados. “O calor emitido pelos gases aquecerá o planeta pelas gerações futuras”, alertou o diretor da OMM, Petteri Taalas.
O ano passado registrou “recordes alarmantes” em várias frentes: aumento do nível do mar, aquecimento dos oceanos, concentração de gases de efeito estufa e acidificação dos oceanos.
Os novos dados climáticos da OMM indicam que há a probabilidade de 50% de que a temperatura média anual do planeta supere transitoriamente em 1,5ºC os níveis pré-industriais nos próximos cinco anos. As chances de a elevação da temperatura global ultrapassar aquela marca aumentou de forma constante desde 2015.
Assim, há uma chance de 93% de pelo menos um ano até 2026 ultrapassar as temperaturas registradas em 2016, o mais quente já registrado. Taalas explicou que o índice de 1,5ºC não é uma “estatística aleatória”, mas um indicador de que os impactos climáticos, se ultrapassado, se tornarão cada vez mais prejudiciais para a humanidade.
Guterres acredita, no entanto, que ainda dá tempo para mudar a situação. Mas, admoestou, para isso “o mundo precisa agir ainda nesta década e manter a meta de 1,5ºC” como ponto máximo da temperatura média global acima dos níveis pré-industriais.
O portal The Nature Conservancy também vê saídas para essa situação. Para combater mudanças climáticas, destacou é preciso recorrer às ações efetivas praticadas por Povos Indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
“Essas comunidades são alguns dos mais importantes protetores do carbono vivo, já que as áreas manejadas por elas têm taxas de desmatamento muito menores do que áreas protegidas pelos governos. Terras indígenas abrigam 80% da biodiversidade remanescente no mundo e 17% do carbono florestal do planeta”, informou o portal.
Para tanto, governos “precisam reconhecer formalmente” direitos dessas comunidades à terra, e o uso de recursos, e os financiamentos para ação climáticas “devem incluir ações de apoio às comunidades”, defende o The Natur.
Justamente o oposto do que acontece no Brasil com as comunidades quilombolas, tradicionais e de povos indígenas invadidas por mineradoras, garimpeiros, madeireiras com a conivência do governo.
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Situação climática mostra o fracasso humano em preservar a Terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU