27 Setembro 2021
A produção, distribuição e consumo de alimentos no planeta têm gerado três paradoxos, afirma o Secretário-Geral das Nações Unidas, Antônio Guterres. Apesar de um terço da produção mundial de alimentos acabar no lixo todos os anos, 462 milhões de pessoas não têm nada à mesa (as estatísticas da ONU indicam o número sob a voz eufemística "pessoas abaixo do peso"). Dois bilhões de homens e mulheres, por outro lado, chegam à obesidade (condição patológica). Além disso, novamente apesar da grande capacidade de produção de alimentos, três bilhões de habitantes do planeta comem alimentos de má qualidade (condição que favorece obesidade, doenças e atrasos cognitivos).
A reportagem é de Chiara Graziani, publicada por L'Osservatore Romano, 24-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O alimento, portanto, é abundante, pouco acessível aos pobres e, ao mesmo tempo, nem sempre garante a saúde do comprador médio a quem se destina. Guterres, na cúpula de alimentos à margem da assembleia das Nações Unidas, indicou um caminho de três etapas. A primeira envolve a disposição de empresas e governos em garantir o acesso a alimentos saudáveis. Um empenho árduo, visto que atinge todo o espectro da crise atual (da poluição, às mudanças climáticas, ao modelo de produção).
A segunda etapa, para Guterres, começa com "um sistema alimentar que protege o planeta". O Secretário-Geral, assim, recordou a já citada necessidade de rever o sistema de produção agrícola e de criação intensiva, adequado para a superprodução, mas não para o meio ambiente. Por fim, a terceira etapa refere-se, não acaso, à cadeia produtiva “capaz de sustentar a prosperidade, não só das empresas, mas dos agricultores e trabalhadores do setor alimentício”. A cadeia alimentar, portanto, é talvez a primeira cadeia de abastecimento entre aqueles mais observadas nesta crise, que necessita de intervenções profundas no interesse de todos.
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“A cadeia alimentar gera injustiças”, constata Antônio Guterres, secretário-geral da ONU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU