08 Outubro 2021
Segundo o estudo, o país teria emitido 112,9 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2). Mais de 85% desse volume está associado à derrubada de florestas (96,9 GtCO2).
A reportagem é de Cínthia Leone, publicada por ClimaInfo, 07-10-2021.
O conceito de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” em relação à crise do clima sempre foi importante nos debates na ONU e é um componente central das estratégias de negociação climática do Itamaraty. A concepção indica que embora todos os países tenham que agir para conter uma catástrofe climática iminente, alguns Estados têm muito mais responsabilidade do que outros – são exatamente as emissões históricas que fazem o contrapeso.
O uso dessa concepção pelo Brasil para se colocar ao lado dos países mais pobres e com “menos culpa” está em vias de sofrer um duro golpe que merece toda a atenção da imprensa.
Um levantamento do Carbon Brief calculou o volume de emissões de dióxido de carbono por diversos países entre 1850 e 2020 e descobriu que o Brasil foi o quarto maior emissor do planeta nos últimos 170 anos. A conta inclui o carbono liberado por atividades como desmatamento, mudança de uso da terra e produção de cimento, além das emissões associadas à queima de combustíveis fósseis.
Nos dias atuais, o Brasil já é considerado o sexto maior emissor global de gases de efeito estufa. Por não ter se industrializado nos mesmo níveis e na mesma época dos países mais ricos, os holofotes sobre as emissões históricas sempre negligenciaram as peculiaridades da poluição brasileira, muito mais ligada à mudança de uso do solo do que à energia fóssil.
Segundo o estudo, o país teria emitido 112,9 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2). Mais de 85% desse volume está associado à derrubada de florestas (96,9 GtCO2).
Dos 20 países que mais emitiram carbono no período, o Brasil é quem lidera a lista na categoria desmatamento e mudança de uso da terra, seguido de perto pelos EUA (89,1 GtCO2) e Indonésia (87,9 GtCO2).
Em termos gerais, os EUA lideram o pelotão de países com mais emissões históricas, liberando mais de 509 GtCO2 desde 1850, o equivalente a 20,3% do total do planeta. Logo atrás, vem a China, com 284,4 GtCO2 (11,4%), e a Rússia, com 172,5 GtCO2 (6,9%). O Brasil, 4º lugar nessa lista, representou 4,5% de todas as emissões de carbono do período em todo o mundo.
No total, os seres humanos bombearam cerca de 2.500 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2) para a atmosfera desde 1850, deixando menos de 500 GtCO2 do orçamento restante de carbono para ficar abaixo de 1,5ºC de aquecimento.
O autor principal do estudo, Simon Evans, explica que a história importa porque a quantidade acumulada de dióxido de carbono (CO2) emitida desde meados do século 19 está intimamente ligada ao 1,2ºC de aquecimento que já ocorreu.
O ranking dos top 8 é:
(1) EUA – 20%
(2) China – 11%
(3) Rússia – 7%
(4) Brasil – 5%
(5) Indonésia – 4%
(6) Alemanha – 4%
(7) Índia – 4%
(8) Reino Unido – 3%
Para acessar o levantamento do Carbon Brief, clique aqui.
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Brasil é o 4º emissor histórico de CO2 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU