27 Outubro 2021
Nesse ritmo, a temperatura média da Terra no final do século irá aumentar 2,7 graus centígrados, mais do que 1,5 estabelecidos pelos Acordos de Paris. A amarga observação está contida no mais recente e fundamental relatório Emission Gap, elaborado anualmente pelo PNUMA, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
A reportagem é de Luca Fraioli, publicada por La Repubblica, 26-10-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Esta última edição chega poucos dias antes do início da COP26 em Glasgow e será o documento fundamental a partir do qual se iniciarão as negociações das delegações presentes na cidade escocesa. O Emission Gap Report, de fato, registra os empenhos assumidos pelas várias nações em termos de cortes nas emissões de gases de efeito estufa (a sigla é Ndc e significa Nationally determinated contributions) e comunicados à ONU. Bem, o PNUMA relata que os Ndc que chegaram nas últimas semanas (e também outros empenhos anunciados, mas não formalizados) aumentam os cortes de CO2 até 2030 em mais 7,5% em relação aos cálculos do relatório anterior. Mas ainda estamos dramaticamente longe da redução de 55% necessária para manter o aumento da temperatura em 1,5 grau. E também longe dos 30% que permitiriam ficar pelo menos abaixo de 2 graus centígrados, o Plano B dos Acordos de Paris.
“Para ter uma chance de não ultrapassar 1,5 grau, nos sobram oito anos em que teremos que praticamente reduzir quase pela metade as emissões de gases de efeito estufa: oito anos para fazer os projetos, traduzi-los em políticas, implementar essas políticas e finalmente conseguir concretamente os cortes”, escreve Inge Andersen, diretora executiva do PNUMA.
Mas onde estamos hoje? O Emission Gap Report atualiza a situação em 30 de setembro passado: 120 países, que representam cerca de metade das emissões globais, comunicaram seus Ndc atualizados. Três nações membros do G20 anunciaram outras medidas de mitigação a serem implementadas até 2030. Mas os cortes anunciados, conforme mencionado, estão bem abaixo das 28 gigatoneladas de CO2 equivalente que deveriam ser eliminadas a cada ano para permanecer em 1,5 grau: com os cortes atuais em 2100, a temperatura da Terra terá subido em 2,7 graus.
Uma pequena esperança vem de promessas de longo prazo: 49 nações, mais toda a União Europeia, se comprometeram a atingir a neutralidade de carbono (ou seja, tanto CO2 emitido quanto absorvido) em 2050. Mas apenas 11 países formalizaram em uma lei tal promessa. O PNUMA, em seu relatório, aponta que esses empenhos são "vagos, ambíguos e frequentemente inconsistentes com os Ndc comunicados para 2030". Mas se quisermos acreditar nas promessas dos governos, a neutralidade de carbono em 2050 reduziria o aquecimento em 0,5 grau, passando de 2,7 para 2,2 graus.
Uma temperatura ainda muito elevada para evitar que a febre do planeta se traduza em desastres para quem o habita.
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“Esqueçam os +1,5°C: a este ritmo vamos direto para os +2,7°C”, afirma Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU